Uma nova forma de consumir carne

Autor: Igor Carvalho Horbach – Estagiário de Jornalismo CNU

Atualmente, o Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, enviando para mais de 150 países ao redor do globo. Só em 2018, o país exportou 1,4 milhão de toneladas, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC).

O Brasil também é um grande consumidor de carne bovina. Segundo um relatório da Consultoria Agro do banco Itaú BBA de 2022, de 7,9 milhões de toneladas de carne bovina produzidas, cerca de 5,2 milhões foram consumidas internamente, enquanto as outras 2,85 milhões foram exportadas. O país, no mesmo ano, através da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ocupou o 3º lugar no ranking de países que mais consome carne no mundo, atrás apenas da Argentina e dos Estados Unidos.

E para que a demanda seja suprida, é necessário que haja uma produção em larga escala, o que faz com que o desmatamento do bioma nativo aumente para criação de pastos. Além disso, a emissão de gases estufas se intensifica consideravelmente. Segundo um relatório da ONU apresentado em 2021, a produção de carne bovina no Brasil corresponde a 17% da emissão de gases estufas de todo o país. Os impactos diretos e indiretos que a produção e o consumo de carne no planeta geram têm sido monitorados por organizações ambientais. A ONU propôs um acordo com diversos países para reduzir em até 30% a emissão de metano até 2030, com assinatura de diversos países, incluindo o Brasil.

A favor das inovações e no combate à destruição da Terra, a ciência tem se esforçado em pesquisar alternativas para suprir o consumo de produtos populares, mas com o menor impacto possível. Com a carne não é diferente. É disso que se trata o artigo dos pesquisadores Carlos André D. de Oliveira e Lidiane P. de Mendonça, “Carne Cultivada: uma alternativa sustentável”, publicada na revista Meio Ambiente e sustentabilidade da Uninter.

Meios de cultivo

Para se chegar à carne feita exclusivamente em laboratório, são necessários procedimentos complexos. É necessário que haja a extração de células-tronco por meio de uma biopsia muscular. Em seguida, realiza-se o cultivo das células para que se reproduzam. Então, as células-tronco sofrem um processo chamado de miogênese (desenvolvimento muscular).

Mas há impasses para que esse processo ocorra em larga escala e alcance o mercado consumidor. A expansão do tecido muscular, que ocorre após os procedimentos científicos laboratoriais, não possui controle sobre o tamanho dos aglomerados, levando as células a uma necrose. Para driblar essa dificuldade, desenvolveu-se então uma metodologia que utiliza biomateriais para auxiliar na autorrenovação celular.

Outra dificuldade atual é a quantidade de células musculares necessárias para se produzir apenas 1 kg de proteína. Estima-se que cerca de 8 trilhões de células é a quantidade mínima para se atingir este resultado.

As pesquisas neste segmento biológico têm progredido consideravelmente, contudo ainda sofrem com grandes empecilhos. Além das dificuldades de produção, há ainda as dificuldades como a aceitabilidade no mercado da carne tradicional. Há ainda um aspecto econômico importante, já que a pecuária corresponde a 8,7% do PIB nacional, só em 2019, de acordo com o relatório da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes.

Então, para os autores, devido a estas grandes adversidades que ainda impactam diretamente nas pesquisas e produções, é difícil afirmar que a carne artificial estará tão breve no mercado.

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Autor: Igor Carvalho Horbach – Estagiário de Jornalismo CNU
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Pexels


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