Uma jornada pelo lado obscuro da Belle Époque Amazônica

Autor: Maria Vitória Alves Silva - estagiária

Quem esperava uma noite ao estilo do músico Leonardo e Eduardo Costa, foi surpreendido por uma experiência teatral impactante no espetáculo Cabaré Chinelo, que ocorreu no dia 02 e 03 de abril, no Teatro Zé Maria, durante o Festival de Teatro de Curitiba, na Mostra Lúcia Camargo. 

Sem temor de chocar a plateia ou de deixar qualquer um desconfortável, o espetáculo, dirigido com maestria por Taciano Soares e com co-direção de Jazmín García Sathicq, conta com um elenco talentoso e diversificado.  Os artistas desenvolveram a dinâmica de 360 graus, transitando por diversos cantos do teatro, às vezes até interagindo diretamente com os espectadores, proporcionando uma imersão única na história. 

A peça, ganhadora do Prêmio José Risonho – FIT Rio Preto 2023, é baseada em uma meticulosa pesquisa do historiadores Narciso Freitas sobre as prostitutas de Manaus durante a Belle Époque, o período áureo do garimpo da borracha. O espetáculo transporta a plateia para o triste universo de treze mulheres que habitavam a “hospedagem” da cafetina apelidada de Mulata, no séc. XX. 

A maquiagem meticulosa, o figurino elaborado e as atuações visceralmente gráficas não têm a intenção de esconder, mas sim de expor as agruras enfrentadas por essas mulheres cuja humanidade foi largamente esquecida pela sociedade da época. 

Cabaré Chinelo não busca apenas entreter, mas também provocar reflexões profundas. A peça nos lembra que a arte tem o poder de questionar, indagar, criar revolta, denunciar mazelas e incitar discussões que desafiam fronteiras e preconceitos. 

As histórias entrelaçadas dessas mulheres, muitas vezes confundidas em seu destino, são contadas de maneira íntima e individual, reconhecendo assim a humanidade e singularidade de cada uma delas. Elas foram vítimas de crueldades que as relegaram ao esquecimento e à marginalização, mas que agora são trazidas à luz pela força do teatro. 

A trilha sonora impactante e a coreografia marcante complementam uma produção técnica impecável, proporcionando uma experiência teatral inesquecível. Mais do que um simples espetáculo, Cabaré Chinelo é uma jornada emocional e transformadora pela história e pela alma humana. É um convite para mergulhar em uma época fascinante e sombria, para refletir sobre as injustiças do passado e do presente, e para celebrar a resiliência e a dignidade daqueles que foram esquecidos pela história oficial.

A Uninter é uma das patrocinadoras da 32ª edição do Festival de Teatro, e a Central de Notícias Uninter (CNU), em parceria com a Agência Mediação, realizou a cobertura do evento com a participação dos alunos do curso de Jornalismo. Conheça a ação e saiba mais pelo link. 

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Maria Vitória Alves Silva - estagiária
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Maringas Maciel


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *