Seis fatos que impactaram o mundo em 2022

Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismo

Em meio à retomada da economia mundial pós-pandemia, acontecimentos abalaram a vida de milhões de pessoas. Embates entre grandes potências, problemas graves em países periféricos e questões de direitos humanos ao redor do globo chamaram a atenção de toda a mídia.

Durante a live “Balanço da agenda internacional em 2022”, professores de do curso de Relações Internacionais da Uninter debateram os principais acontecimentos e ameaças à estabilidade global no último ano. Separamos os seis principais fatos que impactaram o mundo em 2022.

Guerra da Ucrânia

Iniciado em 24 de fevereiro de 2022, com bombardeios em cerca de seis cidades ucranianas, o confronto entre Rússia e Ucrânia já promoveu destruição em todo o país. Cidades foram devastadas, deixando milhões de pessoas sem alimentos e energia.

Principal responsável pelo início do conflito, a Rússia busca ter controle sobre o território ucraniano, comandada pelo ex-agente da KGB (organização de serviços secretos do governo soviético) Vladimir Putin. As disputas territoriais entre os países se arrastam desde 2014, com a deposição do líder ucraniano russo Viktor Yanukovych e a invasão a Criméia por parte do exército russo.

“Quando a Rússia utiliza a força como instrumento de política internacional, ela coloca um questionamento com relação à ordem liberal centrada nos Estados Unidos”, afirma a professora de Relações Internacionais da Uninter Natali Hoff.

O número de vítimas é mantido sob sigilo pelos dois países envolvidos. No entanto, dados estimados em novembro pelo general Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, sugerem que cerca de 100 mil soldados russos, 100 mil militares ucranianos e 40 mil civis já morreram durante o conflito, totalizando cerca de 240 mil mortes.

Segundo a Organização das Nações Unidas  (ONU), já são 7,8 milhões de ucranianos refugiados em toda a Europa desde o início do confronto.

De acordo com a Kyiv School of Economics. Até junho do ano passado, a perda estimada de moradias durante a guerra era de US$ 39 bilhões. As perdas de infraestrutura causadas durante a guerra já ultrapassaram US$ 104 bilhões (mais de R$ 500 bi).

Crise energética na Europa

Em meio ao conflito no leste europeu, embargos internacionais feitos por toda a Europa à Rússia fizeram com que Vladmir Putin reduzisse o fornecimento de gás. O ato foi visto como retaliação às sanções ocidentais.

Em decorrência da redução imposta pela Rússia, muitos países da Europa dependentes do fornecimento de gás se viram em situação crítica, temendo por ficarem sem energia. Em resposta, o bloco europeu também reduziu as importações de petróleo russo, tentando restringir a capacidade de Moscou de financiar o confronto.

Rivalidade entre EUA e China

Nos últimos anos, China e Estados Unidos protagonizaram a maior rivalidade política no mundo desde o final da Guerra Fria. Ambas as potências passaram a ter políticas mais agressivas em relação a questões econômicas no mercado internacional.  Muitos foram os embargos entre as nações que competem pelo posto de maior economia do mundo.

Natali Hoff conta que a política externa chinesa está cada vez mais voltada para a contenção de influências, à medida que o país avançava no cenário internacional.

“Isso me parece um retorno da importância do que chamamos de política de poder”, afirma, se referindo a Estados que são soberanos para proteger seus próprios interesses.

Natali explica que a ideia de generalização da ideologia norte americana perdeu força nos últimos anos. Tendo início no governo Clinton e seguindo por muitos anos, o ideal americano de expandir o capitalismo e democracia liberal não é mais visto como unanimidade.

Em meio a diversas crises internas, os Estados Unidos vêm deixando de lado a perspectiva de que os valores estadunidenses sejam universais, passando a ver potências como China e Rússia como agentes sinalizadores para aumentar a competitividade mundial.

“Estamos tendo uma restruturação em como a distribuição de poder se dá nas relações internacionais”, ressalta.

Crise no Reino Unido

O Derretimento da 6° maior economia do mundo surpreendeu a todos em 2022. O Reino Unido se viu em meio a uma grande crise devido às políticas econômicas adotadas pela ex-primeira-ministra Liz Truss.

Durante o mês de outubro, Truss divulgou seu plano para cortes de impostos significativos, apostando tudo no crescimento econômico do país. Com a estratégia, o governo acabou abrindo um enorme buraco nas finanças.

As políticas econômicas fracassaram, fazendo com que Liz Truss deixasse o cargo de primeira-ministra após apenas 45 dias do início de seu mandato. Além disso, o país vem enfrentando uma série de greves em áreas como educação e saúde, devido à insatisfação dos trabalhadores britânicos com condições de trabalho e remuneração.

Tensão no Oriente Médio

No Irã, manifestações pelos direitos das mulheres geraram perseguições por parte do governo local. Cidadãos iranianos tomaram as ruas em setembro de 2022, após a morte da jovem Mahsa Amini, que foi detida sob a acusação de usar incorretamente o véu islâmico, previsto por lei.

Durante os protestos, mulheres cortavam seus cabelos e reivindicavam os direitos civis da população feminina, muitos foram os casos de violência por parte da polícia. Após serem presos, manifestantes passaram por julgamentos e foram condenados à morte.

Durante todo o ano, pelo menos 504 pessoas foram executadas no irã segundo a ONG norueguesa Iran Human Rights (IHR). Muitas das execuções são feitas em público. O desenvolvimento do programa nuclear iraniano também preocupa a Organização das Nações Unidas (ONU).

Já no Afeganistão, o retorno do grupo radical talibã ao poder após 20 anos agravou a crise humanitária no país. Conhecidos por usarem autoritarismo e violência para a resolução de conflitos internos, o talibã possui um grande histórico de execuções e perseguição quando governou a nação entre 1996 e 2001.

Em 2022, a pobreza no país atingiu um nível desesperador. A fome e a miséria se alastraram pelo país de lá para cá. A situação das mulheres no país também sofreu mudanças brutais. Elas são excluídas da vida pública e impedidas de acessar a educação básica e de trabalhar, segundo apuração da BBC Internacional.

Sobre a situação das mulheres no país, o governo afirma que planeja abrir espaços para que mulheres voltem a trabalhar e a estudar no país. O Talibã também alega que as condições da população também são resultado das sanções impostas pela comunidade internacional logo após o grupo retornar ao poder.

COP 27

Durante o mês de novembro, duas semanas de negociações sobre a agenda ambiental mundial pararam o mundo. A COP 27, que reuniu chefes de estado e representantes de nações de diversas partes do mundo, resultou na criação de um fundo para países pobres que sofrem com os desastres causados ​​pelas mudanças climáticas.

Entre os assuntos abordados durante a conferência, destacam-se o estresse hídrico, o desmatamento (tema de muito destaque no Brasil), questões referentes ao metano e aos combustíveis fósseis e a emissão de carbono em todo o planeta.

A live “Balanço da agenda internacional em 2022”, reuniu os professores de do curso de Relações Internacionais da Uninter André Frota, Natali Hoff e Rafael Pons Reis. Assista à live pelo canal de Youtube da Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança da Uninter.

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Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Leonhard Lenz e reprodução Youtube


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