Quando um xeque-mate ajuda na educação

 

Talita Santos – Estagiária de Jornalismo.

Um hobby pode virar objeto de estudo científico? O professor Wilson da Silva provou que sim. Docente no curso presencial de Pedagogia do Centro Universitário Internacional Uninter e tutor na segunda licenciatura na modalidade a distância, Wilson viu no jogo de Xadrez uma forma de unir diversão e educação.

“Minha escolarização foi melhor, torcia para que chovesse porque nos dias de chuva o professor nos deixava jogar. Penso que se foi bom para mim, poderia ser para outras pessoas. Então comecei meus estudos aproximando o xadrez da educação”, explica. Em seu site, ele trata de xadrez e desenvolvimento cognitivo (acesse aqui).

A origem do jogo é incerta. Em seu livro A History of Chess (Uma pequena história do xadrez), Harold James Ruthven Murray, considerado o maior historiador do enxadrismo, afirma que o ancestral mais antigo do xadrez é um jogo chamado Chaturanga, originado há 2 mil anos na Índia.

“Esse nome vem do sânscrito, significa exército das quatro alas, pois o exército indiano tinha os soldados a pé, que no jogo virou o peão, a cavalaria, que virou o cavalo, os carros de guerra, que são as torres, e os elefantes de guerra. Essa última peça não existe mais, virou o moderno bispo”, diz Wilson.

O xadrez é inclusivo, sem distinções de gênero, classe social ou idade. Exemplo disso são os deficientes visuais que jogam usando o tato para construir uma imagem mental do tabuleiro. “O jogo é adaptado. Embaixo de cada peça tem um pino e no centro de cada casa tem um orifício onde as peças se encaixam. Então as peças não caem quando tocadas e ele diferencia por branca e preta através de um pino que fica em cima da peça. A cor da casa também é diferenciada por alto e baixo relevo”, revela o professor.

Até mesmo crianças de 5 anos podem aprender, dependendo de uma determinada pedagogia. O jogo funciona também como um exercício para o desenvolvimento do pensamento lógico do praticante.

Em sua tese do doutorado, Raciocínio lógico e jogo de xadrez: Em busca de relações, Wilson pesquisou 30 jogadores, com vários níveis de conhecimento do jogo, e aplicou baterias de testes que avaliam o pensamento lógico do jogador. “A pesquisa mostrou que há uma correlação positiva entre essas duas variáveis. À medida que a pessoa se desenvolve no xadrez, ela desenvolve mecanismos intelectuais que o ajudam a resolver tarefas de natureza lógica”.

Como todo estudante, Wilson também passou momentos de dificuldade durante suas pesquisas acadêmicas, mas conta que os conselhos dos professores foram fundamentais para seguir em frente em suas análises. “Eu perguntava: ‘para o doutorado, o que preciso fazer’? Eles diziam: ‘escolha um tema que te interesse e verticalize o conhecimento’”.

E foi o que aconteceu. Wilson realizou pesquisas voltadas ao jogo de xadrez, muitas delas publicadas. Pesquisou sobre processos cognitivos no jogo de xadrez, a relação do pensamento lógico com o jogo e no pós-doutorado publicou dois livros: Xadrez e educação: Contribuições da ciência para o uso do jogo como instrumento pedagógico e Xadrez para todos: A ginástica da mente.

Wilson apresentou os benefícios do xadrez na educação durante a Jornada Acadêmica realizada pela Escola de Educação da Uninter no início do ano letivo. No momento, ele está produzindo um artigo sobre xadrez e administração, com a ideia de mostrar que o jogo pode ser utilizado como uma ferramenta para um gestor.

Edição: Mauri König

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