Projetos colaboram na formação da cidadania de estudantes

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

O papel de cidadão começa a ser construído desde a infância, já no período da educação infantil. A escola, em conjunto com os pais, tem um papel fundamental nesse processo de autoconhecimento e conscientização sobre nosso papel na sociedade. Para isso, é necessário um trabalho coletivo entre gestores, professores e a família.

“Os projetos trazem questões de responsabilidade, compromisso e sociabilidade. Essas três molas são aspectos que movem toda a engrenagem de um projeto”, explica a professora Cristiane Benvenutti, que atua na Escola Superior de Educação (ESE) da Uninter.

Sandra Rodrigues é gestora de uma escola da rede pública de Curitiba (PR) há dez anos e conta que a construção de um projeto inicia-se com a observação de uma necessidade. Na unidade em que atua, há representantes de todos os seguimentos, desde os pedagogos, estudantes, até os pais, e todos eles participam ativamente no desenvolvimento de soluções para os problemas encontrados.

“Quando nós temos todos os seguimentos participando nessa construção, a gente consegue perceber que é muito difícil não fazer sucesso, não concretizar”, afirma a profissional.

Segundo a professora Ivana Braga, do polo de apoio presencial (PAP) de Brasília (DF), essa ligação da escola com a família começa já na formação dos professores. A profissional diz que, como formadores, eles estão sempre “incentivando os futuros professores a justamente dar a mão para esses pais, para que eles sejam parte do aprendizado fora da escola”.

Ivana ainda acrescenta que a educação infantil é a base de tudo. “Se você trabalhar direitinho, vai construindo estudantes mais conscientes, preocupados, ativos, participativos. A gente vai crescendo, eles vão absorvendo essas coisas e quando você começa desde pequenininho, a fome de querer saber mais, de cuidar, é maior. Cidadania não se trata só do meio ambiente, da questão política. Ela trata de um todo, pequenas ações que vão culminar em um governo melhor, mais justo, numa cidade mais organizada, mais limpa.”

Projetos desenvolvidos dentro das escolas

A gestora do PAP da Uninter em Cascavel (PR), Cecília Pestana, conta que faz parte de um grupo de educadores empreendedores que oferecem treinamento para professores da educação básica. Assim, os profissionais desenvolvem algumas ações com os alunos.

Cecília destaca um colégio da cidade que realizou o “Kukoya”, um projeto em parceria com uma correspondente em Moçambique. Estudantes brasileiros e moçambicanos gravaram vídeos contando quais eram suas realidades, nos respectivos países, e depois compartilharam uns com os outros.

“Foi um choque muito grande e os alunos começaram a pensar de forma mais social, olhando para o lado do próximo, entendendo como funcionam as desigualdades sociais. Tudo isso pode ser trabalhado quando a gente fala sobre essa parte da cidadania”, salienta a gestora.

Sandra conta que, quando iniciou o trabalho de gestão na escola, um dos grandes problemas era o momento após o recreio, em que os pedagogos recebiam uma demanda muito grande de alunos que se desentendiam durante a pausa das aulas e muitas vezes até se machucavam. Com isso, a gestora estudou e criou o “Recreio divertido monitor nota 10”. Um recreio brincante, com diversas atividades das quais as crianças participaram, desenvolvendo sua compreensão sobre o compartilhamento do espaço.

Outro projeto desenvolvido na unidade foi o Educação Financeira. De acordo com Sandra, o objetivo é conversar com as crianças sobre o consumismo e as consequências acarretadas por ele, como lixo que pode poluir os rios e também a questão financeira familiar.

“Cada aluno recebeu um cofrinho chamado ‘meu cofrinho, meu futuro’.  Nós começamos a trabalhar com as crianças essa questão da troca. Nós fazemos a troca de energia com o universo o tempo todo e essa questão sistêmica vem também para o espaço da escola. É um projeto que mexe com decisões, com a maturidade da criança e vai refletir dentro da casa dela, junto da família”, ressalta.

Em Brasília, Ivana explica que as escolas fazem muitas parcerias com os órgãos da cidade. Ela cita dois projetos bem importantes para os estudantes. Um deles é o “Um por todos e todos por um – ética e cidadania”, que tem o objetivo de levar os alunos a entenderem seus direitos, mas também os deveres.

O outro é “O que você tem a ver com a corrupção?”. A professora diz que muitos estudantes do ensino fundamental e médio acreditam não ter nada a ver com essa questão. “Esse projeto vem trazer exatamente para os alunos que eles têm sim a ver com isso. Busca fomentar, trazer informações para ele que já começa dentro da escola a pensar no que fazer lá fora, porque quem ele for eleger vai repercutir na cidade, em tudo”.

Com a pandemia e as aulas remotas, os alunos perderam muito da convivência diária que tinham com colegas e professores. Para aproximá-los novamente, a orientadora educacional do PAP Brasília, Gleciane Magalhaes, encontrou o projeto “Saudade”. A ideia é que os alunos escrevam cartas contando sobre o que têm vivido nesse período e compartilhem entre si, com a colaboração da família.

“Foi enriquecendo, porque foi trabalhando não só a parte da afetividade, colaboração, mas de respeito ao próximo. Hoje a gente está falando muito em empatia, respeito, então o projeto resgata tudo isso nesse momento que nós estamos passando”, finaliza.

As profissionais abordaram o assunto na live A cidade como espaço educador na promoção da formação de cidadania da área de Educação, que foi tema dos estudos de caso realizados pelos alunos da ESE nesse último período de 2020. A transmissão ao vivo foi mediada pelas professoras Cristiane Benvenutti e Gisele Cordeiro, coordenadora da área de Educação.

O bate-papo segue disponível para acesso, através da página de Educação e canal da ESE.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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