Projetos buscam valorizar a atuação dos professores na educação básica

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) é um projeto de formação inicial de professores que busca valorizar a atuação dos estudantes de licenciatura. Ele surgiu em 2007 a partir da discussão sobre a baixa carga horária dos estágios, com foco nos calouros de cursos de licenciatura. O PIBID busca incentivar a reflexão dos estudantes sobre a docência e as relações em torno dela.

“Muitas vezes, a gente tem professores maravilhosos, que dominam e apoiam o seu conteúdo de uma forma fantástica. Mas na hora que ele vai trabalhar isso na sala de aula, vira para o quadro e mostra aquelas fórmulas maravilhosas, mas conversando com ele. A relação com o aluno é quebrada. É essa relação que se tenta fortalecer nesse programa”, afirma Desiré Dominschek, coordenadora de pesquisa da Uninter.

Segundo Desiré, cerca de 70% dos jovens licenciados no Brasil têm formação em instituições privadas. Portanto, em 2013 o PIBID foi ampliado para estas instituições, além de permitir a participação de alunos da modalidade de ensino a distância (EAD). Já no ano de 2018 foi criado o Residência Pedagógica (RP), projeto que visa trabalhar a relação efetivamente prática dos alunos que estão em fase de conclusão de curso, como se fosse uma segunda fase do PIBID. A Uninter conta com os dois programas nos seus cursos de licenciatura.

Apesar de ser uma proposta de política pública, o acesso ainda não chega a todos os alunos, seja do ensino público ou privado. Os estudantes são selecionados através de editais e o limite de participação acontece pela falta de recurso orçamentário. A bolsa de 400 reais que o beneficiado recebe chega através da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), direto para a conta dele.

A docente desta que esse acesso pode ser ampliado através de bons resultados científicos, observados a partir de pesquisas realizadas sobre os programas. Desiré lidera um grupo de pesquisa dentro da Uninter que estuda os impactos do PIBID e diz que é possível notar todos os benefícios que ele traz, não só para os graduandos, mas para as escolas públicas, os alunos presentes nelas e mesmo para a universidade que trabalha o projeto. Com isso, ela destaca a importância da ciência, principalmente em tempos de negacionismo.

“Não só nesse momento que vivemos de pandemia, mas o avanço de tudo o que nós temos na sociedade e nas ciências humanas, principalmente. O professor em essência trabalha com o ser humano em sua melhor fase de desenvolvimento, que é a criança. O desenvolvimento cognitivo é riquíssimo nessa fase e a gente precisa, sim, de professores, mestres, doutores que valorizem a educação, e o PIBID traz essa valorização”, aponta.

No projeto de pesquisa sobre o PIBID, são realizados estudos documentais e de campo. Além de se ancorar em referenciais teóricos, através de pesquisadores que vão até o “chão” da escola para estudar as relações e trabalhos desenvolvidos, eles mediam o discurso de alunos, professores, coordenadores de cursos, para entender a experiência de quem faz o programa.

Diante das observações, a professora aponta algumas problemáticas encontradas no caminho. A primeira delas é que, ainda que o PIBID seja um programa do governo federal, de campanha nacional, existe um grande número de alunos e professores que não o conhecem, por ser ainda restritivo. Mesmo que funcione, a grande maioria dos estudantes não são atendidos por ele. Outra questão é que há uma escassez geral de professores.

Kellin Inocencio, professora da Escola Superior de Educação da Uninter e que também atua no PIBID dentro da instituição, diz que apesar de muitos jovens optarem pela licenciatura pensando em políticas que elevem o nível de atuação e aprendizado, há levantamentos que notam uma queda grande de procura. Desiré acrescenta que, muitas vezes, o aluno escolhe a área pela nota que consegue no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), mas que não se enxerga como professor. Em muitos casos, na vivência do PIBID que os coloca em contato direto com a realidade da atuação, acaba mudando de percepção.

Um ponto importante dos programas é o vínculo universidade-escola. Muitos profissionais que se tornam pesquisadores, como mestres e doutores, deixam a educação básica, quando seria o momento de mais valorizar e dedicar estudos para conhecer as práticas, os dilemas, as problemáticas dentro do ensino. O PIBID e o RP surgem com a proposta dessa valorização, que tanto falta.

“Contribuímos diretamente com a melhoria da escola, não só no aspecto de ensino aprendizagem, da qualidade da educação, mas da escola como um todo. Nós sabemos que há diversos pontos ali dentro da escola que requerem essa melhoria”, explica Kellin.

Desiré pontua que mais do que uma bolsa de estudos, o aluno ganha participação em um debate de formação como uma questão necessária, histórica, que não começou e nem irá terminar agora. Por isso, a necessidade de apontar e afirmar algumas questões, como a relação teórico prática, também desenvolvida no PIBID.

As docentes debateram sobre os programas e o projeto de pesquisa em uma transmissão realizada através do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Univirtus, para alunos que se inscreveram previamente. A Uninter segue com o PIBID mesmo durante o distanciamento social. De acordo com Desiré, novos editais para a seleção de alunos serão divulgados em breve, através das mídias sociais. Siga a página do Facebook e acompanhe.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Arthur Krijgsman/Pexels e reprodução Facebook


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