Práticas integrativas e as dimensões de atendimento

Autor: Patrícia Rondon Gallina (*)

A saúde pode ser compreendida como o estado completo de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças e enfermidades. A partir da criação da Lei nº 8.080 de 1990, conhecida como Lei do SUS, a saúde passa a ser considerada um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado promover as condições adequadas e indispensáveis para o seu pleno exercício.

Por muito tempo, consideramos que uma pessoa saudável era apenas aquela que não possuía nenhum tipo de doença, porém o cenário mundial de saúde mudou. Fatores como saúde mental, emocional, espiritual e social passaram a ser considerados como aspectos que não podem mais ser dissociados. A partir desta mudança de paradigma passamos a destacar alguns termos como saúde integrativa, que considera que os seres humanos são unidades completas, não devendo ser fragmentados e considerados como um grupamento de partes separadas.

Esta abordagem visa ao tratamento do indivíduo como um todo, utilizando-se de métodos menos custosos e invasivos. Neste panorama, as Práticas Integrativas e Complementares (PICS) ganham destaque por sua capacidade de criar um sinergismo para o cuidado em saúde, considerando todas as dimensões humanas para o processo de cura.

As PICs são recursos terapêuticos que buscam a prevenção e recuperação da saúde com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com a sociedade e o meio ambiente. Sua abordagem considera que as emoções são capazes de desempenhar um importante papel no processo do adoecimento, considerando oito dimensões da saúde:

  1. Física: é a relação do corpo humano propriamente dito, que irá buscar o equilíbrio por meio dos seus sistemas interligados e funcionais;
  2. Mental: é o estado de bem-estar, onde um indivíduo é capaz de usar suas habilidades para ser produtivo, se recuperar do estresse e contribuir com a comunidade;
  3. Emocional: é a constante busca do equilíbrio psíquico e do gerenciamento de emoções, que deverá resultar na ausência de transtornos emocionais;
  4. Espiritual: se trata da busca de um propósito ou sentido maior para a vida, dos quais não compreendemos em nível biopsicossocial;
  5. Social: constituído pelos valores éticos e morais, cultura e condição socioeconômica;
  6. Familiar: é a construção da relação afetiva entre os membros de uma família e a construção dos seus valores de modo a construir uma rede de apoio;
  7. Ambiental: faz referência ao local onde vivemos e frequentamos e a forma como estes ambientes influenciam os nossos sentimentos e expressões;
  8. Comportamental: por fim, é a forma como agimos frente aos estímulos sociais, sentimentos e necessidades.

O tratamento integrativo se dá por meio de diversas práticas como auriculoterapia e acupuntura, homeopatia, fitoterapia, dança circular, reiki, bioenergética, aromaterapia, geoterapia, cromoterapia, constelação familiar, terapia de florais entre outros. Atualmente, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares prevê o uso de 29 práticas que estão disponíveis na rede de Atenção Básica a Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), mas que também podem ser encontradas em diversas clínicas e consultórios de atendimento particular.

No mês de abril comemora-se o Dia Mundial da Saúde, que é celebrado desde 1950. É uma homenagem à criação da Organização Mundial de Saúde (OMS) no ano de 1948, tendo como objetivo informar, sensibilizar e chamar atenção para prioridades especificas de saúde global, qualidade de vida e fatores que podem impactar a saúde.

Este ano, a campanha tem como tema Saúde para todos, vindo ao encontro com a proposta do SUS e das Práticas Integrativas e Complementares de fornecerem um estado mais amplo de bem-estar e qualidade de vida. No Brasil, temos mais de 9 mil estabelecimentos de saúde públicos que ofertam algum tipo de prática integrativa individual ou coletiva, distribuídos nos 27 estados e Distrito Federal, e em todas as capitais brasileiras, motivo pelo qual nosso país é considerado uma referência mundial no assunto.

*Patrícia Rondon Gallina é farmacêutica e coordenadora do curso de Práticas Integrativas e Complementares do Centro Universitário Internacional Uninter.

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Autor: Patrícia Rondon Gallina (*)
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


2 thoughts on “Práticas integrativas e as dimensões de atendimento

  1. Sou Enfermeiro de ESF, no município de Navegantes. Eu, junto com Minha colega fisioterapeuta, desenvolvemos , auriculoterapia e aromoterapia no alívio da dor crônica, Para o grupo dos pacientes com dor, seja pela fibromialgia ou por outra dor musculo esquelética. Tivemos, uma experiência bastante agradavel como profissionais.

  2. Sou atendente de unidade de saúde na cidade de Xavantina SC. Nos últimos anos notamos uma alta enorme nos casos de depressão, uso de antidepressivos e tbm uma alta procura por profissionais psicoterapeutas.

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