Práticas e desafios do novo Marco Regulatório na formação em saúde
Autor: Cyntia Fonteles - estagiária de Jornalismo
Durante a programação do Enfoc, a Escola Superior de Saúde Única da Uninter realizou uma mesa redonda com os professores Ivana Maria Saes Busato, Alisson David Silva e Ana Paula Garcia Fernandes Dos Santos, abordando experiências em cursos semipresenciais e estratégias frente ao novo marco regulatório da educação superior no Brasil. O encontro destacou a importância da presencialidade e das práticas profissionais na formação dos estudantes da saúde.
Segundo a professora Ivana, a presencialidade possibilita um contato mais próximo entre o professor e aluno, essencial para despertar o interesse pela pesquisa. “A presencialidade traz inúmeros sentimentos e desafios para o aluno pensar em fazer pesquisa”, destacou. O professor Alisson reforçou que esse contato permite que os estudantes percebam oportunidades de pesquisa em suas próprias regiões, ampliando a atuação da instituição para diversos locais no Brasil. “Desde que começamos em Curitiba e depois nos outros polos, o aluno consegue se identificar com o professor local e entrar nas linhas de pesquisa”, explicou.
A professora Ivana complementou, destacando a riqueza da troca de experiências entre alunos e docentes de diferentes localidades. Segundo ela, essa diversidade é especialmente relevante para cursos como Nutrição e Gastronomia, considerando que práticas culturais e alimentares variam entre regiões. Além disso, a presença do aluno em atividades práticas permite que ele desenvolva relatórios bem estruturados, com senso crítico e evidências que fortalecem a aprendizagem e podem gerar publicações acadêmicas.
A reflexão sobre o uso da inteligência artificial também foi destaque. Ivana comentou que, no mundo do trabalho, não existem respostas certas, mas perguntas certas. “O grande desafio é ensinar o aluno a fazer boas perguntas, pois se ele não souber o que perguntar, a inteligência artificial não trará a resposta correta”, afirmou. Ivana acrescentou que essas práticas estimulam o aluno a praticar o conhecimento em contextos reais, enfrentando desafios e desenvolvendo habilidades de resolução de problemas e comunicação.
Os docentes também discutiram os desafios da escrita acadêmica e da formação de profissionais críticos. Ana Paula observou que, apesar do crescimento da comunicação digital, muitos estudantes ainda têm dificuldade em colocar ideias no papel. “Hoje vejo profissionais que sabem falar bem em frente às câmeras, mas se precisam escrever um texto de dez linhas, não conseguem”, disse. Nesse sentido, a instituição busca desenvolver habilidades de pensamento crítico e escrita desde o início do curso, principalmente nas atividades práticas e projetos de extensão.
Outro ponto importante destacado foi a conexão entre a teoria e a prática na formação profissional. Os professores explicaram que, em cursos que exigem laboratórios, como Nutrição, Fisioterapia, Farmácia, Enfermagem e Biomedicina, as atividades práticas são desenvolvidas nos laboratórios, enquanto outros cursos utilizam ambientes profissionais e comunitários. Essas experiências permitem que o aluno compreenda as políticas públicas e o funcionamento do Sistema Único de Saúde, além de adaptar conhecimentos técnicos à realidade local.
No caso de Nutrição, por exemplo, os estudantes aprendem a conhecer os produtos disponíveis em suas regiões para prescrever dietas ou montar cardápios em escolas, considerando a realidade econômica e cultural da população. “O aluno precisa entender os produtos que ele tem na região para prescrever uma dieta adequada”, destacou Alisson. Além disso, a atuação em diferentes contextos permite que os estudantes desenvolvam habilidades de exposição, comunicação e trabalho em equipe, preparando-os para o mercado de trabalho.
O debate também ressaltou a importância da troca multidisciplinar. Alunos de diferentes cursos como Nutrição, Fisioterapia, Farmácia, podem atuar juntos em projetos comunitários, trocando experiências e conhecimentos. Essa abordagem amplia a compreensão das necessidades locais e contribui para uma formação mais completa. Ana Paula relatou sua experiência em um hospital oncológico, em que aprendeu com uma fonoaudióloga sobre a relação entre hábitos locais e incidência do câncer, mostrando como a interação entre áreas enriquece a prática profissional. “Se eu ficasse sozinha na minha rodinha com os nutricionistas, isso jamais passaria pela minha cabeça”, explica.
Os professores concluíram que a iniciação científica é uma oportunidade de responsabilidade social. Ao desenvolver pesquisas em suas regiões, os alunos não apenas aprimoram habilidades acadêmicas, mas também desenvolvem conhecimento e serviços para a comunidade. Além disso, essas práticas fortalecem a empregabilidade, pois o contato com a comunidade e a experiência prática facilitam a inserção no mercado de trabalho.
O edital de iniciação cientifica de 2026 da instituição está previsto para ser lançado em breve, contemplando projetos específicos para cada curso de saúde, bem como iniciativas interdisciplinares. A expectativa é que os estudantes se envolvam em atividades práticas e de pesquisa, desenvolvendo pensamento crítico, senso de responsabilidade e habilidades que os preparem para os desafios do mercado e da sociedade.
“Queremos que nossos alunos saiam daqui não apenas com um diploma, mas com a certeza de que podem se agentes de mudanças em suas comunidades”, finalizou Ivana.
Autor: Cyntia Fonteles - estagiária de JornalismoEdição: Larissa Drabeski
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