Polarização política existe no Brasil desde a renúncia de D. Pedro I, diz Heródoto Barbeiro

Autor: Evandro Tosin - Assistente multimídia

O jornalismo é um dos pilares da democracia. Em 7 de abril, comemora-se o Dia do Jornalista, data que foi instituída pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em 1931, em homenagem a Libero Badaró, fundador do jornal Observador Constitucional. O jornalismo tem como objetivo prestar informações de interesse público, e também atuando como uma espécie de “quarto poder”, vigilante nas formas de poder instituídas, um “cão de guarda” a fiscalizar as ações dos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo.

Em comemoração a esse dia, o curso de Jornalismo da Uninter promoveu debates ao longo de três dias, de 6 a 8.abr.2021. No segundo dia, o evento Jornalismo em Tempos de Desinformação e Polarização trouxe para a conversa o jornalista Heródoto Barbeiro, âncora do Jornal da Record News e comentarista do Portal R7. “É uma prática da instituição comemorar esse dia, é uma forma de a gente prestar homenagem a todos os jornalistas, uma profissão muito importante”, disse Wilson Picler, chanceler e presidente do Grupo Uninter.

“Em tempos de polarização e desinformação, o jornalismo tem o grande desafio de construir pontes, estabelecer diálogos, ocupar ou formar o espaço público, como diria Jürgen Habermas. Construindo relações entre pessoas, grupos, instituições e nações, mesmo diante de pontos de vista diferentes”, pontuou o coordenador do curso, Guilherme Carvalho. “Em meio a uma pandemia também de informações, ou aquilo que alguns chamam de “infodemia”, marcada pela difusão massiva de informações falsas, a imprensa reforça o seu carácter paradoxal e contraditório que a acompanha desde o seu surgimento. A depender do contexto, para alguns, representa os vícios da nossa sociedade, para outros, as virtudes”, salientou.

Sobre o tema do debate, Heródoto Barbeiro, que também é historiador, lembra a coincidência da data: 7 de abril de 1831 foi o dia em que D. Pedro I abdicou do trono do Brasil e voltou para Portugal. A causa do abandono foi a polarização política, o que, conforme pontuou Barbeiro, sempre existiu no país. No governo de Getúlio Vargas (1950-54), por exemplo, havia uma ferrenha polarização política, assim como hoje. A diferença é que na época de Vargas os jornais dominavam a difusão de informações, ao passo que hoje qualquer pessoa com um smartphone acelerou a produção e difusão de informações e opiniões, potencializando a polarização de ideias.

Cada jornalista tem visão e suas percepções, mas sempre está em busca da imparcialidade, lembra Barbeiro. “Não existe jornalista imparcial, porque estou envolvido na sociedade. Tenho por dever ético, perseguir a isenção, o equilíbrio. A isenção é dinâmica. Estou procurando a verdade. É uma perseguição do cotidiano. Ou seja, preciso ser fiscalizado pela opinião pública. Hoje, como a comunicação é instantânea, direta, o jornalismo melhora quando o público acompanha e faz crítica ao jornalista, ao meio de comunicação. Não importa qual é o veículo que estamos usando, pode ser internet, televisão, rádio, jornal. Na medida em que eu perco a confiança das pessoas, elas mudam. Mudar agora é muito mais fácil do que no passado. Só vão sobreviver os espaços informativos que tiver credibilidade”, explica.

Em um cenário de vários veículos de comunicação, novos entrantes no jornalismo e iniciativas de jornalismo alternativo, buscam expressar o ponto de vista ideológico, com posições editoriais. Barbeiro falou sobre o assunto. “Acho bom para a sociedade. Porque a polarização mexe com a emoção, às vezes com a razão. Quando você mexe com a emoção, tem muito mais gente participando. A política não fazia parte do nosso cotidiano. Se nós queremos construir uma nação democrática, plural, a política tem que fazer parte. A função do jornalista é informar corretamente as pessoas, para que elas formem o seu espírito crítico”, diz o jornalista.

Dentro do jornalismo existe o gênero informativo, que está mais próximo da isenção. Ouvir todos os lados da questão, procurar a verdade (ter certeza do que aconteceu), checar os números e, finalmente, formar convicção do que será publicado. Do outro lado, está o gênero opinativo, que é expressar uma opinião, ideia ou crença. E, com isso, é possível existir um debate, o que forma um espírito crítico, e isso só é possível em um ambiente democrático.

Serviço

No dia 07.abr.2021 ocorreu o segundo dia de evento “Jornalismo em Tempos de Desinformação e Polarização” que teve a transmissão ao vivo nos canais do Youtube e Facebook do Grupo Uninter e pela TV Profissão. O debate com o tema “Jornalismo e Polarização: Dilemas Atuais” contou com a  participação de Wilson Picler, chanceler e presidente do Grupo Uninter, e a mediação de Mário Lima, diretor de estratégias corporativas e relações internacionais da Uninter. A organização foi do coordenador do curso de Jornalismo da Uninter, Guilherme Carvalho, e teve como convidado o jornalista e historiador Heródoto Barbeiro. O encontro obteve mais de 44 mil visualizações. Clique aqui para assistir.

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Autor: Evandro Tosin - Assistente multimídia
Edição: Mauri König


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