O que é “brain fog” e como o que você come pode clarear sua mente
Autor: Ana Paula Garcia Fernandes dos Santos*
Quem nunca sentiu a mente pesada, a memória falhando ou a sensação de que o cérebro simplesmente ‘não está funcionando’? Esse estado de confusão mental, conhecido como brain fog, vem se tornando cada vez mais comum, e o que você come pode ter muito a ver com isso.
Em um mundo de estímulos constantes, em que a produtividade parece nunca cessar, manter a clareza mental tornou-se um desafio. Sensação de confusão, lapsos de memória, dificuldade de concentração e cansaço intelectual são queixas recorrentes e, neste contexto, a ciência mostra que a alimentação desempenha um papel fundamental para a qualidade de vida.
Longe de ser apenas combustível físico, o que comemos influencia diretamente a saúde cerebral, o humor, a memória, a atenção e até nossa percepção de bem-estar. A falta de nutrientes essenciais torna o cérebro mais lento, menos focado e a capacidade de processar informações diminui. Esse quadro, popularmente conhecido como “brain fog”, é um estado de lentificação mental e dificuldade de raciocínio. Embora não seja um diagnóstico médico, o termo ganhou destaque por descrever um fenômeno cada vez mais frequente, a sensação de que a mente “não está funcionando como deveria”.
A ciência já associa essa sensação a fatores como estresse, privação de sono, doenças autoimunes, alterações hormonais, uso de determinados medicamentos e, claro, padrões alimentares desequilibrados. Dietas pobres em vitaminas, minerais, antioxidantes e gorduras saudáveis podem comprometer a comunicação entre neurônios e intensificar processos inflamatórios, afetando diretamente o desempenho cognitivo.
Um dos nutrientes mais estudados na relação entre alimentação e desempenho mental é o ômega-3, um tipo de gordura essencial que nosso corpo não consegue produzir em quantidades suficientes. Dentro desse grupo, dois componentes ganham destaque: EPA (ácido eicosapentaenoico) e DHA (ácido docosahexaenoico). Ambos são encontrados principalmente em peixes gordurosos como sardinha, salmão e cavalinha, além de estarem presentes em suplementos de óleo de peixe e de algas. Juntos, EPA e DHA ajudam a manter a fluidez das membranas neurais, facilitam a comunicação entre os neurônios e reduzem processos inflamatórios que podem interferir no funcionamento cerebral.
Além do ômega-3, vitaminas do complexo B, com destaque para B12 e ácido fólico, atuam na produção de neurotransmissores e na proteção das fibras nervosas. Já minerais como ferro e magnésio interferem diretamente na oxigenação cerebral e na regulação do humor. Quando há deficiência, sintomas como fadiga, irritabilidade e dificuldade de foco tornam-se mais evidentes.
Ao contrário disso, dietas ricas em ultraprocessados, açúcares e gorduras trans favorecem processos inflamatórios e alterações metabólicas que afetam o corpo e o cérebro. Uma pesquisa da Front Public Health sugere que esse padrão alimentar pode desregular circuitos neuroquímicos ligados ao humor e à atenção, intensificando a sensação de confusão mental.
Além do prato
Embora a nutrição seja um pilar essencial para a performance cognitiva, ela não atua isoladamente. Dormir pouco, viver sob estresse constante, manter-se desidratado e levar uma vida sedentária são fatores que contribuem diretamente para o esgotamento mental. A atividade física regular, por exemplo, melhora a circulação para o cérebro e estimula substâncias que favorecem memória e aprendizagem. Já o sono adequado restaura processos neurológicos fundamentais para o equilíbrio emocional e cognitivo.
O caminho para uma mente desperta
Investir em refeições equilibradas, variadas e ricas em alimentos in natura é uma das estratégias mais eficazes para cuidar da nossa mente. A hidratação consistente e a criação de rotinas de descanso e movimento complementam esse cuidado. Para quem enfrenta sintomas persistentes, o ideal é buscar avaliação profissional. Deficiências de micronutrientes, disfunções hormonais, distúrbios do sono e questões emocionais podem estar envolvidos e requerem abordagem integrada.
Assim, as evidências científicas mostram que escolhas alimentares qualificadas favorecem processos cerebrais essenciais, refletindo em melhor atenção, memória e estabilidade emocional. Dessa forma, adotar uma alimentação equilibrada, associada a hábitos de vida saudáveis, é uma estratégia essencial para sustentar o desempenho mental e o bem-estar ao longo do tempo.
*Ana Paula Garcia Fernandes dos Santos é nutricionista, mestre em Alimentação e Nutrição. Atua como docente na Escola Superior de Saúde do Centro Universitário Internacional Uninter.
Autor: Ana Paula Garcia Fernandes dos Santos*Créditos do Fotógrafo: Banco Uninter e Andrea Piacquadio/Pexels


