O pequeno comerciante e as possibilidades de crescimento em tempos de pandemia

Autor: Alessandra de Paula*

Os hábitos de consumo dos indivíduos estão sujeitos a mudanças devido às oscilações do mercado ou pelo surgimento de novos produtos que passam a atender, eventualmente, as necessidades do consumidor. As gerações do período pós Segunda Guerra Mundial nunca tinham sentido necessidade de uma mudança tão drástica em seus hábitos como na atualidade e, se viveram períodos de restrições, essas estavam ligadas à falta de produtos, como alimentos ou roupas. No entanto, a pandemia trouxe novos contornos a essas restrições, tornando-as mais abrangentes, uma vez que lazer e entretenimento também foram atingidos.

Os períodos de isolamento e distanciamento social obrigaram o consumidor a buscar formas alternativas para aquisição de bens e serviços que lhe permitissem a satisfação das necessidades básicas como também o conforto proporcionado pelas atividades de lazer, ainda que no isolamento de sua residência. Observou-se, então, o aumento das compras on-line, principalmente em lojas virtuais ou de e-commerce, que ofereciam entrega rápida e segura.

Com a circulação física limitada a espaços mais seguros e não tão movimentados, o consumidor também voltou a fazer compras no entorno de sua residência, preferindo o comércio do bairro, onde a circulação das pessoas é menor.

Uma pesquisa realizada pelo instituto Kantar e divulgada pelo Jornal de Negócios do Sebrae aponta, de acordo com as respostas dos pesquisados, que 60,2% gostam do fato do número de pessoas no local ser reduzido; 59,6% são atraídos pela proximidade do estabelecimento comercial; o preço acessível atraiu 53,3% e o cumprimento das medidas sanitárias, 47,8%, sendo que 44,9% citaram a ausência de filas como um diferencial a ser considerado.

Cientes das novas exigências do consumidor, alguns comerciantes de estabelecimentos localizados em bairros buscaram adaptar-se para atender essa demanda. Nesse sentido, serviços de delivery, e não apenas para comida pronta, mas também para compras diversas, como gêneros alimentícios, frutas e verduras, além de roupas e calçados, foram sendo implantados, como uma forma de atender às necessidades desse novo público que quer continuar consumindo, mas tem sua circulação restrita, seja pelas regras sanitárias, seja pela conscientização pessoal.

Pesquisa do Sebrae aponta que o comércio existente nos bairros se constitui um agente gerador de renda e de desenvolvimento na região em que está instalado e, para que esse comércio também se desenvolva, o comerciante deve ser empreendedor e estar atento a oportunidades de crescimento, mantendo-se atento ao investimento em marketing e, principalmente, em inovação. Criar conexão com o cliente e utilizar as ferramentas digitais de geolocalização, como por exemplo o Waze ou o Google Meu Negócio, podem ser um diferencial para a empresa.

Outro diferencial pode estar relacionado ao investimento na diversificação dos produtos oferecidos, bem como na oferta de soluções que atendam às necessidades da clientela, como a implementação do omnichannel, mediante a integração de diversas formas de atendimento, como compras on line, por telefone, na loja física, incluindo o serviço de delivery, como já fazem as grandes lojas.

Para implementar essas ações, o comerciante deve fazer uma análise de seu negócio e escolher os canais de venda mais adequados ao seu perfil. Pode, também, buscar parcerias com grandes redes de distribuição de diferentes produtos vendidos online, colocando seu estabelecimento como referência física para a retirada do produto, garantindo, ao consumidor, a redução do estresse gerado nas last miles.

Além disso, a disponibilização de um serviço de atendimento ao consumidor (SAC), em todos os canais de venda, é fundamental para que o consumidor perceba a seriedade e o comprometimento do empreendedor com o atendimento à clientela.

Uma recomendação importante que é feita a esses pequenos comerciantes, para que continuem a ver seu negócio prosperando, é o de que não dá para ignorar os avanços da tecnologia, mas tê-la como aliada é como adquirir um passe livre para ir mais longe e aproximar-se cada vez mais do público consumidor.

Em síntese, é hora do pequeno comerciante aprender a ouvir o mercado e seus clientes, mas, sobretudo, entender os desafios do momento e preparar-se logística e tecnologicamente para enfrentá-los.

A hora é agora! O pequeno comerciante não deve deixar para depois! É urgente que se prepare e ocupe os nichos de mercado que aí estão, em aberto, prontos para serem ocupados.

* Alessandra de Paula é coordenadora dos cursos de Logística e Gestão de E-commerce e Sistemas Logísticos da Uninter.

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Autor: Alessandra de Paula*
Créditos do Fotógrafo: Alterio Felines/Pixabay


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