Marketplace se consolida como canal publicitário rentável

Autor: Luciano Furtado C. Francisco*

O modelo de vendas em marketplace, uma espécie de loja virtual para vendedores de todos os tamanhos, encontrou uma nova fonte de receita, que vai além do tradicional faturamento com vendas. Isso porque se transformou num grande canal publicitário para os lojistas menores, os chamados sellers. Agora, eles têm prioridade para exibir os seus produtos aos consumidores nestes grandes e-commerces.

Só no Brasil, esse tipo de publicidade movimentou no ano passado cerca de R$ 400 milhões, mais que o dobro do total registrado em 2019. Nos Estados Unidos, a Amazon — líder nesse tipo de publicidade online — alcançou US$ 125 bilhões em 2020. Todos ganham. Os sellers ganham visibilidade, que não teriam atuando isoladamente. O mesmo vale aos marketplaces, que obtém mais sortimento de produtos — além das comissões por vendas de itens.

Por aqui esses números só crescem. O Mercado Livre, por exemplo, aumentou em 120% o faturamento nesse tipo de anúncio. A B2Wads (braço publicitário do grupo B2W) aumentou em 283% seu faturamento nesse modelo no segundo trimestre de 2020 comparado ao mesmo período de 2019. No caso da Via Varejo, a receita aumentou em cinco vezes com estes anúncios.

Qual a receita do sucesso destes números? A questão é que os principais marketplaces têm muitos sellers que vendem produtos idênticos. Suponha um modelo de smartphone bastante popular. Certamente haverá dezenas de lojistas, além do próprio marketplace, vendendo este item. Assim, um seller pode comprar publicidade, de modo que tenha a marca e os produtos dele em destaque em meio a tantos concorrentes.

Outro aspecto é que os anúncios são de baixo valor. Por R$ 50 ao dia, um lojista pode promover anúncios em diversas vitrines e resultados de busca no marketplace. Do lado do marketplace, o ganho é por volume. O objetivo é ter milhares de sellers comprando anúncios baratos. No Mercado Livre, por exemplo, 70% da receita vêm desses anúncios, a partir de uma base de 11 milhões de sellers.

Para ampliar ainda mais os canais publicitários, os marketplace vêm focando em grandes empresas também que começam a despertar para a enorme audiência desses espaços de venda. Aí a publicidade é mais cara e mais elaborada, sendo muitas vezes preparadas pelos times de criação do próprio marketplace. Surge, inclusive, um novo modelo de negócio, como a loja de carros usados que a BMW criou dentro do Mercado Livre.

Tudo isso é impulsionado pelos números da internet e dos marketplace no Brasil. Nosso país tem 210 milhões de habitantes. Desses, mais de 100 milhões compram nesses canais de venda. E tem espaço para crescer ainda mais. De acordo com a Exnet, o investimento de publicidade nos marketplaces brasileiros deve crescer 550% até 2023, alcançando receita total de R$ 2,6 bilhões. Isso significa cerca de 10% do montante investido em marketing digital pelas empresas nacionais.

Quem é seller deve ao máximo usar todas as ferramentas possíveis para dar visibilidade para os seus produtos nos marketplaces. Os números acima comprovam o quanto a publicidade é um poderoso aliado das vendas. O desafio no momento é fazer com que muitos sellers deixem de pensar que anunciar nos marketplaces é difícil e caro e não traz lucro, um engano.

Marketplaces têm uma enorme audiência. A compra de publicidade pode dar um up a pequenos varejistas de forma barata e rápida. Ainda mais porque hoje os internautas fazem até mais pesquisas dentro do marketplace do que em sites de busca ou redes sociais.

Quem não investir em publicidade nos marketplace corre o risco de ficar para trás e perder vendas. A última coisa que um seller quer.

* Luciano Furtado C. Francisco é professor da Uninter, dos cursos de Logística e Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos. Também é analista de sistemas e especialista em plataformas de e-commerce.

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Autor: Luciano Furtado C. Francisco*
Créditos do Fotógrafo: Gerd Altmann/Pixabay


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