Mario Alencastro deixa legado sobre ética, profissionalismo e luta pela educação

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

Mario Sergio Cunha Alencastro, mais conhecido como professor Alencastro, ingressou na equipe Uninter em 2008. Convidado por Nelson Castanheira, atual pró-reitor de pós-graduação, pesquisa e extensão da instituição, Alencastro fazia parte de um grande grupo de professores-doutores contratados, visando a transformação da antiga Facinter no Centro Universitário Internacional Uninter.

O diretor da Escola de Negócios da Uninter, Elton Schneider, lembra que Alencastro tinha atitudes diferentes dos mais de 50 profissionais contratados na época. “‘Não quero deixar para depois, quero trabalhar agora, me coloquem em alguma função que possa fazer meu trabalho ser justo e que a empresa tenha o retorno do seu investimento’. Era uma pessoa que valorizava a ética, a moral e a postura profissional, aliás, disciplinas que ele lecionava em nossos cursos”, relembra.

Alencastro graduou-se em Engenharia Civil em 1989, fez especializações em várias áreas de ensino, mestrado em Tecnologia e Sociedade na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento também na UFPR. Na Uninter, ele foi professor da graduação, da pós-graduação, responsável pelo setor de Pesquisa e atuou como professor e pesquisador dos cursos de mestrado e doutorado em Educação e Novas Tecnologias, até o dia de seu falecimento, que aconteceu em 14.mai.2020, aos 61 anos de idade.

Castanheira diz que o colega de trabalho era um “profissional dedicado, proativo e sempre pronto a ajudar. Muito inteligente e de uma cultura invejável. Com os colegas de trabalho estava sempre sorridente, prestativo. Como cidadão, sempre preocupado com o meio ambiente e com a sustentabilidade”.

Mario Alencastro sofreu um infarto repentino e inesperado, já que não sofria nenhum problema cardíaco ou qualquer outra doença grave. Alencastro, que sempre lutou por uma educação de qualidade e dedicou todo o esforço e atenção do seu tempo na academia para isto, descansou deixando a mulher, a professora Lucilia Alencastro, e o filho, Igor Alencastro.

Fosse na sala de aula presencialmente ou através de transmissões ao vivo neste momento de distanciamento social, o professor era muito comunicativo, abordando temas atuais e relevantes, atraindo os alunos e ouvintes no geral. “O que o diferenciava era o dom do discurso firme, com voz forte e clara, defendendo sempre a marca Uninter como seu segundo lar”, pontua Castanheira.

Alencastro era visto pelos estudantes, amigos e colegas como “um paizão, um amigo mais velho, um orientador consciente de suas paixões e ideais”. “Alguém que valia a pena ouvir e que sabia ouvir também. Mesmo que não concordasse com suas ideias, seu objetivo não era impor um pensamento, mas uma reflexão”, conta Schneider.

O coordenador dos cursos de Gestão Comercial e Varejo Digital, Elizeu Barroso Alves, participou de um congresso junto com Alencastro em Uberlândia (MG), em 2019, e relembra a viagem. “Ele sempre me auxiliava quando eu precisava de um expert para falar de sustentabilidade”. Elizeu completa dizendo que no dia a dia era “sempre solicito, muito educado, um gentleman”.

Na vida pessoal, o “carioca da gema” carregava o amor pelo Flamengo e pelas rodas de samba. Alencastro era visto como uma pessoa alegre, “sempre pronta para um bom embate de ideias e posicionamentos”, ressalta Schneider. Estava sempre disposto a confraternizar com os colegas de trabalho e celebrava estes momentos.

Em uma de suas últimas aparições, o profissional participou de uma transmissão ao vivo sobre A ética em tempos de pandemia, no dia 23.abr.2020. Ele inicia o bate-papo fazendo uma reflexão sobre a brevidade da vida e propõe questionamentos sobre como viver encarando este momento tão difícil. No vídeo ele afirma que “a vida é uma imensa incerteza e merece ser vivida em toda sua plenitude”. No encerramento, ele deixa uma mensagem sobre o comportamento humano e atitudes éticas que devem ser tomadas para uma boa convivência e respeito com os demais seres.

“Nós não estamos lidando com uma gripezinha, não é o nosso passado de atleta que vai nos livrar dos efeitos desse vírus. São as nossas atitudes inteligentes, nossas atitudes calcadas em uma ética de responsabilidade, calcadas na prudência e no respeito para com as outras pessoas. A gente tem que ter uma responsabilidade ética no sentido de lidar com esta pandemia. Sejam responsáveis, cuidem-se, cuidem das pessoas que vocês amam, principalmente daqueles mais vulneráveis. E aí sim, nós vamos sair dessa pandemia com a cabeça erguida, com nosso coração mais limpo e com aquela certeza de que nós fomos homens e mulheres melhores diante da crise”, concluiu na live.

O professor Alencastro será sempre lembrado pelo amor que tinha pela educação, pelo conhecimento que possuía e transmitia a todos que tiveram oportunidade de conhece-lo, pela tolerância e pela calma que tinha com as pessoas ao redor, promovendo sempre debates sadios sobre ideias e posicionamentos. Além da ética, a moral e caráter que carregava consigo onde e com quem estivesse.

“‘O certo é certo mesmo que ninguém esteja fazendo. O errado é errado mesmo que todos estejam fazendo’. Sempre que ouço ou lembro desta expressão, me lembro de Mario Alencastro”, finaliza Schneider.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König


4 thoughts on “Mario Alencastro deixa legado sobre ética, profissionalismo e luta pela educação

  1. Esteve em minha casa, jantando, contamos muitas estórias. Vivi no Rio, fiz FGV, e lembramos muitas coisas. Eu, tenho 82anos e ele tinha só 61. Era inteligente e afável. Foi um grande ser humano.

  2. Um professor, um mestre, um amigo…??
    Não tenho uma definição plausível para essa grande pessoa que foi e sempre será Mário Alencastro, também fui aluno e tivemos juntos uma amizade de irmãos… frequentava minha casa, viajavamos juntos, sempre em família, gostávamos muito da cultura Árabe e barzinhos de bossa nova. Aprendi muito com ele e hoje sou o que sou graças às suas teorias sobre a vida, sobre o que devemos ser e sobre o que devemos fazer a respeito dela… Nos últimos anos perdemos um pouco o contato pessoal, porém nos falávamos constantemente por redes sociais, sempre com a desculpa de que havia me “liberado” para que eu pudesse passar para outras pessoas os ensinamentos que eu havia aprendido com ele.. Espero que estajas em paz, meu amigo, estaremos sempre aqui seguindo seu legado com muito amor e dedicação ao próximo..

  3. Exatamente hoje, dois anos de sua morte, estou lendo o livro Ética Empresarial, sem saber acabei procurando sobre este escritor, que pra minha surpresa, já falecido, pelo que vi foi um professor e uma pessoa extraordinária.
    Postei esse comentário pois fiquei admirada com essa coincidência. Foi uma perda irreparável para a sociedade. Expresso meus sentimentos a todos.

  4. Sou, Claudio José dos Santos!
    Eu e Mário fomos grandes amigos dos tempos de Faculdade de Eng. Civil na Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro,…,curtimos algumas noitadas nos bares cariocas e em reuniões na casa dele e de seus pais, aqui no Rio.
    Depois, Mário se mudou com seus Pais e família para o Paraná, e lá o visitei, e onde ele me apresentou àquela que viria a ser minha esposa até hoje, MARIA DE FÁTIMA.
    Esteja em Paz, meu irmão, e que Deus e os mestres o mantenham em um caminho de luz intensa.
    Saudades sempre.

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