Jogos Olímpicos são adiados para 2021. Como fica a preparação dos atletas?

Autor: Bárbara Possiede e Juliane Lima - Estagiárias de Jornalismo

Devido à pandemia do novo coronavírus, diversos eventos esportivos estão paralisados para evitar a aglomeração de pessoas. Como até o momento não se tem estimativa de quando o surto da Covid-19 será controlado no mundo todo, e a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) é para que todos permaneçam em isolamento social, o Comitê Olímpico Internacional (COI) adiou a edição dos Jogos Olímpicos de 2020, que aconteceria em Tóquio, no Japão, durante os meses de julho e agosto.

A decisão era aguardada pela maioria dos atletas, inclusive pelos 178 brasileiros que já estavam classificados para os jogos, pois estão respeitando o período de quarentena, e com isso foram forçados a paralisar seus treinamentos diários.

O COI e a comissão organizadora dos jogos de Tóquio já anunciaram uma nova data, agora em 2021. A previsão é que os jogos aconteçam do dia 23 de julho ao dia 8 de agosto. Os Jogos Paralímpicos também têm nova data para acontecer: o início será em 24 de agosto, com previsão de término no dia 5 de setembro.

Para entender mais sobre os desdobramentos da decisão de adiamento dos jogos olímpicos de 2020, a equipe do Uninter Notícias ouviu o professor Emerson Liomar Micaliski, coordenador de pós-graduação da Área Desportiva da Uninter.

O professor tem acompanhado a evolução dos preparativos para o evento, e quando questionado sobre a decisão de mudança de datas, não tem dúvidas. “Acho que foi uma decisão acertada”. De acordo com ele, assim como em esportes como o futebol e o basquete, que já haviam decretado a paralisação de suas atividades, os jogos olímpicos também não poderiam garantir o bem-estar e saúde dos atletas, profissionais de imprensa e do público que estaria lá para presenciar o evento.

“Os jogos tinham previsão de participação de 11 mil atletas de 204 países diferentes, e até 5 milhões de espectadores do mundo todo, ou seja, muitas pessoas corriam o risco de se infectar”, afirma.

Emerson ressalta também o impacto que essa mudança pode gerar na preparação dos atletas. “Pelas reportagens e declarações dos atletas, percebemos que praticamente todos foram favoráveis ao adiamento, mas essa decisão pode ajudar ou atrapalhar alguns esportistas brasileiros”.

Ele cita alguns casos, como o de Rafaela Silva. A judoca, campeã olímpica na última edição em 2016, está suspensa por doping desde agosto de 2019. Apesar de ter entrado com recurso para diminuição da pena, ela dificilmente estaria apta a participar das seletivas e da edição em 2020. Porém, com a alteração, a probabilidade de que Rafaela possa estar presente na nova data é muito maior.

Outro caso positivo apontado por Emerson é da atleta Rebeca Andrade. A ginasta, que tem sofrido com muitas lesões ao longo dos últimos anos, se beneficiaria deste adiamento, ampliando seu período de recuperação, aproveitando para melhorar a parte física.

Infelizmente a passagem do tempo pode não ser benéfica para todos. De acordo com o professor, alguns atletas podem sofrer para manter sua preparação por mais tempo. “Atletas como Robert Scheidt (vela) e a Formiga (futebol), com 47 e 42 anos respectivamente, terão que lutar para manter sua preparação em alto rendimento, um ano na vida de um atleta representa muito para manter a mesma performance”, explica.

Muitos atletas se manifestaram em suas redes sociais antes e depois do anúncio da decisão. Nomes como Cesar Cielo (natação), Alison Cerutti (vôlei de praia), Paulo André (Atletismo), Lucarelli (vôlei) e Mayra Aguiar (judô) comemoraram a mudança de datas.

Inclusive aqueles que correm o risco de ficar fora da disputa devido ao adiamento do evento, como é o caso de Bruno Guimarães, aprovaram a decisão. Bruno é um dos atletas da seleção olímpica de futebol que extrapola o limite de idade da modalidade no próximo ano. O melhor jogador do pré-olímpico corre o risco de ficar de fora da briga pela medalha olímpica em 2021. Em suas redes sociais, ele frisou: “A principal coisa a se fazer é cuidar e zelar pela vida”.

Vale lembrar que o futebol masculino é a única modalidade que possui limite de idade para a participação nos jogos olímpicos. Por exigência da Federação Internacional de Futebol (FIFA) as equipes devem ser formadas por no máximo 3 jogadores acima de 23 anos.

“Nesse caso em especial, acredito que a FIFA deve aumentar o limite de idade para 24 anos. Isso porque, se pegarmos o Brasil como exemplo, 11 jogadores que vem sendo convocados, e muito provavelmente estariam na seleção olímpica, estarão com idade acima do permitido”, comenta Emerson.

Devido ao adiamento dos Jogos Olímpicos para 2021, o professor da Uninter ainda destaca que possíveis alterações podem acontecer nas competições que já estavam marcadas para o ano. “Cito como exemplo os mundiais de natação, atletismo e boxe, que muito provavelmente terão alterações em sua programação para se adequar ao calendário olímpico”.

A edição de 2020 não foi a primeira das Olimpíadas a sofrer alteração devido a fatores externos. As edições de 1916, 1940 e 1944 já haviam sido canceladas em função da primeira e segunda guerras mundiais.

Para saber mais sobre os Jogos Olímpicos e ficar por dentro do universo esportivo, você pode acompanhar os podcasts Papo Olímpico e Cenários do Esporte, na Rádio Uninter.

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Autor: Bárbara Possiede e Juliane Lima - Estagiárias de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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