João não estava contente com a falta de inclusão, então criou um app que ganhou o mundo

Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de Jornalismo

Todos sabem que a tecnologia é uma facilitadora da vida moderna. Inovação e tecnologia são dois aspectos que andam juntos e não saem de moda. Mas, há uma terceira questão que muitas vezes é deixada de lado nas soluções tecnológicas: a acessibilidade. Hoje, um problema que existe nas novidades do mercado é a falta de inclusão. Novos aplicativos são criados todos os dias, mas será que essas criações contemplam a todos? As plataformas são produzidas pensando também nas pessoas com deficiência?

Foi se perguntando e refletindo sobre essas questões que o jovem empresário João Pedro Novochadlo, de 28 anos, teve a ideia de criar um aplicativo para pessoas com deficiência visual. João é um criativo tecnologista e percebeu que na cidade onde reside, Curitiba (PR), a acessibilidade é pouco satisfatória para esse público.

Chamado de Veever, o app é gratuito e utiliza-se de tecnologia de microlocalização para facilitar a interação e a locomoção de pessoas com deficiência visual em ambientes urbanos internos e externos. Para a ferramenta funcionar, são necessários quatro elementos tecnológicos: smartphones, beacons (dispositivos que emitem um sinal de rádio por meio do bluetooth), computação em nuvem e inteligência artificial.

Desde criança, João sempre foi próximo da tecnologia. Por esse motivo, na faculdade escolheu cursar engenharia elétrica, porém, quando faltava apenas um ano para se formar, não contente com a escolha da profissão, resolveu mudar para a área de marketing. Então, ele optou pelo curso de publicidade e propaganda. Ao terminar a graduação, percebeu que adquiriu conhecimentos tanto na área criativa quanta na área de tecnologia por causa da engenharia.

Foi aí que tomou a iniciativa de juntar essas duas habilidades profissionais em algo maior. O empresário fez uma capacitação na multinacional Apple para ser Devigner – um híbrido do marketing e da tecnologia. Nascia ali a sua real profissão: um criativo tecnologista.

Com habilidades diferenciadas, o jovem participou de diversos hackathons (competições onde a tecnologia é usada para resolver problemas) na cidade de Curitiba, ficando em primeiro lugar em todas os desafios que recebeu.  Em 2014, participou do hackathon do Instituto Paranaense de Cegos (IPC) e lá teve vivência com as maiores dificuldades dos deficientes visuais.

Ele percebeu que não adiantava ganhar prêmios em competições e ter diploma se não pudesse impactar positivamente a vida de alguém. Dito isso, notou que era necessário democratizar a tecnologia: “Ao criar uma tecnologia gratuita para pessoas com deficiência visual, eu estava democratizando a tecnologia. Porque, por mais que existam dispositivos para facilitar a vida dessas pessoas, são dispositivos que muitas vezes são caros e totalmente fora da realidade de uma pessoa com deficiência visual”, destaca.

João criou a ferramenta pensando em 4 pilares que ele considera de impacto social positivo: orientação, mobilidade, autonomia e inclusão. O app foi pensado para ser usado em espaços públicos e privados. É possível instalar os beacons para ser utilizados em shoppings para localizar lojas, identificar linhas de ônibus nas ruas, facilitar locomoção em estabelecimentos, e até em museus para descrever uma obra para um deficiente visual.

A solução inclusiva logo chamou atenção de setores públicos e privados e repercutiu na mídia. Em 2019, o grande festival de música do Brasil, o Rock in Rio, convidou a Veever para auxiliar na estrutura do evento. Foram mais de 25 espaços mapeados e 83 dispositivos instalados. “Foi a primeira vez na história que um festival de música recebeu uma infraestrutura tecnológica de acessibilidade”, destaca o empresário.

Naquele mesmo ano, o aeroporto de Guarapuava (PR) também aderiu à tecnologia inclusiva. Depois disso, a Veever ganhou o mundo. João foi chamado para ser residente no Facebook – num programa onde todo ano apenas 15 empresas são selecionadas para serem residentes. Em 2021, João também foi escolhido como um dos jovens líderes da América do Young Leaders of the America Initiative – programa latino-americano dos Estados Unidos – onde jovens promissores participam de simpósios para desenvolvimento de liderança e networking.

A Veever é um case de sucesso, mas como chegar lá?

João dá dicas de como alcançar sucesso profissional e desenvolver uma ideia inovadora. Ele diz que o primeiro passo é ser desinibido e não fazer o óbvio. “Se você está insistindo em uma coisa e você vê que claramente não está dando certo, talvez você esteja fazendo errado. Vale olhar por outro ângulo e se perguntar: e se eu fizer diferente?”, questiona.

Ele destaca que vale ousar e se arriscar, pois com toda a hiperconectividade da era digital o que é produzido tem potencial de repercutir o mundo. Vale tentar achar soluções para qualquer lugar do globo. “Se você não sabe de um problema que tem no mundo hoje, olhe nas suas redes sociais e busque alguém na Malásia, conversa com a pessoa e pergunte qual é o problema que ela tem e que precisa ser resolvido”, exemplifica.

“Oportunidades não faltam, sei que questões sociais e financeiras podem ser impeditivas para a gente ir atrás do que queremos, mas isso não significa que você não vai olhar para as oportunidades. Assim como eu demorei para achar meu propósito [trocando de faculdade] eu nunca parei de tentar encontrar uma satisfação pessoal na minha vida”, concluiu o empresário.

João falou sobre a Veever e sua trajetória profissional na Aula Inaugural de 2021 da Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios da Uninter. Ele foi o convidado da noite do dia 17.fev.2021 para discutir sobre Inovação e Marketing. A conversa foi mediada pelo professor Elizeu Barroso Alves. Para assistir à íntegra do evento, alunos da instituição devem acessar o Univirtus, entrar na aba “Ao Vivo” e procurar pela palestra no dia correspondente.

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Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Reprodução Facebook


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