Flagras poéticos compõem livro de Eugênio Vinci

Autor: Nayara Rosolen - Jornalista

Como uma câmera fotográfica, que é capaz de capturar flagras pelas ruas, o livro Rua! Crônicas de reclusão e reencontro apresenta textos sobre ocorrências nas ruas de Curitiba (PR) e em alguns casos de São Paulo (SP). São momentos que não possuem dimensão épica, mas perpassam o poético corriqueiro, vislumbrados ocasionalmente pelo professor universitário e escritor Eugênio Vinci de Moraes.

O lançamento acontece nesta quinta-feira, 4 de maio de 2023, na capital paranaense. A partir das 18h, o autor recebe os convidados no Armazém California, localizado na rua Saldanha Marinho, 68, região central. Lançada pela editora Cambalache, da capital paulista, a obra reúne 45 textos que “marcam três momento singulares da experiência do cronista”.

Embora não seja sobre a pandemia ocasionada pelo vírus da Covid-19, as crônicas narram um pouco das experiências vividas antes do distanciamento social, durante a reclusão e após a retomada da vida coletiva. Os cenários se dividem entre a cidade natal do autor, São Paulo, onde visita regularmente a família, e Curitiba, onde mora desde 2006.

“Esse momento de reclusão foi um momento de crise, não só crise sanitária, crise existencial, política, de saúde pública, mas também literária, já que o meu estilo de crônica exige ir para a rua. A terceira parte é a retomada, por isso o reencontro, com as pessoas, com a rua, dessa experiência pós-pandêmica (…). Narra esse momento o qual o planeta inteiro passou, de um ponto de vista local, bem pessoal, com o olhar subjetivo que é próprio da crônica”, afirma Eugênio.

O encontro do professor com o escritor

A relação mais próxima com o gênero textual se deu durante a disciplina de Produção Textual, a qual Eugênio lecionava para o curso de Jornalismo da Uninter, ainda em 2016. Ao propor que os estudantes escrevessem crônicas, tendo Curitiba como cenário, o professor decidiu não se eximir e também encarou o desafio. No ano seguinte, foi lançado o livro Crônicas na sala de aula, com 28 crônicas dos estudantes e uma do próprio docente.

“Acredito que o professor de língua portuguesa deve saber escrever, além de ensinar a escrever. Para ensinar a escrever, me parece que é preciso saber escrever, são coisas um pouco diferentes”, explica.

A escrita de um poema aqui, uma narrativa lá, demonstrava o desejo antigo de escrever, e compartilhar com as pessoas foi o jeito que o professor encontrou de manter a prática. Assim, Eugênio somou o gosto pela leitura de crônicas com a boa experiência em conjunto com os alunos e, em 2019, criou o blog Letra Corrida, que está no ar até hoje. Atualmente, o escritor publica crônicas semanalmente e, por meio delas, foi notado pelo editor Rubem Barros, com quem já trabalhou em uma revista em São Paulo. Barros o convidou para reunir e publicar as produções.

“Me sinto muito feliz. É uma realização, não deixa de ser. Feliz justamente porque surge dessa experiência em sala de aula, funde a minha experiência como professor e escritor. Um escritor temporão, sou novo e velho ao mesmo tempo com essa experiência. Está certo que a experiência da escrita não só acontece quando se escreve, mas acontece também durante a experiência de vida, quando a gente está conectado com o mundo com o olhar literário. O lançamento representa o fechamento dessa primeira fase, dessa abertura. Eu falo que eu saí da gaveta. Espero que seja o primeiro de muitos outros”, conclui o autor.

A obra também pode ser adquirida por meio do site da editora Cambalache, clicando aqui.

Sobre o autor

Bacharel em Língua e Literatura Portuguesa e Italiana e doutor em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), Eugênio completa 15 anos como professor na Uninter em julho de 2023. Ingressou na instituição para oficinas de gramática, de língua portuguesa, e na sequência começou a lecionar em cursos da graduação, na Escola Superior de Gestão, Comunicação e Negócios (ESGCN) e também na Escola Superior de Educação (ESE).

Hoje atua no curso de Letras e também nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Já coordenou grupos de pesquisa, orientou diversos trabalhos de conclusão de curso e participou de congressos com os estudantes.

Em 2017, publicou o livro Crônicas na sala de aula, em conjunto com alunos. Também publicou a obra Processos de revisão textual, pela editora Intersaberes, em 2020. Traduziu O marquês de Roccaverdina, de Luigi Capuana (Berlendis&Vertecchia, 2005), As novelas de Pescara, de Gabrielle D’Annunzio (Berlendis&Vertecchia, 2007), e uma versão em prosa da Divina Comédia, de Dante Alighieri (L&PM, 2016). Além disso, teve uma crônica e um poema entre os finalistas do Prêmio Off Flip de literatura 2022.

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Autor: Nayara Rosolen - Jornalista
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal


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