Fato e impacto: metanol em bebidas reforça riscos da adulteração
Autor: Icaro Palha e Ketlyn Silva - estagiários de jornalismo
Os casos de intoxicação por metanol acenderam um alerta no Brasil quanto à presença de bebidas alcóolicas adulteradas em diversos estabelecimentos. Até o dia 20 de outubro, havia 47 casos de intoxicação confirmados e outros 57 em investigação, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Dentre os estados brasileiros confirmados, São Paulo chegou a ter o maior número de notificações, totalizando 60,81% dos casos.
Para os consumidores, resta a insegurança e a incerteza, já que não é possível identificar a presença da substância nociva pelo paladar, olfato ou mesmo pela visão.
A presença de metanol na bebida só pode ser constatada a partir de testes específicos, como explica o mestre em Química Fernando Carvalho.
A própria produção de bebidas destiladas gera metanol, que precisa ser separado da porção própria para o consumo. O professor da Escola Superior Politécnica da Uninter Guilherme Stocco descreve como é feita a detecção do metanol nesse processo. Ele também esclarece a respeito da produção artesanal de bebidas, que é legalizada no Brasil pelo Decreto nº 6.871/2009, o que incentiva fábricas clandestinas a criarem suas próprias bebidas, sem uma fiscalização adequada.
A semelhança entre metanol e o etanol vai além da aparência química. Ambos são álcoois, mas apenas o etanol deles é seguro para consumo humano.
Quando o metanol é metabolizado, ele se torna tóxico para o organismo e ataca diretamente o sistema nervoso, com destaque para o nervo óptico. Por isso, o tratamento em casos de intoxicação consiste em retardar a metabolização do metanol no organismo.
Os sintomas iniciais da intoxicação por metanol são semelhantes aos do consumo excessivo de etanol – tontura, náusea, enjoo – o que dificulta a identificação precoce. Mas com o avanço da intoxicação, surgem sinais mais graves, como visão embaçada, confusão mental, e convulsões.
Os casos de intoxicação reforçam a importância da fiscalização, da conscientização e do acesso rápido ao tratamento. Em um momento em que casos de intoxicação por metanol ganham repercussão nacional, o conhecimento técnico e a informação de qualidade são aliados na proteção da saúde pública.
Autor: Icaro Palha e Ketlyn Silva - estagiários de jornalismoEdição: Larissa Drabeski e Nayara Rosolen
Créditos do Fotógrafo: Arte: Gabrielle Piontek e Nayara Rosolen
