Falta pensamento crítico em tempos de desinformação

Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismo

“Alguns fatos, misturados com medo, especulação e boato, amplificados e transmitidos rapidamente em todo o mundo pelas modernas tecnologias da informação, afetaram as economias nacionais e internacionais, a política e até a segurança de maneiras totalmente desproporcionais às realidades básicas”.

A definição de pós-verdade criada e publicada pelo analista e comentarista de política externa, segurança nacional e assuntos políticos, David Rothkopf, em coluna no The Washington Post não só caiu como uma luva para compreender a comunicação na sociedade moderna, como nos faz ampliar o debate sobre a quantidade de informação presente nas redes atualmente.

‘Infodemia’ é o termo utilizado para se referir ao grande fluxo de informações que se espalham de uma forma muito acelerada. Utilizada pela primeira vez pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em janeiro de 2020, a expressão também passou a ser empregada por diversos veículos de comunicação.

Com o uso de tecnologias como celulares, computadores e tablets, indivíduos se encontram imersos no mar de informação sem salva-vidas. Muitos já nascem tendo o contato direto com esse universo online, com dinâmicas bem diferentes das enfrentadas por gerações anteriores.

Em meio a tanto conteúdo a todo tempo, como separar o que é verdade do que é mentira? Como saber se aquele conteúdo é legitimo e embasado em boas fontes? A criticidade sobre o que consumimos tem se tornado algo cada vez mais desafiador.

Um estudo desenvolvido pela empresa tecnológica russa Kaspersky em 2021 aponta que 78% dos brasileiros sentem-se saturados de informações no meio digital. A Kaspersky Lab é especializada na produção de softwares de segurança à Internet, com distribuição de soluções para segurança da informação.

“Hoje, é comum observar pessoas que só leem as manchetes de matérias ou reportagens. Elas não param mais para ler”, afirma a Mestra em Educação em Ciências Fernanda Fonseca.

Ela destaca a dificuldade que ainda temos em desenvolver um pensamento crítico que nos auxilie a lidar com diferentes contextos no mundo digital. Frequentes são a situações em que temos que diferenciar fato de opinião, ou mesmo desmentir informações manipuladas ou falsas.

Na opinião da acadêmica, o pensamento crítico cria em nós a necessidade de consumir informações verídicas e que agreguem ao nosso conhecimento de mundo e sociedade.

Por essa lógica, é importante pensarmos qual o papel da educação no desenvolvimento desse tal pensamento crítico e como podemos aplicá-lo em nosso cotidiano para que possamos fugir das diversas armadilhas da rede.

Como ser mais crítico?

A criticidade está atrelada a definir parâmetros para delimitar a qualidade de determinado objeto. Entender que conteúdos de qualidade são produzidos pelo uso de metodologias amplamente comprovadas pela ciência.

O excesso de informação e a velocidade com que elas são consumidas prejudica o aspecto cognitivo e dificulta o desenvolvimento a aplicação do pensamento crítico em nosso dia a dia.

Para mantermos nosso espírito crítico vivo em meio a essa realidade, temos que saber filtrar aquilo que aparece em nossa ‘timeline’ e consumir informação de qualidade.

Um bom parâmetro quanto é consumir notícias diretamente de jornais de credibilidade e agências de checagem de informação, seja através das redes sociais ou dos próprios sites de notícias.

Não se acostume a ler apenas o título das matérias. Busque se aprofundar na leitura e consultar diferentes veículos de comunicação. Cada um deles pode abordar um mesmo fato de diferentes maneiras, enriquecendo a percepção do leitor sobre o ocorrido.

Ao ter dúvidas sobre determinado tema ou fato, pesquise em boas fontes, como textos e publicações de especialistas na área. Além disso, sempre verifique datas e a origem de qualquer informação que pareça suspeita.

Tais práticas ajudam a rebater o senso comum e crenças que não possuem nenhum fundamento, mas que acabam por desinformar e influenciar o debate publico de maneiro não saudável.

Outros aspectos destacados para se desenvolver o pensamento crítico são a pluralidade – observar as diferentes culturas e pensamentos – e a dialética – promover a comparação e a reflexão entre essas diferentes ideias.

“Se você não se abre para ver a perspectiva do outro e não tenta debater por argumentos que sejam somente voltados ao seu interesse, você não consegue desenvolver esse pensamento crítico “, afirma Fernanda.

A mestra e professora da Uninter Fernanda Fonseca foi a entrevistada do Programa F5!, exibido pela Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança da Uninter em 21 de outubro de 2022.

Comandado pelo mestre em educação e professor da Uninter Guilherme Lemermeier Rodrigues, o programa abordou o desenvolvimento do pensamento crítico em meio consumo de informações nas redes.

Assista ao Programa F5! Pelo canal de Youtube da Escola Superior de Gestão Pública, Política, Jurídica e Segurança da Uninter.

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Autor: Leonardo Tulio Rodrigues - estagiário de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski


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