Entre tarifas e diplomacia: o Brasil escolhe a cautela
Autor: *Thiago Meira de Castro
A partir de agosto de 2025, o governo dos Estados Unidos passou a aplicar uma tarifa de até 50% sobre uma ampla gama de produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump, afeta diretamente mais de um terço das exportações brasileiras para o país norte-americano e já provoca impactos econômicos significativos. Diante desse cenário, o Brasil tem adotado uma postura cautelosa e estratégica nas negociações, evitando retaliações precipitadas e apostando na diplomacia econômica como principal ferramenta de resposta.
Essa escolha não é trivial. Segundo levantamento do BTG Pactual, maior banco de investimentos da América Latina, a taxa média efetiva sobre produtos brasileiros saltou de 1,3% para 30,9%, o que pode representar uma perda de até US$ 10 bilhões por ano em exportações. Além disso, estima-se que o impacto no PIB brasileiro seja de 0,2% em 2025 e 0,4% em 2026. Setores como o de carne bovina, café, frutas tropicais, calçados e siderurgia estão entre os mais afetados, com destaque para o café, cuja exportação para os EUA representa 34% do total produzido.
Apesar da pressão interna por medidas mais contundentes, o governo brasileiro tem sinalizado prudência. Em vez de adotar sanções comerciais imediatas, optou por acionar mecanismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), e intensificar o diálogo com congressistas e empresários norte-americanos.
A diplomacia econômica brasileira busca, ainda, diversificar mercados. Países como China, Índia e membros do BRICS surgem como alternativas viáveis para absorver parte da produção que antes era destinada aos EUA. Estados como Ceará e Mato Grosso, fortemente impactados pela medida, já articulam comitês estratégicos para mitigar os efeitos locais. Especialistas apontam que essa diversificação pode fortalecer a resiliência da economia brasileira e reduzir sua dependência de mercados voláteis.
A escolha pela cautela, embora criticada por alguns setores, revela uma maturidade política que prioriza a estabilidade econômica e a preservação de empregos. Em vez de entrar em uma guerra tarifária, o Brasil aposta em soluções estruturais e no fortalecimento de sua posição internacional. Essa postura pode ser decisiva para evitar uma escalada de tensões e abrir espaço para negociações mais equilibradas no futuro.
Diante disso, cabe a todos refletir: em tempos de instabilidade global, não seria a diplomacia o caminho mais eficaz para proteger os interesses nacionais sem sacrificar o futuro?
*Thiago Meira de Castro – Graduando em Administração de empresa, especialista em Engenharia Financeira, atualmente atuando como Professor da Pós-graduação da área de finanças na Uninter
Autor: *Thiago Meira de CastroCréditos do Fotógrafo: Pexels


