Ensinar o oprimido a ler o mundo

Autor: Luiz Garcel - estagiário de jornalismo

Alfabetizar não é apenas ensinar a ler e escrever: é instruir o aluno a tomar consciência do seu papel no mundo. É nisso que acredita a Educação Popular, nascida dos movimentos sociais populares de 1920, tem esse objetivo. É caracterizada por uma forma de educação horizontal e dialógica, que respeita os saberes dos educandos e tem como princípios a ética, a solidariedade e a transformação social.

Numa época em que essa vertente estava restrita a experiências não estatais, Paulo Freire, como secretário municipal de Educação de São Paulo (1989-1991), propôs-se o desafio de instituí-la como política pública. O educador entendia a Escola Cidadã como continuidade da escola pública popular.

A contribuição de Paulo Freire para a educação foi tema do programa Saúde em Foco, no dia 19 de setembro, dia em que se comemora o aniversário do patrono da educação brasileira.

Para debater a importância da educação libertadora, a jornalista Barbara Carvalho recebeu o doutor em educação e serviço social José Luís de Oliveira e a professora do curso de Serviço Social da Uninter e especialista em gestão púbica Juliana Galvão.

“Ele [Paulo Freire] tem um legado muito importante na história da Educação e no campo da alfabetização”, destacou Juliana.

Paulo Freire foi um divisor de águas na Educação Brasileira, já que, no que diz respeito à Educação de Jovens e Adultos (EJA), o país ainda deixava muito a desejar. A partir da Constituição de 1988, o direito à educação foi garantido para toda a população, inclusive a pessoas que não tiveram acesso à escola desde os primeiros anos. No entanto, no Brasil, de acordo com dados do IBGE, cerca de 11 milhões de pessoas são analfabetas, problemática social que perdura desde o século passado e ainda sem um conjunto robusto e articulado de políticas públicas adequadas.

A educação popular surgiu em um contexto de reivindicações populares em 1945, marcado pelo crescimento da industrialização e a urbanização de grandes centros industriais. A partir de 1960, surgem os movimentos de Cultura Popular apoiados ideologicamente pelo Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) que se inseriam nos bairros urbanos, praças públicas, universidades, sindicatos e até em paróquias. Foi nesse cenário que Paulo Freire passou a propor a educação libertadora, com seus livros  que apresentam a constatação da realidade e sugerem a conscientização do povo como um meio de libertação da opressão.

O intuito da educação popular é ensinar o sujeito oprimido a ler o mundo e, com isso, poder transformá-lo. Pode parecer utopia, mas o professor José tem outra visão. “A utopia não é o impossível. É o possível ainda não realizado”, declara.

Com isso, a educação popular é uma ferramenta importante para a mudança de paradigmas. Hoje o pensamento freiriano, de conscientização através das vivencias do próprio sujeito, tem reconhecimento de âmbito internacional.  “A maioria dos países desenvolvidos dão muito valor ao método de educar em Freire”, aponta o professor José Luiz de Oliveira.

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Autor: Luiz Garcel - estagiário de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Portal EBC e reprodução do Youtube


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