Educação libertadora é legado de Paulo Freire para formação de jovens e adultos

Autor: Karla Marcolin - estagiária de jornalismo

Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, em Recife. Devido a sua dedicação aos estudos, foi condecorado com bolsas de estudos em alguns colégios em sua terra natal e formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife. Administrou o Serviço Social da Industria (SESI) e, neste cargo, defendeu um ensino voltado para o contexto sócio-histórico dos sujeitos aprendizes, de modo a se perceberem como protagonistas da sua realidade.

Os feitos de Paulo Freire na alfabetização fizeram com ele fosse exilado durante o Regime Militar. Ficou fora do Brasil durante 21 anos, entre 1974 e 1979. Com a aprovação da Lei da Anistia, voltou ao Brasil em 1980.

Devido ao sucesso do seu processo de alfabetização, Paulo Freire assumiu a Secretária de Educação de São Paulo, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina, entre 1989 e 1992.

Faleceu em 2 de maio de 1997 e deixou um importante legado para a educação brasileira, com 40 livros, artigos e outros escritos.

O ápice do reconhecimento de seu trabalho aconteceu em 2005, por meio de um projeto de lei que o coroou como Patrono da Educação Brasileira, por iniciativa da deputada Luiza Erundina. O reconhecimento foi homologado pela Lei nº 12.612 de 2012, pela ex-presidente Dilma Rousseff.

A sua trajetória é retomada no artigo O futuro da educação de jovens e adultos: o legado de Paulo Freire, de autoria de Maria Aparecida de Vieira de Melo (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Viviane de Bona (Universidade Federal de Pernambuco), Ricardo Santos de Almeida (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas) e Maria Aparecida Cruz (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco).

O artigo, que problematiza a contribuição do pensamento freiriano para pensar o futuro da educação de jovens e adultos, foi publicado em 2021 no Caderno Intersaberes, um dos oito cadernos acadêmicos da Uninter.

Em 1963, Freire inovou ao criar alternativas para alfabetizar adultos em apenas 40 horas. A experiência aconteceu em Angicos, no Rio Grande do Norte. No processo de ensino-aprendizagem, eram utilizados universos vocabulares do povo e, desta forma, a formação política e pedagógica era integralizada.

Em seus escritos, o educador registrou alternativas e possibilidades para a educação, com vistas para uma sociedade menos injusta e mais humana. A educação, inclusive de jovens e adultos, é vista no seu papel de combate às desigualdades sociais.

O artigo analisa discursos de ódio contra o autor, a fim de problematizar retrocessos no campo da educação, que tornam o legado de Freire marginalizado. Um exemplo citado no artigo é o projeto de lei Escola sem Partido (PLS 193/2016), que contesta a discussão da diversidade identitária e cultural dos sujeitos.

Os autores do artigo destacam o legado do autor para enxergar a educação como um ato político-pedagógico, que visa superar uma pedagogia bancária em prol de uma educação libertadora. A ênfase é em uma educação problematizadora, crítica e conscientizadora. Para Paulo Freire, a neutralidade na educação é um mito, já que o processo educativo humaniza pessoas na luta para denunciar e superar as relações de opressão que se estabeleceram entre os indivíduos.

O artigo ainda traz apontamentos e reflexões para o futuro da educação brasileira: “Acredita-se que a educação vem sendo pensada e reestruturada conforme a realidade social, ou seja, o seu tempo histórico”. Nesse cenário, a contribuição de Paulo Freire é vista como essencial para o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa.

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Autor: Karla Marcolin - estagiária de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: José Cruz/ Portal EBC


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