Educação a distância ajudou Luiz Lamberti a contornar a surdez e abrir a própria empresa

Autor: Valéria Alves - Assistente multimídia

 

Luiz Lamberti tem 33 anos e nasceu em Brasília (DF), atualmente mora em Uberaba (MG). É uma pessoa que gosta muito de aprender coisas novas e ler livros os mais diversos, desde o Manual do CEO, Me Poupe, Faça como Steve Jobs, Limite Zero, O Bhagavad Gita e O Mahabharata (que são seus livros preferidos), e até mesmo artigos que profissionais publicam no Linkedin. Segundo ele, uma das frases que gosta e com que mais concorda é “A sabedoria da vida consiste em eliminar o que não é essencial”, do escritor Lin Yutang.

Ao procurar um curso diferente para estudar, ingressou no curso de Gestão da Tecnologia da Informação da Uninter na modalidade a distância, o qual terminou em 2018. Nesse tempo, Luiz realmente se dedicou à educação a distância (EAD) e estudava o conteúdo com muita atenção, assistindo aos vídeos mais de uma vez. Primeiro, assistia sem fazer anotações para memorizar o que foi dito, e depois assistia novamente, escrevendo sobre o assunto para que ele pudesse pesquisar mais sobre a matéria em outro momento.

A EAD ajudou Luiz com algumas dificuldades que ele possuía no ensino presencial, enquanto aluno surdo. Antes de ingressar na Uninter, ele cursava Sistemas para Internet, mas algumas coisas comprometiam sua aprendizagem, como, por exemplo, quando um professor circulava pela sala de aula durante a explicação, virando de costas para os estudantes.

Essa ação fazia com que fosse mais difícil para Luiz entender o que estava sendo explicado, já que ele utilizava de sua habilidade de leitura labial para tentar entender o que outra pessoa estava falando. Já, através dos vídeos, ele podia voltar até a parte que não tinha entendido. Além disso, nesse sentido, algumas situações o favoreceriam nos estudos, como, por exemplo, quando o professor possuía voz firme. As aulas com intérprete de libras também o ajudaram bastante.

“Eu uso aparelho auditivo, e antes utilizava tecnologia analógica. Para ouvir era difícil e, com ambiente onde muita gente estava falando ao mesmo tempo, era complicado entender quem falava comigo. Agora, é o contrário, ouço melhor. O aparelho novo possui tecnologia digital com muitas opções de conectividade e regulagem via smartphone”, explica. “Agora, com todo mundo de máscara, atrapalha um pouco, isso porque às vezes eu entendo outra palavra no lugar da que foi realmente falada, devido ao abafamento do som”. Mas, afinal, nada que Luiz não consiga se adaptar.

Atualmente, Luiz também trabalha na empresa BRAVO – Serviços Logísticos, em Uberaba, seu local de trabalho desde que concluiu a graduação em 2018. Ele compartilha que, no início, acostumar-se com os barulhos de pessoas andando, batendo portas e o telefone tocando na empresa, por exemplo, foi um pouco complicado, mas, segundo ele, sua sorte é que esses mesmos barulhos podem ser regulados.

“Eu posso aumentar ou diminuir o volume, como também regular esses tipos de sons, apesar de eu não saber tudo sobre todos eles. No início foi bem complicado, eu passei a falar baixo, mas ninguém me entendia, por mais que para mim estivesse normal. Hoje em dia, estou quase 100% adaptado com essa nova tecnologia. O barulho que eu mais odeio é o de panela e coisas desse tipo. Horrível”, conta.

Apesar dessas situações, elas nunca foram um empecilho para que Luiz trabalhasse para alcançar seus objetivos. Durante a faculdade, seu sonho era abrir o seu próprio negócio, desejo que acabou se concretizando no atual momento. Durante a pandemia, Luiz viu uma oportunidade para tornar esse objetivo real, e foi quando deu início ao LuizGSTI, tornando-se agora um microempreendedor individual (MEI).

Através de seu negócio (que possui página no Instagram:@luizgsti), ele oferece vários serviços como assistência técnica, manutenção de computadores, configuração e cabeamento de redes, instalação de aplicativos e programas e sistema operacional, entre outros. Segundo ele, sua meta é crescer cada dia mais e poder ajudar o máximo de pessoas a fazer as coisas certas do jeito certo.

“Todos os clientes recebem suporte remoto mesmo depois da conclusão do serviço prestado. Nesse suporte, posso ajudar em algo realmente simples, ou resolver qualquer outro problema de maior complexidade. Todos têm garantia”, conta Luiz.

Além disso, ele também compartilhou alguns serviços que já prestou durante esse período de pandemia, quando auxiliou advogados na configuração de acesso remoto e seguro para trabalhar em casa, e também atendeu alunos, melhorando a rede de Internet para que eles pudessem assistir às aulas online com estabilidade e sem preocupação.

Agora, com seu próprio negócio e também como colaborador de uma empresa, o tempo de Luiz é corrido, mas, do mesmo modo, é bem administrado por ele. Para lidar com ambos os compromissos, ele trabalha no LuizGSTI através de agendamentos, em que os clientes podem solicitar seu serviço e definir o dia e horário previamente.

“Além de muita competência, é uma pessoa muito solícita”, diz o depoimento de um de seus clientes. “Ele acerta em todos os serviços que ele faz, já consertou Mac, notebook e até computadores normais meus, e tudo que ele fez ficou em perfeito estado”, afirma.

Apesar de já ter aberto sua própria empresa, os sonhos de Luiz não acabam por aí. Além do seu trabalho, uma das coisas que também deseja ver são os seus colegas surdos trabalhando e sendo independentes, assim como ele. Para Luiz, as oportunidades para PCDs (Pessoas como Deficiência) ainda são poucas de um modo geral e as habilidades de cada um não são aproveitadas, mas a torcida é para que essa realidade mude um dia.

Mesmo tendo conhecimento na área através da graduação e das leituras que realiza, para ele, conhecimento nunca é demais. Por isso, ele tem se capacitado sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para agregar mais uma competência aos seus serviços e poder oferecer, futuramente, consultoria de qualidade aos clientes. Além disso, também tem feito análises e testado novas funções do Instagram, plataforma que utiliza para o seu negócio.

Luiz também sonha em conhecer toda a Uninter para construir uma lembrança melhor da instituição, pois, como ele estudou a distância, ainda não teve essa oportunidade. Ele também comentou sobre o desejo de conhecer pessoalmente o professor Luis Gonzaga (coordenador do curso Gestão da Tecnologia da Informação), pelo qual tem muita admiração. Os dois não só compartilham o mesmo nome, como também do mesmo sentimento.

“O Luiz foi um aluno muito dedicado, atencioso e que sempre demonstrou interesse em ir além do básico”, diz o professor. “Como resultado dessa determinação, tornou-se um empreendedor de sucesso, superando sua restrição auditiva com muito esforço e prestando serviços de excelência, com o cuidado e a atenção que os clientes exigem, aliados a um rigor técnico ímpar. Tenho certeza de que ele não vai parar por aí e, com sua curiosidade, capacidade e determinação, vai expandir sua atuação e construir sua carreira de sucesso. Essa é a maior recompensa que nós, os professores e colaboradores da Uninter, podemos receber: O sucesso de nossos alunos”.

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Autor: Valéria Alves - Assistente multimídia
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Reprodução do Facebook


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