Economia solidária é a aposta para uma sociedade cooperativa

Autor: Poliana Almeida – Estagiária de Jornalismo

Sete feiras livres de sábado são antecipadas para esta sexta-feira. Foto: Ricardo Marajó/SMCS

No nosso atual modelo de negócio, quando falamos em economia nos vem à cabeça a ideia de uma grande engrenagem. Para essa engrenagem continuar em funcionamento é preciso que as pessoas continuem trabalhando, buscando renda para comprar tudo o que desejam. Este dinheiro obtido é uma pequena fração do que a empresa gerou como lucro, o que historicamente gera tensões entre patrões e empregados.

Entretanto, existem modelos alternativos em que as duas partes dessa relação do trabalho (o empreendedor que investe o capital e o trabalhador que vende sua mão de obra) são remunerados de acordo com a produção e, de quebra, contribuem para a comunidade. Estamos falando da Economia Solidária.

O próprio termo ‘eco’ vem do grego oikos, que significa casa. ‘Solidária’ é o contrário de egoísta, ou seja, é a preocupação com o outro. Logo, se considerarmos que a nossa maior casa é o planeta, temos que economia solidária é “fazer uma boa administração disso e repensar como a gente organiza a nossa vida, o que a gente produz, qual a nossa felicidade. Ela se apresenta como um novo modelo de desenvolvimento, de repensar toda nossa forma de vida”, descreve a professora Nabylla Fiori, doutora em tecnologia e sociedade e pesquisadora do tema.

Nabylla ressalta que a economia solidária não é apenas um conceito teórico, mas um movimento que está crescendo com o passar dos anos. Segundo a docente, a definição de economia solidária surgiu em meados dos anos 1980, como uma resposta ao neoliberalismo e à ditatura na América Latina. Por outro lado, “como prática, existe desde sempre, desde que a sociedade surgiu”.

E como todo bom movimento organizado, os participantes da economia solidária devem seguir alguns princípios, tais como:

  • Valorização do ser humano
  • A autogestão
  • A solidariedade
  • A cooperação
  • O respeito à natureza

Vamos colocar isso em uma situação prática. Imagine que um produtor de morangos queira ofertar seus produtos dentro de uma lógica da economia criativa. Ele não poderá acelerar o crescimento da fruta, o ciclo natural de desenvolvimento deve ser respeitado. Isso significa que só terá morango pra vender na época de morango.

Além disso, os trabalhadores que auxiliaram na colheita serão remunerados. Mas a grande diferença para o sistema capitalista é a divisão justa dos lucros. Isso quer dizer que se o produtor tiver dois trabalhadores e a venda dos morangos resultar em R$ 300, cada funcionário ficaria com R$100, assim como o dono. Ou seja, “é um empreendimento como outro qualquer. Se eu produzo, eu vendo. Mas cada um vai distribuir de forma igualitária. Cada empreendimento vai determinar isso de uma forma”, descreve a professora.

“Você não tem chefe. Sempre é uma estrutura horizontal. A ideia do respeito à natureza é muito forte. Em uma feira de economia solidária, por exemplo, você não vai encontrar produtos importados da China. Não é só trabalho artesanal, mas você não vai ver produção em larga escala. Na economia solidária, o foco não é vender um monte, gerar lucro, é você atender demandas principalmente”, complementa Nabylla.

Os levantamentos feitos pelo Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária (SIES) mostraram que essa comunidade vem crescendo. Em 2005, eram cerca de 18 mil empreendimentos dentro da Economia Solidária. Já em 2007, com a base de dados ampliada, o número chegou a 22 mil.

E aqueles que ofertam algum produto ou serviço dentro desse sistema passaram, em sua maioria, pelas incubadoras. Elas são as responsáveis por interligar os produtores, auxiliar na precificação justa do produto e na organização da produção, e ainda incentivar os estudos da economia criativa: “Um dos principais focos da incubadora é a formação continuada. Você não entra na economia solidária sabendo tudo, você nunca vai saber tudo, porque a gente vai estar sempre se reinventando enquanto ser humano também”, explica a pesquisadora.

Ainda que o contato com as incubadoras seja o caminho natural para quem quer se desenvolver nesse setor, ele não é obrigatório. “Os empreendimentos de economia solidária participam dos fóruns municipais, estaduais, nacionais. Esse seria um dos pré-requisitos, digamos assim. As incubadoras são as responsáveis por fazer esse contato, essa junção do movimento. Não é obrigatório, mas você sempre vai estar em contato com alguma dessas entidades”, descreve Nabylla.

Seja para os empreendedores que estão há muito tempo no mercado, seja para quem quer começar a vender algum produto ou serviço, a economia solidária tem se mostrado como uma ótima alternativa de atuação. Já começar sabendo que não estará sozinho é o que motiva muitos participantes a acreditarem no crescimento do movimento.

O tema Economia Solidária: O que é isso? foi debatido em uma live no dia 25.mai.2021, transmitido pelo AVA Univirtus. A professora Nabylla contou com a mediação da coordenadora dos cursos de Pós-graduação na área de Serviço Social da Uninter, professora Talita Ketlyn Costa Cabral, e da tutora do curso de Serviço Social, professora Relly Amaral Ribeiro.

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Autor: Poliana Almeida – Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Ricardo Marajó/SMCS e reprodução


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