Cultura da periferia transforma realidade local. Veja exemplos em 3 estados

Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de Jornalismo

O programa Arena Cultural é um dos destaques da Escola Superior de Educação da Uninter em 2021. Transmitido pelo canal do YouTube da Escola, o programa promove atividades artísticas e culturais entre os alunos, além de importantes debates acerca de temas relacionados à cultura, sociedade e diversidade.

Os debates contam com a participação de professores da Uninter e de convidados de todos os cantos do Brasil, que trazem seus projetos e experiências para que sirvam de inspiração à comunidade acadêmica. O programa do último dia 15 de outubro apresentou o tema Cultura da periferia na periferia, com relatos de diversos artistas populares.

A diversidade pernambucana

Doutora em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Tereza França trabalha com comunidades de periferia em Pernambuco. Ela falou sobre o trabalho realizado no estado, que teve início da década de 1990, com apoio do Ministério do Esporte. Atualmente, ele é feito de maneira remota, inserindo os idosos no ambiente online.

Em 2019, com a extinção do ministério, o projeto passou a não mais receber recursos governamentais, e mesmo assim continuou trabalhando. “Nós estamos ali com uma tarefa acadêmica e social de construção de conhecimento para nós, mas principalmente para a comunidade”, conta.

As atividades do projeto incluem passeios culturais para conhecer a cidade, além de atividades com presidiários, incluindo visitas da comunidade a terreiros para conhecer mais sobre a cultura local. O discurso de Tereza é o de combate ao racismo. Com isso, ela busca exaltar a diversidade presente nos mais diferentes lugares do estado, o que inclui todas as faixas etárias e condições sociais. “Conheçam as periferias”, reforça.

Quilombaque, 16 anos de luta e resistência

Camila Cardoso é produtora cultural e arte-educadora. Ela atua na Comunidade Cultural Quilombaque (foto), localizada no bairro de Perus, zona noroeste de São Paulo. Desde 2005, essa organização sem fins lucrativos é responsável pela produção da arte e da cultura, proporcionando aos moradores da região oportunidades culturais e de lazer.

A criação da comunidade se deu através da observação dos jovens quanto à região em que viviam. A violência era constante e tinha como principal alvo os jovens e as mulheres. Com isso, percebeu-se a necessidade de exaltar a cultura local e atrair a atenção das pessoas por meio da história e da arte.

Foi em 2014, através do instrumento de gestão urbana conhecido como “Territórios de Interesse da Cultura e da Paisagem” (TICP), que a comunidade conseguiu criar o Museu Territorial de Interesse da Cultura e da Paisagem Tekoa Jopo’í, nome de origem guarani, em que Tekoa se refere a “território” e Jopo’í significa “lógica econômica dos povos”.

O museu tem como intuito preservar a história e o território, assim como desenvolver a comunidade, propor diálogos, conectar movimentos sociais, resgatar a memória da região e divulgar a luta da periferia. Nesse processo, foram mapeados lugares dos territórios de Perus, Anhanguera e Jaraguá ligados principalmente à história e às lutas sociais, para assim criar trilhas educativas. Elas possibilitam diferentes percursos e olhares dos ambientes das regiões.

Com a necessidade de organizar e dinamizar as trilhas, nasce a Agência Queixadas de Desenvolvimento Eco Cultural, responsável por transportar os visitantes pela região e proporcionar as visitas aos locais culturais. A região também conta com rede de hospedagem comunitária, guias locais, tradutores, além de serviço de alimentação e transporte.

O turismo praticado na região é chamado de Turismo de Resistência. “O nosso bairro foi formado por muitas lutas, o nosso bairro ainda engaja muitas lutas e é assim que a gente continua lutando e desenvolvendo nossas atividades”, afirma Camila.

Projetos incluem música e esporte

Ainda em São Paulo, a música contribui para promover o engajamento social e a cultura em diferentes regiões do estado. Mantido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, o Projeto Guri é considerado o maior programa sociocultural brasileiro, com mais de 340 polos de ensino distribuídos por todo o estado.

A iniciativa oferece cursos de iniciação musical, luteria, canto coral, instrumentos de cordas, sopros, teclados e percussão para crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos. As atividades são oferecidas em período de contraturno escolar para mais de 50 mil alunos anualmente.

“Uma coisa legal que a gente fazia era ir em alguns bairros, todos os professores, e apresentávamos instrumentos. A gente cantava, tocava e levava alguns alunos mais antigos para que pudessem ver o que é o nosso projeto” conta Tais Chagas, aluna do curso de Música da Uninter e atuante no projeto Guri na cidade de Campos do Jordão (SP).

Já no Paraná, o esporte também tem sido utilizado como instrumento de valorização e conscientização social. Professor da Uninter, Eduardo Emilio Lang destaca o projeto que está sendo iniciado no município de Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba. Em parceria com a Secretaria Municipal do Esporte e Lazer, o projeto utiliza o antigo centro de educação integral da cidade para promover a iniciação de crianças, jovens e adultos no judô.

“Nós temos esse espaço. Ele foi adaptado, foi reaproveitado, mas veio bem de encontro às nossas necessidades”, afirma. Ele explica que esse é um projeto do município para seus habitantes, para que as crianças sejam contempladas por uma nova modalidade.

Os relatos apresentados ao longo do programa Arena Cultural evidenciam que a inclusão e a promoção de cultura podem ser feitas através de qualquer área da sociedade, buscando sempre o contato humano e a disseminação do conhecimento nas diferentes comunidades brasileiras.

Você pode conferir o programa Arena Cultural na íntegra clicando aqui.

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Autor: Leonardo Tulio Rodrigues – Estagiário de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Facebook/Comunidade Cultural Quilombaque


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