Como muda o mercado de roteiristas com a chegada do metaverso?

Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de Jornalismo

A produção de filmes e séries por serviços de streaming como Netflix tem gerado grande demanda por roteiristas e profissionais do audiovisual. Para se ter uma ideia, em 2019 a gigante do streaming estava trabalhando em 30 produções brasileiras. Vale ressaltar que o Grupo Globo também tem contribuído para o aquecimento do mercado audiovisual no Brasil. Atualmente, o serviço Globoplay tem dez séries originais no catálogo.

Segundo o professor José Nachreiner, roteirista e diretor audiovisual, a era digital é um grande momento para os profissionais da área. Ele ressalta que a chegada do metaverso vai elevar o mercado de entretenimento, diversão, games e storytelling para marcas.

Desde que Mark Zuckerberg anunciou a mudança de nome da empresa para “Meta”, em 28 de setembro de 2021, o termo “metaverso” ganhou repercussão nas redes sociais. Considerado o “próximo capítulo da web”, essa tecnologia promete revolucionar a forma como interagimos na Internet.

O metaverso é um universo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais. É um espaço coletivo em que as pessoas vão interagir entre si, por meio de avatares virtuais. É um mundo compartilhado a partir de tecnologias como realidade virtual, realidade aumentada e Internet.

“Você será capaz de fazer quase tudo que você possa imaginar — reunir-se com amigos e família, trabalhar, aprender, brincar, fazer compras, criar —, bem como experiências completamente novas que realmente não se encaixam na forma como pensamos sobre computadores ou telefones hoje”, explicou Zuckerberg à imprensa ao anunciar a mudança do nome Facebook para Meta.

Um levantamento da Bloomberg Intelligence calcula que a oportunidade de mercado para o metaverso pode atingir US$ 800 bilhões (R$ 4,5 trilhões) até 2024. Já o Bank Of America incluiu o metaverso na sua lista de 14 tecnologias que revolucionarão as nossas vidas.

Ainda de acordo com o relatório da Bloomberg, o metaverso vai gerar uma economia forte, englobando o trabalho e a diversão, enquanto transformam indústrias e mercados muito tradicionais, como as finanças, os bancos, o comércio e a educação, saúde e fitness, além do entretenimento para adultos.

Neste sentido, Nachreiner afirma que essas experiências vão exigir uma demanda por roteiristas e produtores audiovisuais. Seja para contar uma história num mundo paralelo, desenvolver um game ou criar um storytelling imersivo para marcas. “Vão surgir novas profissões. Até um tempo atrás, por exemplo, não existia um designer UX, é uma profissão da era digital. Um profissional voltado para a experiência do usuário”, explica.

Nachreiner ressalta ainda que o metaverso só será possível se as gigantes da tecnologia cooperarem para que seus produtos sejam compatíveis entre si. As empresas Microsoft e Roblox também estão investindo para que esse novo universo se concretize. Tudo deve ser compatível; por exemplo, o seu avatar poderá responder uma mensagem do WhatsApp dentro de uma reunião virtual do Microsoft Teams.

Um caso emblemático de metaverso

O jogo Fortnite, da Epic Games, é um bom exemplo de metaverso. Trata-se de um game online em que os jogadores interagem entre si. Grandes artistas da música pop já se apresentaram ao vivo, em forma de avatares dentro do game em 2020 e 2021. É o caso da cantora Ariana Grande, o rapper Travis Scott e o DJ Marshmello.

“Tudo isso só foi possível porque teve roteiristas trabalhando para que tudo desse certo no game. Aliás, um game só é feito por ação de roteiristas, com criação de storyboard em conjunto com designers gráficos. Todos os shows desses artistas tiveram uma absurda audiência”, diz Nachreiner.

Por fim, Nachreiner diz que é preciso que estejamos preparados para esse novo mundo. Um mundo de novas oportunidades para as profissões já existentes e surgimento de novos tipos de trabalho:

“Não espere um mundo comum para os próximos anos. Vai ser muito mais incomum do que a gente se acostumou a viver. A velocidade de processamento de dados nos possibilitou, por exemplo, um escudo para a Covid-19 que poderia ter durado dez anos. Eu comparo isso com a chegada na Lua, só que foi feito em menos de um ano e só foi possível pela Inteligência Artificial, com computadores ligados uns aos outros e pela velocidade de processamento e pelo armazenamento de memória. Tudo isso é um mundo que vamos ter que estar preparado para ver”, finaliza.

Nachreiner levantou essa discussão em live do programa Vem Saber, na edição de pós-graduação em Comunicação, no dia 09.dez.2021. A conversa foi mediada pelo professor Clóvis Teixeira. Você pode conferir o webinar completo clicando aqui.

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Autor: Kethlyn Saibert - Estagiária de Jornalismo
Edição: Arthur Salles
Créditos do Fotógrafo: Reprodução internet/Travis Scott no Fortnite


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