Como melhorar a nutrição com hábitos alimentares mais saudáveis

Autor: Sandy Lylia da Silva - Estagiária de Jornalismo

O Brasil é detentor de 18% de toda biodiversidade vegetal do planeta, mas, mesmo com toda esta multiplicidade de plantas, quando se trata de consumo alimentar, optamos por uma variedade cada vez menor em nosso dia a dia. Com uma matriz agrícola baseada em culturas como o arroz, soja, café, feijão, laranja, batata, milho e trigo, a dieta da maioria dos brasileiros anda cada vez mais monótona.

Acostumados a comprar mais do mesmo, permanecemos restritos à disponibilidade de alimentos comercializados em locais convencionais e de fácil acesso, muitas vezes por mera comodidade.

Segundo o nutricionista e coordenador do curso de bacharelado em Nutrição da Uninter Alisson David Silva, a inclusão da diversidade de alimentos na primeira infância é fundamental para a formação de hábitos alimentares saudáveis. “O ato de degustar alimentos diversos desde cedo e dentro do ambiente familiar cria memórias afetivas e também amplifica o paladar”, explica.

No entanto, com a chegada da globalização e o maior acesso aos alimentos de várias culturas, enfraqueceu-se antigos hábitos de preparo da própria comida, diminuindo o espaço de itens regionais possuidores de alto teor nutritivo.

Outro fator da pouca variedade no prato dos brasileiros seria a comercialização em larga escala de monoculturas, mais viáveis economicamente, e que acabam por limitar o sortimento da ingestão diária de vitaminas, proteínas e minerais pelas pessoas, além de empregarem grande quantidade de defensivos agrícolas em seu cultivo.

Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) são compromissos mundiais que compõem uma agenda global para a criação e efetivação de políticas públicas essenciais para o desenvolvimento humano. Alisson chama atenção para o ODS 2, “Fome zero e agricultura sustentável”, e esclarece que a biodiversidade é fundamental no papel de segurança alimentar.

“Segurança alimentar é o real acesso de uma pessoa ao alimento, onde ela possa ter o poder de escolha do que vai consumir, respeitando sua cultura alimentar. Muitas plantas que possuem um conteúdo nutricional diferenciado foram esquecidas, necessitam ser resgatadas e inseridas no cardápio diário das pessoas, nossa biodiversidade tem esse papel”, comenta.

As “pancs”, plantas alimentícias não convencionais, eram bastante consumidas antigamente, mas perderam lugar para as cultivares de alta produtividade. “Muitas vezes as pessoas consumiam pancs na infância e hoje passaram a não se alimentar delas pelo desuso, ou por acharem que é mato, desconhecendo todos os benefícios delas em nível nutricional”, afirma o nutricionista.

Uma grande contribuição no resgate da biodiversidade alimentar, segundo ele, seria a qualificação e valorização da agricultura familiar sustentável, pois esse nicho consegue contribuir com a produção de espécimes diferenciados, incentivando o consumo de alimentos da biodiversidade regional, garantindo segurança alimentar e nutricional.

Alisson reforça o conceito de utilização das pancs, dando exemplos como a caruru-de-mancha, rica em proteínas e minerais. O crem, raiz forte utilizada como tempero, pode ter suas folhas também consumidas, pois possui efeito depurativo. O cará roxo, que possui antocianina, um potencial antioxidante e a bertalha-coração, típica das regiões Sul, Sudeste e Nordeste, é rica em fibras, ferro e cálcio.

Abordando o ODS 12, “Consumo e produção responsáveis”, Alisson ressalta a importância do planejamento na compra dos alimentos, evitando desperdícios, pois o custo atrelado a um alimento descartado é maior do que o seu valor monetário, pois abrange o uso de uma cadeia de insumos muito maior do que o seu valor de venda.

“Precisamos pensar fora da caixa, resgatar nossas raízes, consumir alimentos diferentes, experimentar. Muitas pessoas possuem paladar infantilizado, ingerem sempre as mesmas coisas. Quanto mais colorida e diversa nossa alimentação for, dificilmente manifestaremos alguma deficiência nutricional”, conclui.

Uma alimentação mais variada, resgatando cores e sabores regionais, foi o tema da conversa de Alisson com a coordenadora do curso de Gestão Hospitalar, Ivana Busato, durante a 2ª Maratona Ecos do Brasil – Biodiversidade, a vida em ação, organizada pela Escola Superior de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades da Uninter.

O evento contou com 12 horas de palestras com tema principal “Biodiversidade, a vida em ação”, trazendo debates sobre meio ambiente, humanidades e saúde. Você pode acompanhar a palestra completa clicando clicando aqui.

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Autor: Sandy Lylia da Silva - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: August de Richelieu/Pexels


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