Cineclube lança olhar sobre perspectiva feminina no filme Julieta de bicicleta

Autor: Evandro Tosin – Assistente de Comunicação Acadêmica

Filme sobre mulheres produzido, roteirizado e dirigido por mulheres, “Julieta de Bicicleta” (2018) apresenta uma protagonista não-hollywoodiana, fora dos estereótipos convencionais e mais próxima do cotidiano, que valoriza a diversidade e a voz feminina. O roteiro é de Alana Rodrigues e a direção, de Juliana Sanson.

O filme foi objeto de discussão da última sessão do CineClube: Luz, Filosofia e Ação, no dia 20 de outubro. O encontro teve a participação diretora do curta-metragem e dos professores da Escola Superior de Educação (ESE) da Uninter Douglas Henrique Antunes Lopes, Maria Emília Rodrigues e Nilson dos Santos Morais.

Gravado nos bairros Hauer e Boqueirão, em Curitiba, o curta mostra uma noite nada comum na vida de Julieta (Guenia Lemos), que pedala uma bicicleta e acaba sendo vítima de uma tentativa de assalto. Curiosamente, o amigo de seu filho, “Cabeça” (Vitor Hugo do Amaral), aparece e a salva. Eles vão para um bar e conversam durante horas.

Por meio desta conversa informal, Julieta revela sua vida pessoal. Com uma frustração amorosa, acabou se desestabilizando e passa olhar para si. Ela também conhece mais sobre o seu filho, aspectos que até então estava ignorando. Em meio a uma crise existencial, passa a enxergar coisas que não estava vendo em sua vida, uma espécie de retomada do controle e de autoconsciência.

A diretora do curta é sócia da Fabulário Filmes, com ampla experiência em produções audiovisuais para a educação. Juliana fez parte do Núcleo de Pesquisa e Produção do Projeto “Olho Vivo”, em Curitiba, entre 2003 e 2007, onde atuou em produções coletivas. Entre elas, uma série de documentários com temática social. Juliana também foi diretora cultural da Associação de Vídeo e Cinema do Paraná (AVEC), entre 2014 e 2016.

Juliana lembra que nunca imaginou estar em um cargo de direção de filmes, até mesmo por não ver mulheres ocupando esse espaço. Por isso, primeiramente ela atuou como roteirista. Sua formação é em Letras-Inglês, com especialização em leitura de múltiplas linguagens. A cineasta comentou sobre a luta de participação da mulher no cinema e também o que ela quis retratar na personagem Julieta.

“As histórias, até então, mesmo as histórias das mulheres, eram contadas por homens. A visão era masculina, mesmo que tivesse um carácter feminino. A partir do momento que a mulher começou a ganhar esses espaços, a gente começou colocar a nossa temática, a história de uma mulher protagonista. O que interessa pra gente contar, as nossas questões, os nossos problemas”, relata.

“Julieta é uma mulher que tinha minha idade e que estava passando por essa questão. É o ponto de virada. Tudo que estava programado, alguma coisa deu errado. No caso, foi uma relação amorosa que naufragou. Foi um impulso para dizer ‘o que estou fazendo com a minha vida?’ A partir do momento que algo acontece, que me tira o chão, preciso olhar para outros aspectos da minha existência. Ela não estava se olhando como mulher, e como esse relacionamento afetou a vida dela, com o filho. Essa noite é uma revelação de muitas coisas”, explica Juliana.

Durante o encontro do cineclube, a docente Maria Emília destacou a importância do cinema na sociedade. “O cinema é algo poderoso, porque em 15 minutos a gente vê questões de classe, gênero, faixa etária, questões familiares, inclusive até um pouco da criminalidade. Toda produção midiática pode ser objeto de crítica ou análise. Pode tanto reforçar ideologias ou opressões, ou ajudar a desconstruí-las”, sintetiza a professora.

De acordo com Lopes, o encontro foi muito importante porque o público feminino, sobretudo, se sentiu motivado pelos espaços que a diretora conquistou e se sentiram privilegiadas por poder participar da sessão interativa. O ano de 2021 foi especial para o CineClube: Luz, Filosofia e Ação por ter participação de diretores de cinema. Em julho deste ano, já havia participado o diretor paranaense Gil Baroni.

Um curta super premiado

A obra “Julieta de Bicicleta” recebeu prêmio de melhor roteiro e trilha musical no 14º Encontro de Cinema dos Sertões e de melhor atriz 13º Santa Maria Vídeo e Cinema também, ambos em 2019. E muito mais convites surgiram para a participação do curta em festivais e mostras de cinema. São eles:

  • 22º Brussels Short Film Festival;
  • 7º Festival de Cinema da Baixada Fluminense;
  • VI Shortcup World Film Festival;
  • Cine Jabó: 1ª Mostra de Cinema de Jaboticatubas;
  • 5ª Mostra Ela na Tela;
  • 3ª Mostra SESC de Cinema;
  • X Festival Internacional PACHAMAMA – Cinema de Fronteira;
  • 11ºCine Fest;
  • 41º Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano;
  • XI Cine Creed;
  • Festival de Cinema e TV de Muqui (FECIM);

Para assistir ao debate completo, acesse o canal do Youtube da Escola Superior de Educação (clique aqui) ou entre na página do Facebook da área de Humanidades (veja aqui).

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Autor: Evandro Tosin – Assistente de Comunicação Acadêmica
Edição: Mauri König
Créditos do Fotógrafo: Reprodução


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