Chekyvy confronta dois mundos em busca da terra sem mal

Em um mundo predominado pela internet e as falsas aparências, falar sobre o quanto podemos ser falhos é um enfrentamento que parece impossível. Pois é isso que propõe a peça “Chekyvy – Terra Sem Mal”, da Céu Vermelho Produções, que faz sua estreia em Curitiba. O espetáculo, direcionado ao público jovem e adulto, ficará em cartaz de 8 a 23 de março, na Sala Simone Pontes, na sede da Cia. do Abração (Rua Paulo Ildefonso Assumpção, 725).

A temporada de apresentações acontece na quinta (13.03) às 20horas, sextas (14 e 21.03) às 20horas, e aos sábados (8, 15 e 22.03) e domingos (9, 16 e 23.03) às 18h e 20h. Nas sessões dos dias 9 e 16, o espetáculo terá tradução em LIBRAS.

A peça flui a partir da história de um encontro espiritual, onírico e presencial entre um velho Guarani e uma mulher cosmopolita, num insólito espaço e tempo. No palco, as experiências profundas e existências de duas culturas diversas e conflitantes se estabelecem através de uma conversa plena, pontuada de poesia, música, curiosidade, afetos e confissões.

O texto original e inédito, foi elaborado através do processo de criação coletiva. A peça foi escrita em uma parceria artística com o ator Blas Torres e o dramaturgo Rafael Camargo. A direção é de Letícia Guimarães e a música foi composta por Alysson Siqueira, professor do curso de licenciatura em Música da Uninter.

Chekyvy traz à tona a reflexão sobre atitudes e pensamentos humanos em relação ao mundo que construímos. A busca pela “terra sem mal” ilustra o que possivelmente une os seres humanos num planeta devastado pela ganância, ignorância e deslocamento da realidade e da essência da vida.

“Teatro é feito por gente. E, neste momento, Chekyvy – meu irmão, por amigos que se encontram para unir vozes e clamar por mais uma chance. Teatro que conduz a transver realidade e buscar possibilidades. Ser sincero e amoroso com o nosso ofício. É isto que queremos. Nestes tempos confusos, morremos em vida muitas vezes. Mas, renascemos nestes instantes mágicos que dão sentido à vida. Chekyvy, obrigada meus irmãos de arte, desta equipe que o destino, magicamente, ajudou a reunir. Meu desejo é que esta lufada de esperança possa tocar, carinhosamente o público, em comunhão, para um querer bem coletivo, para uma terra sem mal”, revela a diretora Letícia.

“Chekyvy é um ato de amor. A liberdade que tive na construção da peça é um exemplo transcendental da cultura Guarani, uma viagem de conexão, o olhar de quem vê e sorri com a experiência de simplesmente ver o que vê. A inexplicável existência se torna mágica e a alegria, os atores, a direção, a dramaturgia são alegorias num móbile suspenso no escuro da floresta do inconsciente humano”, comenta Rafael Camargo.

Segundo Blas, a história proposta por Chekyvy refletem sobre nossas escolhas de vida e permite também que possamos falar sobre nossos fracassos. “No palco, os dois personagens expõem seus fracassos e suas frustrações, e propõem uma discussão sobre a nossa sociedade, essa sociedade colonizadora e dominante. Questionam o nosso conceito de evolução, colocado do ponto de vista do Guarani, expondo as contradições e, sobretudo, o custo disso tudo, dessa nossa escolha para todos nós. É um convite para olhar a nós mesmos do ponto de vista de quem olha o mundo de outra perspectiva existencial, de um outro que parte da floresta para olhar o mundo. E a partir daí estabelece suas relações e seu modo de vida”.

No palco, Blas Torres se une a Christiane Macedo. Juntos, eles mostram que entender a falibilidade humana e reconhecê-la é importante para permitir construções necessárias e positivas. Isso tudo para perceber a responsabilidade com o coletivo.

“Fazer parte de uma reunião de pessoas, que prezam a humanidade, que declara o texto de Rafael Camargo, tem sido gratificante. Na medida em que nos questionamos, refletimos e compartilhamos de estar em confronto com nós mesmos e com o outro. Poder se dar a chance e a oportunidade de também ser o que o outro é”, comenta Christiane de Macedo.

O mergulho interior das duas figuras em suas almas promove o entendimento de que o futuro está ligado intrinsecamente ao passado e ao presente, num mesmo movimento do tempo, grafando as visões e cronologias e visões distintas de cada cultura. Por fim se estabelece uma mágica comunicação e a terra sem mal é encontrada dentro de cada um.

O espaço cultural da Cia. do Abração, que fica no bairro Bacacheri, em Curitiba, comemora 24 anos de atividades em 2025, junto a Céu Vermelho Produções. Os ingressos custam R$15,00 (inteira) e R$7,50 (meia-entrada) e estarão à venda na bilheteria do teatro nos dias das apresentações, sempre com uma hora de antecedência.

Sobre a música de Chekyvy 

O professor Alysson Siqueira atua na Cia do Abração há mais de 15 anos, compondo e produzindo música para as produções teatrais. “O trabalho em Chekyvy é especial, pois resgata um pouco da nossa essência, da cultura Guarani”, diz Alysson.

Assim, a música parte da paisagem sonora da floresta e dos cantos da nação Guarani Mbya. Instrumentos como o takuapu e a maracá foram reproduzidos com material reutilizado, como tubos de PVC e garrafa PET. Juntou-se a eles a sonoridade do violão, afinado de maneira bem característica, e o som da rabeca – instrumentos de origem europeia, mas que foram absorvidos pela cultura indígena ao longo dos anos. O resultado musical busca uma fusão dos elementos sonoros indígenas com a cultura urbana, retratando sonoramente o enredo do espetáculo.

Serviço

Chekyvy – terra sem mal

Quando: de 08 a 23 de março de 2025 Local: Sala Simone Pontes, sede da Cia. do Abração (R: Paulo Ildefonso Assumpção, 725 – Bacacheri)

Horários: quinta (13.03) às 20horas, sextas (14 e 21.03) às 20horas, e aos sábados (08, 15 e 22.03) e domingos (09, 16 e 23.03) às 18h e 20h.

Ingressos: R$15,00 (inteira) e R$7,50 (meia-entrada) e estarão à venda na bilheteria do teatro nos dias das apresentações, sempre com uma hora de antecedência. Duração: 50 minutos

Classificação indicativa: maiores de 16 anos Informações: (41) 99125-9595 ou (41) 99138-0321 ou @ciadoabracao

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Créditos do Fotógrafo: Gilson Camargo/Divulgação


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