Papéis da mulher são construções sociais

Autor: Natália Schultz Jucoski - estagiária de jornalismo

“A humanidade é masculina, e o homem define a mulher não em si, mas relativamente a ele: ela não é considerada um ser autônomo”. A frase escrita por Simone de Beauvoir, uma das mais célebres autoras feministas do século XX, foi publicada em 1949 no livro “O Segundo Sexo”, que ainda hoje inspira discussões sobre a temática.

A escritora francesa trouxe debates relevantes sobre o papel da mulher na sociedade e sobre questões de gênero que vieram bem antes dela e que ainda permeiam os anos atuais. Por isso, continua sendo necessário buscar por ferramentas que possibilitem a desnaturalização desta realidade ainda tão machista e desigual. Apesar de alguns avanços, ainda há vários desafios pela frente. Desconstruir é fundamental e questionar também.

O primeiro episódio de 2023 do programa Chave Interdisciplinar trouxe essa discussão sobre o espaço da mulher. As professoras Jucimara Bandeira, Valéria Pilão e Maria Emília Rodrigues conversaram sobre o tema.

Muitos dos papéis de gênero tidos como naturais, são, na verdade, construções pré-determinadas. Inicialmente, deve-se pensar em quais seriam os papéis sociais das mulheres e dos homens. Quando essa reflexão é feita, é possível entender que essas características de gênero são atribuições dadas contextualmente, histórica e culturalmente. Um exemplo claro é a questão do instinto materno, entendido como algo intrínseco a todas as mulheres, mas nada mais é do que uma construção por conta deste papel de gênero que a mulher assume e reproduz por gerações.

Essas idealizações aparecem desde muito cedo, pois existe um direcionamento de gênero, a partir do momento em que se nasce, há uma grande expectativa do que se espera sobre a mulher e sobre o homem. A escola muitas vezes reproduz o pensamento binário uma vez que está dentro do contexto social. É necessário ter iniciativas sobre os papéis de gênero dentro do espaço escolar no sentido de parar com essas divisões de meninas e meninos. Pensar de que forma a educação lida com essa questão é fundamental para que mudanças sejam feitas desde cedo, caminhando para uma sociedade mais igualitária entre mulheres e homens. As reflexões sobre o papel da mulher devem ser feitas muito antes da popularização da palavra “feminista”, uma vez que a luta pela igualdade existe há séculos.

Enquanto movimento, o feminismo é datado a partir das revoluções burguesas em uma sociedade pré-capitalista que se moldou por meio da dominação do homem para que ele esteja sempre no centro de tudo. O feminismo aparece como uma resposta social para um problema criado nessa própria sociedade e, a partir do século XIX, algumas organizações lideradas por mulheres surgiram para questionar essa estrutura patriarcal e exigir condições iguais. A narrativa de que as mulheres são julgadas desde sempre se torna uma problemática. A professora Valéria ressalta que quando dizemos que uma coisa é sempre de um jeito, isso acaba naturalizando as relações sociais de tal forma que se sempre foi assim não vai mudar nunca. Para quebrar esse ciclo vicioso, o questionamento é fundamental.

Para além do político, o feminismo é um movimento teórico. “As mulheres também elaboraram todo um pensamento científico, a partir de dados empíricos, a partir da análise da realidade concreta para desvelar essas situação de desigualdade, essa situação que de fato há hierarquias de gênero e para desconstruir isso”, explica a professora Maria Emília. Na qualidade de movimento, o feminismo busca transformar a estrutura, visando sempre à igualdade de direitos entre mulheres e homens.

O episódio completo do programa Chave Interdisciplinar, transmitido pela Rádio Uninter, pode ser conferido clicando aqui.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Natália Schultz Jucoski - estagiária de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Natália Jucoski e reprodução Youtube


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *