Aumento da hanseníase e a saúde única

Autor: Willian Barbosa Sales (*)

Considerada uma das doenças mais antigas da humanidade, a hanseníase ressurge com força no mundo contemporâneo. Ela é uma doença infecciosa de evolução crônica, mas tratável, causada pelo Mycobacterium leprae, também denominado como bacilo de Hansen. É um importante desafio na saúde pública, pois ainda permanece endêmica no Brasil e está associada à pobreza e ao acesso precário à moradia, alimentação, cuidados de saúde e educação, temas extremamente relacionados com a ruptura da Saúde Única (humana, animal e ambiental).

O estado do Alagoas tem registrado um crescimento na identificação de casos de hanseníase, atribuído à capacitação dos profissionais de saúde e ao maior número de ações de identificação da doença, conforme preconizado no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase do Ministério da Saúde. A principal fonte de infecção pelo bacilo são indivíduos acometidos pela hanseníase não tratados. Acredita-se que as vias aéreas superiores também sejam a porta de entrada do bacilo no organismo, e que a via hematogênica (sanguínea) seja a principal forma de disseminação para outros tecidos do corpo.

Nos últimos cinco anos, foram diagnosticados no Brasil quase 120 mil casos novos de hanseníase. Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS) mostram que o Brasil ocupa o segundo lugar na relação de países com maior número de casos no mundo e concentra mais de 90% das pessoas acometidas por hanseníase na região das Américas. A cada ano, o Brasil realiza o diagnóstico de aproximadamente 30 mil novos casos.

Mycobacterium leprae afeta, primariamente, os nervos periféricos e a pele, podendo acometer também a mucosa do trato respiratório superior, olhos, linfonodos, testículos e órgãos internos, de acordo como grau de resistência imune de cada pessoa. A doença pode causar neuropatia em graus variados, ocasionando incapacidades físicas e perda funcional nas mãos, pés e olhos.

O trabalho multiprofissional e interdisciplinar é essencial para a busca ativa de casos de hanseníase, assim como capacitar profissionais das Equipes de Saúde da Família para a suspeição de casos de hanseníase e realização do diagnóstico diferencial em relação a outras doenças dermatológicas, além da apresentação da Linha do Cuidado em Hanseníase para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) como caminho para o controle da doença.

*Willian Barbosa Sales é Biólogo, Doutor em Saúde e Meio Ambiente, Coordenador dos cursos de Pós-graduação área da saúde do Centro Universitário Internacional Uninter.

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Autor: Willian Barbosa Sales (*)
Créditos do Fotógrafo: Getty Images


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