Aluna de Serviço Social, Carminha está pronta para as Paralimpíadas em Tokyo

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

Conciliar os estudos com a vida profissional exige muita vontade e dedicação de quem enfrenta essa jornada dupla. Quando a carreira profissional segue o caminho do esporte, o esforço precisa ser ainda maior para superar a rotina. É assim que Carminha Celestina de Oliveira, 29 anos, aluna do último ano de Serviço Social na Uninter e atleta paralímpica, divide o seu tempo.

Aos três anos de idade a atleta sofreu um acidente doméstico, seguido de um erro médico, o que gerou uma atrofia na perna direita. Carminha descobriu que poderia praticar esportes através do evento das Paralimpíadas 2016, que aconteceram na cidade do Rio de Janeiro. “Apareceu o interesse e eu busquei aqui em Curitiba lugares que pudessem oferecer. Foi aí que eu encontrei a Associação do Deficiente Físico do Paraná (ADFP). Eu comecei com o tênis de mesa e foi onde eu conheci o pessoal da esgrima. Eles me convidaram para uma aula experimental, eu gostei e estou até hoje”, conta.

Segundo a estudante, além de saúde, o esporte também é capaz de abrir portas para outras áreas da vida. A partir dos treinos, surgiu a vontade de ter o diploma do ensino superior, já que “a ADFP oferece várias modalidades e além delas vários serviços, como cursos profissionalizantes. O conhecimento também é importante, ninguém pode tirar de você”.

Mesmo com a rotina corrida entre treinos e viagens, a aluna também sonha em entrar para o mercado de trabalho e já está estagiando no hospital San Julian, em Piraquara, região metropolitana de Curitiba. “Eu escolhi o serviço social porque visa muito a garantia de direitos e eu acho bacana o trabalho que é desenvolvido por esse profissional. A área da saúde é o que eu quero e pretendo seguir. A minha supervisora também me apoia muito, me ajuda a conciliar o esporte com o estágio”, conclui.

Trajetória no esporte

A primeira competição de Carminha aconteceu em 2016, apenas 11 meses após o início dos treinos, no Campeonato Brasileiro de Esgrima em Cadeira de Rodas, que aconteceu em São Paulo. Já em sua estreia, a atleta saiu com medalha de ouro e em 2017 foi convocada para compor a seleção brasileira na modalidade. Mas não foi de primeira que ela aceitou.

“Foi difícil para eu aceitar ficar viajando, porque eu pensei muito nos meus estudos. Eu não quis, no primeiro momento, e deixei de ir a uma competição em Montreal, no Canadá, mas hoje, conversando com o coordenador de curso de Serviço Social, eu tenho apoio da faculdade e isso também conta e ajuda muito, me incentiva mais”, explica Carminha.

De lá para cá, a atleta participou de todas as competições nacionais e internacionais da modalidade e segue invicta no Campeonato Brasileiro desde então. Em 2018, foi a única mulher entre os cinco convocados para a Copa do Mundo de Varsóvia, na Polônia. No mesmo ano, recebeu a primeira medalha internacional, ocupando o segundo lugar no pódio, no campeonato Parapan-Americano, que aconteceu no Canadá.

Além dos ótimos resultados nas competições, Carminha também tem sido reconhecida fora delas. No final do ano passado, foi indicada ao Mérito Esportivo de Curitiba 2020, honraria que premia os atletas que contribuíram para promover o nome da cidade nacional e internacionalmente.

“É uma alegria, porque quando você faz com amor as coisas, tudo se torna mais fácil. Através da dedicação, você vê que o que você está fazendo está tendo retorno. Viver do esporte no Brasil hoje em dia é muito difícil, porque tem a canseira e os momentos difíceis. Por exemplo, patrocínio é muito difícil. Por sorte, eu tive um bom patrocínio da HigiServ ano passado, que me proporciona poder pagar treinador e comprar material”, finaliza a esportista.

Rumo a Tokyo

As competições dos últimos três anos têm sido importantes para garantir uma vaga nas Paralimpíadas 2020, que acontecem em Tokyo, no Japão. Para participar da competição, Carminha precisa estar entre os 25 do ranking mundial –  neste momento, ela se encontra na 22ª posição.

“Ainda vou passar pela competição de São Paulo para que tenha a confirmação de que vou para Tokyo. O Regional das Américas é o mais importante, que conta muitos pontos. Hoje eu estou dentro da vaga, mas alguém pode me derrubar ainda”, explica a atleta.

A disputa, que aconteceria no começo de março, foi adiada por conta da epidemia do novo coronavírus, que tem se espalhado pelo mundo. Carminha aguarda as novas datas, com a possibilidade de anulação do evento. Caso a última competição não aconteça, ela está dentro das Paralimpíadas deste ano.

Mesmo com os contratempos, a atleta não desanima, nem do curso superior e nem do esporte. “Minhas expectativas são boas, espero estar em setembro em Tokyo e escrever um pedacinho do meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de lá”, finaliza.

 

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Arquivo pessoal Carminha Oliveira


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