Administrar os recursos financeiros pode garantir uma carreira sólida?
Autor: Juliana Telesse - Assistente de Comunicação Acadêmica
Como a forma de lidar com o dinheiro impacta diretamente a trajetória profissional? Esse foi o tema central do programa Papo Egresso na TV Uninter. Em um mercado cada vez mais competitivo, compreender e aplicar conceitos de educação financeira vai além de garantir contas em dia. É, sobretudo, uma estratégia para sustentar escolhas conscientes, reduzir riscos e construir oportunidades.
O encontro, transmitido no dia 16 de julho, contou com a participação do professor Daniel Weigert Cavagnari, economista, mestre em Educação e coordenador dos cursos de Economia e Gestão Financeira da Uninter, que trouxe orientações e reflexões sobre educação financeira, organização pessoal e planejamento de carreira.
Mas por que a educação financeira é tão importante para quem está em transição de carreira? Segundo a revista Valor e dados do Serasa, em março de 2025, havia cerca de 75,7 milhões de inadimplentes no Brasil. Essa notícia escancara a necessidade de uma boa organização das finanças para construir a transição de carreira. Muitos alunos e egressos que chegam à Uninter estão em momentos de mudança profissional, muitas vezes após longas experiências em outras áreas.
O que reforça a necessidade de habilidades que assegurem estabilidade enquanto se busca novos caminhos. Para o professor Daniel, não basta entender conceitos econômicos de forma teórica; é indispensável desenvolver habilidades como disciplina, paciência, organização e visão estratégica de longo prazo. São elas que vão garantir que o processo de transição seja menos turbulento e mais sustentável.
Pensar em uma boa gestão financeira pode ser o diferencial que falta para impulsionar sua vida profissional. Controlar gastos, planejar investimentos e manter equilíbrio nas contas são atitudes tão importantes quanto qualquer diploma.
Um dos erros mais comuns cometidos pelos profissionais no início da carreira é o deslumbramento com o primeiro salário, muitas vezes acompanhado pelo consumo impulsivo. É natural sentir-se motivado a realizar desejos adiados, mas é exatamente nesse ponto que surgem os riscos. Como explica o professor Daniel, “o verdadeiro perigo não está apenas nas grandes compras, mas nos pequenos gastos que parecem inofensivos, mas que, acumulados, podem comprometer boa parte do orçamento mensal”.
Pequenas despesas diárias, como lanches fora de casa, serviços por assinatura e compras por impulso, muitas vezes passam despercebidas. Quando somadas, podem representar uma fatia significativa da renda. A atenção aos detalhes, portanto, é uma das chaves para manter a saúde financeira.
Para construir uma base sólida, é indispensável adotar algumas práticas que constroem uma boa gestão financeira. A organização é o ponto de partida, pois permite saber exatamente para onde vai cada centavo do seu dinheiro. O autocontrole também é fundamental para diferenciar necessidades de desejos e evitar gastos desnecessários. Além disso, é importante cultivar uma visão de longo prazo, entendendo que decisões inteligentes nem sempre trazem retorno imediato e que isso faz parte do processo. Por fim, a disciplina garante que o acompanhamento das finanças seja constante, permitindo ajustes quando necessário. Essas atitudes não apenas protegem contra imprevistos, mas também abrem caminho para aproveitar oportunidades que surgem ao longo da carreira.
Segundo o professor, o uso de planilhas eletrônicas e aplicativos pode ser um grande aliado. No entanto, mais importante do que escolher a ferramenta mais sofisticada é optar por aquela que realmente se encaixe no seu dia a dia e que você consiga utilizar com consistência. A gestão financeira não precisa ser complicada.
Uma forma simples de começar é criar uma planilha com três colunas:
- Receita: todo valor que entra, como salários, bônus, vendas e benefícios.
- Despesa: pagamentos fixos e variáveis, como mensalidades, transporte, alimentação e serviços.
- Investimento: bens duráveis, como carro, celular ou imóvel, além de aplicações financeiras.
Essa estrutura básica já oferece uma visão clara da movimentação do dinheiro e ajuda a tomar decisões conscientes, evitando surpresas no final do mês.
Educação financeira é qualidade de vida. Planejar as finanças não se resume a números. Trata-se de um fator diretamente ligado à qualidade de vida, saúde mental e bem-estar. Ter uma reserva de emergência, por exemplo, proporciona tranquilidade para lidar com imprevistos e até mesmo para aproveitar oportunidades que não trazem retorno imediato, mas que podem ser decisivas no seu futuro.
Ainda durante o programa, o professor citou o Tesouro Direto como uma alternativa acessível para começar a investir com segurança. Com apenas R$ 30, já é possível dar os primeiros passos no mundo dos investimentos, garantindo proteção e rentabilidade para médio e longo prazo.
E, por fim, uma dica valiosa: procure viver abaixo da sua capacidade de renda. Se você pode gastar 100, gaste 80. Não é porque você pode que deve gastar tudo. Construir essa margem, aliada à paciência, é essencial para manter o equilíbrio e evitar dívidas desnecessárias. Como destacou o professor, “a economia é, antes de tudo, a ciência do bem-estar”.
Autor: Juliana Telesse - Assistente de Comunicação AcadêmicaEdição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Freepik
