A verdadeira função dos advogados

Autor: Jennifer Manfrin (*)

O Dia do Advogado (11 de agosto) representa muito mais do que apenas uma data no calendário jurídico: é a celebração da resiliência e do compromisso incansável pela busca da justiça de todos os profissionais que escolheram a advocacia.

Em um campo cada vez mais competitivo, onde os desafios são constantes, a fórmula para se tornar um bom advogado vai muito além de cursar a graduação, ser aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), fazer uma especialização ou conseguir um emprego em um grande escritório. O ingrediente secreto de todo excelente profissional é entender a interseção, aparentemente contraditória, entre a necessidade de não se curvar perante as injustiças e, ao mesmo tempo, se manter flexível para se adaptar às novas tecnologias e aos diversos métodos de resolução de conflitos.

Infelizmente, o que temos visto nos últimos anos é uma advocacia vacilante e temerosa frente a essa não tão nova realidade. Ainda é muito raro que advogados tenham maturidade suficiente para entender que o Poder Judiciário está sobrecarregado e não existe no horizonte nenhum sinal de melhora nos próximos anos. Assim, novas soluções precisam ser pensadas e implementadas com urgência; dentre elas se destaca a necessidade de aprender a negociar.

Ainda hoje, quando falamos em técnicas de negociação, é possível perceber uma resistência à utilização do método, e são comuns perguntas como: “mas meu cliente vai receber menos do que se ganharmos a ação?”, ou ainda: “e como ficam meus honorários?”. Nesse contexto, a capacidade de negociação emerge como uma necessidade crucial. É necessário ter em mente que um processo que demora anos para ser decidido (e seguirá até a fase de cumprimento de sentença) o que causa muito mais prejuízos financeiros e psicológicos do que uma pequena redução no valor de uma indenização que será paga com agilidade, por exemplo. Apesar das resistências iniciais, é vital perceber que a agilidade e a redução do estresse, proporcionadas por acordos consensuais, frequentemente superam os benefícios de prolongados litígios judiciais.

A capacidade de discernir quando recorrer ao Judiciário e buscar soluções consensuais é fruto da maturidade profissional e da experiência acumulada em situações complexas e desafiadoras. Como peças de um quebra-cabeça único, os casos enfrentados por advogados requerem uma mentalidade ágil e adaptável, capaz de discernir a melhor estratégia para cada situação.

Neste Dia do Advogado, é imperativo refletir sobre essas questões e renovar o compromisso com uma advocacia que não apenas lute pela justiça, mas que também esteja disposta a abraçar mudanças e inovações. Ao fazer isso, os advogados podem verdadeiramente honrar a essência da profissão, construindo um sistema legal mais eficiente, acessível e centrado nas necessidades da sociedade.

*Jennifer Manfrin é advogada, especialista em Direito Aplicado e professora nos cursos de pós-graduação em Direito na Uninter.

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Autor: Jennifer Manfrin (*)
Créditos do Fotógrafo: Karolina Grabowska/Pexels


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