A influência da arquitetura nos jogos de futebol

Autor: Giselle Luzia Dziura (*)

Você faz parte das pessoas que acreditam que quem faz o jogo são unicamente os jogadores? Que tal pensar como os espaços dos estádios de futebol podem influenciar os jogos na copa? Neste momento em que futebol é o esporte que contagia o mundo, é possível ver como a arquitetura impacta direta ou indiretamente no desempenho do jogo.

Provavelmente você já passou em frente em algum estádio de futebol, já entrou ou já assistiu a uma partida de copa. Já pensou quantas pessoas são envolvidas antes, durante e depois de um evento como este? Qual a logística da entrada e saída de equipamentos e alimentos? Como deve ser o acesso e segurança interna e externa dos espaços para o devido funcionamento? E por que a 22ª copa está acontecendo excepcionalmente em novembro e não em junho, como normalmente é realizada? Como é possível perceber outros elementos essenciais ao evento, além dos jogadores em campo?

Muito provável que o resultado do jogo dependa de tudo isso. A arquitetura pode impactar diretamente no comportamento das pessoas que utilizam os espaços, influenciados pelo sol, luz, calor, frio, vento, assim como pelas cores, materiais, formas, acesso, segurança, manutenção e gestão do empreendimento.

Até mesmo a altitude do lugar deve ser levada em conta na hora da implantação do estádio. Quanto maior o nível de altitude, menor o desempenho do atleta, podendo causar náuseas, aumento da frequência cardíaca e fadiga muscular e mental. Sabe-se que a partir de 3.600 metros o organismo começa a sofrer os efeitos da baixa disponibilidade de oxigênio, sendo necessário considerar o aspecto urbanístico referente à localização dos estádios.

A metodologia projetual básica de concepção de um estádio compreende ainda a seleção do local de implantação, em função da posição do sol, acessos, mobilidade e espaços físicos adjacentes no entorno. É o caso do estádio Al Thumama, localizado ao sul de Doha, no Qatar, pais que recebe a copa neste período devido às temperaturas mais amenas. Projetado pelo arquiteto catari Ibrahim Jaidah, ele teve o conceito formal com um propósito funcional relacionado ao sol associado à cultura local. A forma de concreto vazada protege os espectadores do sol direto e foi inspirada nas peças de vestuário tradicionais, denominadas gahfiya, utilizadas pelos homens no Oriente Médio.

Nesta linha de pensamento, as soluções formais das estruturas e vedações estão cada vez mais inovadoras, com tecnologias, sistemas e materiais fazendo com que haja redução no consumo de energia e água, além dos menores custos de manutenção. Tais estruturas vieram para solucionar um dos grandes problemas dos estádios: as adversidades climáticas. O atrito do vento, por exemplo, pode atrapalhar a performance dos atletas e influenciar a direção da bola. Dizem até que em um jogo o vento faz gol contra.

Ao projetar um estádio de futebol, são considerados o fluxograma e a organização das funções, levando em consideração a malha dos diversos acessos, campo, torcidas, serviços, alimentação, apoios de emergência, imprensa, delegados, entre outros. E como se organizam, se integram, permitem ou não o acesso de pessoas, as dimensões, as circulações, somando os aspectos relacionados à segurança, qualidade e manutenção, impactam no desenrolar dos jogos. Por exemplo, uma estrutura de arquibancada que não tenha sido calculada para a torcida em seu momento de motivação, pode sofrer algum tipo de colapso e, consequentemente, causar problemas graves para os torcedores e paralisar o jogo.

Outro fator impactante no desempenho de um time é o gramado e a superfície do solo em que acontece o jogo. Uma pesquisa científica, realizada pela Loughborough University, apontou que a qualidade da grama pode impactar no desempenho dos atletas e até mesmo influenciar na técnica de jogo como velocidade, ritmo, aderência e controle da bola. A Legalbet, uma das maiores casas de apostas do Reino Unido especializadas em esportes, sugere que influencia inclusive o processo de apostas.

Realmente, sem jogadores, não há jogo. Mas, sem torcedores e os profissionais que atuam nos bastidores, e sem o avanço da tecnologia permitindo a construção de equipamentos modernos, as partidas de futebol também não aconteceriam. É todo o conjunto desta magia que faz a bola rolar.

*Giselle Luzia Dziura é arquiteta e urbanista, doutora em Arquitetura e Urbanismo e coordenadora de cursos de pós-graduação da Uninter.

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Autor: Giselle Luzia Dziura (*)
Créditos do Fotógrafo: Freepik


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