A importância das abelhas para a conservação da flora

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

O Brasil possui uma diversidade biológica enorme, tanto de flora quanto de fauna. A manutenção dessa biodiversidade se dá graças à polinização, realizada por animais, o que permite a reprodução das plantas e consequentemente influencia na produção agrícola. O processo consiste em transferir as células reprodutivas masculinas para o receptor feminino das plantas.

Existem vários polinizadores, desde pequenos insetos como abelhas, moscas, formigas, besouros, até pássaros e outros animais maiores, como morcegos. E até mesmo agentes abióticos, como o vento e a água, são capazes de realizar esse procedimento.

“No caso do pólen que é das gimnospermas, as plantas que não apresentam flores, a maneira como elas desenvolveram o processo de polinização não tem nada a ver com as abelhas, ou com morcegos, enfim, com agentes polinizadores vivos. Elas são polinizadas pelo vento. E já o pólen das angiospermas, das plantas com flores, a gente identifica uma variedade de adornos, estruturas, o que está direcionado diretamente ao agente polinizador”, explica a professora Nicole Witt, da área de Geociências da Uninter.

Quando se trata de agentes bióticos, as abelhas (78,9%) e os besouros (21%) são os que mais polinizam. No Brasil há abelhas de dois milímetros e meio a dois centímetros, o que ajuda a não agredir as plantas. Por isso, a importância da conservação destes animais.

“O fruto, quando bem polinizado, fica maior, mais saboroso e mais resistente a pragas. Sem contar que a grande proporção da sua alimentação é fruto de polinização. Nós sempre usamos aquela frase célebre do Albert Einstein que fala que ‘se as abelhas acabarem, a humanidade consegue sobreviver quatro anos’”, diz Sandro de Araújo, licenciando de Ciências Biológicas na Uninter no polo de Pinhais (PR) e criador de abelhas.

No mundo todo já foram catalogadas cerca de 25 mil espécies de abelhas, mas em sua grande maioria são aquelas que não vivem em sociedade. Apesar de todas as abelhas possuírem ferrão, uma minoria delas o possui com a finalidade de ferroar alguém, sendo que na maioria dos casos os ferrões são atrofiados. Em média, 400 espécies “sem ferrão” foram catalogadas no planeta e destas, 300 estão no Brasil. Algumas delas só existem aqui, inclusive.

“No Paraná até o momento foram catalogadas 35 espécies de abelhas nativas. Provavelmente por causa do frio elas se adaptaram melhor. A grande maioria dessas espécies estão na floresta amazônica. O mel é uma experiência gastronômica”, pontua Sandro.

Ameaças e preservação

Um fato que merece atenção é a provável extinção de algumas espécies. Há dois principais fatores para isto: a liberação e utilização desenfreada de agrotóxicos e a falta de habitat natural. A maioria das abelhas precisa do oco das árvores para produzir um ninho. Para que esse oco exista, é necessário o trabalho de cupins, formigas e até pássaros. Ou seja, leva tempo. Uma árvore com oco normalmente tem 80, 100 anos. Portanto, o desmatamento também interfere diretamente na conservação destes insetos.

Pensando nisso, existem ações que as pessoas podem fazer mesmo dentro de casa. Vergilio Gonsalla, criador de abelhas e estudante de bacharel em Ciências Biológicas no polo de Videira (SC) da Uninter, explica que até mesmo aqueles “matinhos” que existem nos quintais de casa ou mesmo em calçadas em frente às residências, tipo a serralha, são usados por abelhas pequenas para a polinização. E quando retirados, simplesmente por incômodo, podem causar a morte delas. Muitas também fazem ninhos no chão, aproveitando buracos de formigueiros.

Assim, Sandro e Vergílio defendem que todos tenham uma caixinha de abelha em casa. Isso pode ser feito de duas formas. A primeira, fazendo uma coleta de forma natural e responsável. Para isso, Vergílio ensina a fazer uma isca com garrafa pet, própolis, jornal, fita, mangueira e lona. O intuito é fabricar algo semelhante ao oco de uma árvore, atraindo a abelha com o cheiro do própolis. O passo a passo está em uma transmissão realizada na I Semana de Biologia, sobre Abelhas nativas e a conservação da flora.

Uma segunda opção seria comprar uma caixinha de um criador. “É bom sempre procurar um criador confiável para evitar que você compre uma caixinha de uma abelha que foi retirada da natureza. É crime retirar ela da natureza. Porque além dele estar tirando o animal da natureza, provavelmente destruiu uma árvore para isso”, aconselha Sandro.

Os criadores indicam que os interessados leiam e busque informações de qualidade antes de realizar uma isca ou mesmo comprar uma caixa. Segundo eles, existem muitos conteúdos gratuitos no Youtube, assim como livros disponíveis na internet. Também é importante buscar por um profissional que possa instruir da melhor forma e fazer um bom manejo.

“Tendo sua abelha em casa, como criador você vai poder degustar um bom mel, como conservacionista você vai estar conservando um importante ser, como estudante você tem um laboratório para estudar. O que tem de conhecimento para ser produzido com essas abelhas ainda é uma coisa absurda. Então, só vantagens”, finaliza Sandro.

O bate-papo completo de Sandro e Vergílio, com mediação das professoras Nicole Witt e Franciele Estevam, da área de Geociências, está disponível através do Facebook e do canal do Youtube da Escola Superior de Educação. Siga a página para acompanhar toda a programação da I Semana de Biologia.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro
Créditos do Fotógrafo: Pieter Zeeman/Pixabay e reprodução Facebook


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