Home office exige momentos de desconexão do trabalho

Autor: Madson Lopes - estagiário de Jornalismo

Durante a pandemia de covid-19, a advogada e professora de Direito Amanda Spaller começou a perceber que estava trabalhando demais. Mesmo acostumada à rotina de trabalho em casa, por ser autônoma desde 2017, a advogada afirma que os anos pandêmicos acentuou a dificuldade de se desconectar do trabalho quando a jornada é feita em home office. 

Convidada para o programa Conheça seu Direito, transmitido pela TV Uninter no dia 7 de julho, a professora refletiu sobre os limites à jornada de trabalho nessa modalidade e como buscar alternavas para separar os dois mundos quando casa e escritório dividem o mesmo espaço. “A partir do momento em que eu percebi que estava trabalhando no mesmo local de descansar, notei que algo não estava certo”, lembra Amanda se referindo ao período que começou a trabalhar no seu quarto, hora na mesa e, por vezes, na cama. 

Ela não foi a única a passar por essa dificuldade. Desde que se popularizou, o home office tem impactado a saúde mental dos trabalhadores, tanto positiva quanto negativamente. Embora ofereça flexibilidade e autonomia, o trabalho remoto pode levar ao estresse, ansiedade e a jornadas excessivas por conta da dificuldade da separação entre vida pessoal e profissional. 

Para que essa separação ocorra de forma saudável, segundo Amanda é necessário que empresas e empregados busquem promover o direito a desconexão. “Esse direito é o ato de você não estar vinculado ao instrumento de trabalho fora de sua jornada”, explica. 

Ela ainda provoca uma reflexão: “A que ponto você realmente se desconectou dos seus afazeres profissionais, para viver aquilo que deve se vivido naquele momento?”. 

Isso só é possível quando se separa o ambiente de trabalho do de descanso, o que é importante para manter o foco na atividade que está sendo realizada. “Toca interfone, o gato quer abrir a janela, fome, vontade de abrir geladeira”, exemplifica Amanda sobre as situações de distrações que conferem um verdadeiro desafio ao trabalho remoto. 

Também existe a necessidade de separar as ferramentas de uso profissional, como possuir computador e celular destinado ao serviço. Isso evita que o colaborar responda mensagens ou seja tomado por ansiedade advindas do trabalho mesmo estando fora do seu expediente. 

Para que essa desconexão aconteça, a empresa precisa estar interessada em promover essa cultura. Mesmo que não exista uma legislação específica para o trabalho remoto, a professora explica que as empresas devem estabelecer carga horária e criar mecanismos para que o colaborador cumpra somente a quantidade de horas previstas em contrato. 

Para finalizar o debate, a entrevistada e a apresentadora discutiram sobre o cansaço advindo do uso excessivo das redes sociais. Somada às outras dificuldades do trabalho remoto, a necessidade de se manter hiper conectado faz com que os momentos de descanso não sejam desfrutados de maneira plena. 

O desejo de se manter sempre conectado faz parte do que Amanda chama de “herança da pandemia”. “Tudo isso que a gente está discutindo agora é uma construção do que veio na pós pandemia. [Naquele período] as pessoas foram ao ápice do acesso as redes sociais […] vamos ter que desenvolver mecanismos internos, dentro das empresas e como profissionais, para discernir as coisas”, finaliza. 

Confira o programa completo.

https://www.youtube.com/live/Shmnew5CCn8

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Autor: Madson Lopes - estagiário de Jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Reprodução Youtube


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