Não há idade certa para ser feliz e viver por si mesmo

Autor: Igor Horbach Carvalho - estagiário de jornalismo

A vida do servidor público Marcelo Renato Brun seguiu o enredo que muitos ao seu entorno julgavam ser o correto. Casou-se com uma mulher, teve filhos, netos e frequentou a igreja católica por décadas. Tudo isso pautado em julgamentos morais e no medo de se descobrir diferente.

No entanto, após os 50 anos, a busca pela liberdade exigiu uma mudança radical. Hoje, com 57 anos, Brun é homossexual declarado e casado com Márcio. 

O casamento heteronormativo foi uma decisão tomada por ele mesmo, sem a pressão externa, mas por falta de amor-próprio: “Nasceu da vontade de não ser gay”, declara. “Eu sempre odiei isso [ser gay], porque todo o meu entorno falava que isso era ruim”. 

Mesmo descobrindo o amor no sexo oposto, Marcelo nunca deixou de ser homossexual, afinal de contas, não se trata de uma opção. Assim, reprimindo quem é de verdade, ele foi construindo e moldando a sua vida durante anos, ao ponto de ter filhos e se tornar avô.  

“A coisa mais importante da minha vida foi quando os filhos vieram. Eu passei por uma tentativa de suicídio dentro do meu casamento, justamente por conta da minha homossexualidade. Trabalhava armado, o que era bem fácil. Mas pelos meus filhos e o amor que tenho por eles foi o que me segurou”, narra Marcelo, servidor público da Sanepar, ao contar sobre o quão difícil foi ter que se esconder durante tanto tempo.  

Durante a evolução do processo terapêutico, Marcelo passou a ter outros olhos para si mesmo e começou a se ‘desvestir de si’, para que pudesse conhecer quem é de verdade. Assim, começou o processo de contar à família, à ex-esposa, aos filhos e amigos. “Não é só sair do armário. É sair de uma vida inteira que você não sabe o que vai acontecer”. 

Ao entrar em uma nova realidade, Marcelo se deparou com uma comunidade LGBTAIQPN+ disposta a receber quem ele é. “Eu fui muito bem acolhido”, afirma sobre as novas amizades que a liberdade lhe trouxe. Além da própria comunidade na vida pessoal, o ambiente de trabalho também passou por mudanças. 

“Quando eu saí de uma unidade e passei para a sede, foi outro mundo. Na primeira reunião eu já falei que tinha um marido e o espanto foi apenas na hora. Hoje me sinto muito bem acolhido”, contou Marcos. 

Para celebrar ainda mais esse acolhimento e a importância de construir espaços de trabalho diversos e respeitosos, a Sanepar, Companhia de Saneamento do Paraná, criou o Comitê da Diversidade, resultando em um guia de inclusão e diversidade para ser distribuído por todo o Estado.  

“É notória a diferença que isso trouxe. É uma raiz ainda em crescimento que vai dar uma árvore bem bacana dentro da empresa. A Sanepar é muito diversa e veio em uma boa hora. Vai crescer, eu espero que cresça, até porque me encontrei aqui”, contou Marcelo. O servidor público ainda reforça que a diferença no dia a dia vem principalmente na exclusão de piadas homofóbicas que antes insistiam em existir no meio profissional. 

Marcelo finaliza dizendo que o legado que precisa ser deixado ao ser humano é o de respeito a si próprio, principalmente para aqueles que, independentemente da idade, ainda temem serem quem são. “Existe vida fora do armário e essa vida é sua. Então, se respeite. Não é estranha ou absurda, é uma vida reservada a você. Basta dar esse passo”. 

O programa Pajubá com a participação de Marcelo Renato Brun, foi ao ar no dia 04 de julho de 2025, na TV Uninter. 

https://www.youtube.com/live/JAdqULXMRTg?si=2L-h1YI8oAkUq6nN

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Autor: Igor Horbach Carvalho - estagiário de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Revisão Textual: Nayara Rosolen - Analista de Comunicação


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