Redução dos níveis de enxofre traz desafios a gestores de frotas marítimas

Autor: Karla Marcolin - estagiária de jornalismo

Diante dos altos índices de poluição que ocasionam o aquecimento em nível global e a degradação ambiental, aumenta a necessidade de encontrar alternativas para combustíveis menos poluentes. A redução do percentual de enxofre contido nos produtos derivados do petróleo é uma dessas estratégias.

O petróleo, também conhecido como “Ouro Negro”, é um combustível fóssil originado pela decomposição de matérias orgânicas expostas a grande pressão e calor, a partir do qual são produzidos alcatrão, óleo combustível marítimo, óleo lubrificante, diesel, querosene, gasolina, nafta e GLP.

No entanto, os combustíveis oriundos do petróleo possuem em sua composição óxidos de enxofre (SOx) que são nocivos ao meio ambiente. Durante a combustão dos produtos finais, ocorre a liberação de SOx à atmosfera, que em contato com as moléculas de água (H2O) encontradas nas nuvens gera a chuva ácida. Esse fenômeno provoca danos sociais e ambientais, como destruição de árvores, morte de peixes, envenenamento do solo e de águas subterrâneas, corrosão e desgaste de prédios e monumentos.

Por isso, a Organização Marítima Internacional (OMI / IMO), por meio da regulamentação conhecida como IMO 2020, defende o uso de manobras de hidrotratamento do petróleo. O processo é chamado de hidrodessulfurização (HDS) ou dessulfurização e acontece em refinarias, onde é adicionado hidrogênio para retirar o enxofre do petróleo bruto, o que permite a comercialização do produto com menor índice de poluição após combustão.

O tema é abordado no artigo “Hidrodessulfurização aplicada à indústria naval e desafios enfrentados por gestores de frotas marítimas” de autoria do estudante de química da Uninter Flávio Luiz França de Jesus e da professora da Ligia Fernanda Kaefer Magini que foi publicado no Caderno Progressus, um dos oito cadernos acadêmicos da Uninter.

A IMO 2020 normatiza uma nova regra que exige a redução da emissão de dióxido de enxofre nos navios de 3,5% para 0,5%. Para garantir que a nova determinação seja obedecida, haverá fiscalizações nos portos, e, caso a medida não seja cumprida, será aplicada multa e o navio pode ficar retido até a solução do problema. No Brasil, o órgão que controla e gerencia este procedimento é a Diretoria de Portos e Costas (DPC).

Por outro lado, o processo traz alterações no combustível que são desafios aos gestores das frotas marítimas. A Petrobras, em 2018, divulgou em uma matéria, em que aponta que a redução do enxofre pela técnica HDS provoca um fator indesejável, o desgaste das bombas e dos componentes dos sistemas de injeção de combustível, reduzindo o tempo de vida destes itens devido ao baixo poder de lubrificação do combustível. Outro problema relatado pela Agricopel, em maio de 2020, é o aumento da concentração de parafinas naturalmente presentes no óleo combustível. Ao navegar em regiões frias, as parafinas cristalizam-se e interrompem o fornecimento de combustível, provocando entupimento de filtros, pane na embarcação e danos ao motor.

A norma, relativamente recente, exige adequação por parte das embarcações marítimas para ter combustível a bordo dentro dos parâmetros. Entre as possibilidades de adaptação encontra-se também a possibilidade de substituição do combustível oriundo do petróleo por Gás Natural Liquefeito (GNL), que embora gere custo maior na adaptação, tem redução significativa nos índices de poluição.

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Karla Marcolin - estagiária de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Pixabay


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *