Dia das Mulheres: empreendedorismo feminino x supremacia masculina

Autor: Relly Amaral Ribeiro (*)

Como falar de conquistas quando todos os dias, em quase todos os jornais, têm uma ou mais notícias de feminicídio ou agressão às mulheres? Eu poderia abordar aqui o 8 de março de forma histórica ou narrando as diversas conquistas sociais, profissionais e de direitos que as mulheres tiveram nas últimas décadas. Mas não consigo. Me pergunto se na mesma medida que direitos e espaços são conquistados pelas mulheres também aumenta a resistência e desagrado a esse feito.

O ódio contra as mulheres é um fenômeno complexo que pode ter origens diversas e multifacetadas, porém existem alguns mecanismos mentais e psicológicos que podem contribuir para isso, na subjetividade de parte dos homens: socialização e normas de gênero negativas desde a infância; traumas passados; insegurança e baixa autoestima; problemas psicológicos e de saúde mental; e ideologias extremistas. Essas são algumas delas.

Atualmente, alguns grupos extremistas de supremacia masculina têm, infelizmente, crescido em número e capilaridade, disseminando conceitos que contribuem para o ódio e intransigência ao feminino. Os mais conhecidos, como RedPills, Incels (Involuntary Celibates) e MGTOW (Men Going Their Own Way), promovem ideias e estratégias que visam “dominar”, “controlar” e até agredir mulheres, baseados em ideologias que reforçam estereótipos de gênero prejudiciais e promovem a ideia de que os homens devem exercer poder e serem superiores às mulheres, em todas as áreas.

Grupos que difamam e perseguem judeus e negros, por exemplo, são impedidos – social, legalmente e pelos filtros das plataformas digitais – na disseminação de seu discurso de ódio. Mas esses não. Ainda são socialmente aceitos e ganham cada vez mais seguidores.

Na contramão desses movimentos depreciativos, temos o impacto positivo da mulher no mercado de trabalho e na sustentabilidade. O chamado “pink money” (dinheiro rosa) é um termo frequentemente associado ao mercado LGBTQIA+, também aplicado de maneira mais ampla para destacar o poder econômico das mulheres, especialmente em iniciativas de empreendedorismo feminino. Essa abordagem econômica reconhece o poder econômico das mulheres e destaca o impacto positivo que o empreendedorismo feminino e a inclusão das mulheres no mercado de trabalho podem ter na economia mundial. Seja desempenhando um papel significativo como consumidoras, empreendedoras ou CEOs, investir nesse potencial pode gerar benefícios econômicos e sociais relevantes.

Pesquisas revelam que iniciativas de empreendedorismo feminino têm o potencial de impulsionar o crescimento econômico, a sustentabilidade ambiental e social, reduzir a pobreza, promover a igualdade de gênero e criar empregos em todo o mundo, além de trazer inovação e competitividade, já que a diversidade de gênero nos negócios é frequentemente associada a melhores resultados financeiros e desempenho empresarial. Em resumo, o empreendedorismo feminino e as iniciativas de inclusão das mulheres no mercado de trabalho têm o potencial de gerar benefícios econômicos e sociais significativos, fortalecendo a economia mundial e promovendo a igualdade de gênero e o desenvolvimento sustentável.

É estratégico investir em políticas e programas que apoiem e capacitem as mulheres empreendedoras, reconhecendo seu papel vital no crescimento e na prosperidade econômica global – que é o que realmente importa, e não a perda de privilégios.

Durante muito tempo os homens tiveram a hegemonia em quase todas as áreas. Agora as mulheres também têm o seu espaço, e cada vez mais e mais. Não somente porque elas querem, mas porque a sociedade quer, porque é vantajoso. Resistir a isso somente demonstra um espírito pequeno, mente limitada e moral retrógrada. Enquanto isso, esperamos que extremistas e abusadores sejam devidamente impedidos e responsabilizados por seus atos pela legislação e autoridades.

* Relly Amaral Ribeiro é mestre em Serviço Social e Política Social pela Universidade Estadual de Londrina, professora e tutora dos cursos de pós-graduação em serviço social do Centro Universitário Internacional Uninter.

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Autor: Relly Amaral Ribeiro (*)
Créditos do Fotógrafo: Getty Images


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