Criatividade é palavra-chave para a educação na quarentena

Autor: Barbara Carvalho - Jornalista

Após cinco meses de quarentena, sabemos que diversas áreas de trabalho tiveram de se adaptar a esse “novo normal”, e um dos setores que mais sofreu alterações foi o da educação. Professores que antes tinham pouca ou nenhuma experiência com ferramentas para transmitir aulas online precisaram se adaptar da noite para o dia para continuar entregando conteúdo aos seus alunos.

Pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente da Universidade Federal de Minas Gerais (Gestrado/UFMG) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), envolvendo 15 mil docentes, mostrou que mais de 80% dos entrevistados tinham pouca ou nenhuma experiência com as aulas remotas antes da pandemia.

Dessa forma, educadores precisaram elaborar planejamentos pedagógicos cada vez mais atrativos, a fim de manter a atenção dos alunos que permanecem em suas residências. Flexibilizar e propor novas ideias é o que mantem as aulas cada vez mais colaborativas. E foi assim que Michele desenvolveu um trabalho de alto diferencial com seus alunos.

Michele Marques Silveira de Oliveira, 32 anos, mora em Encruzilhada do Sul (RS). Egressa do curso de Artes Visuais da Uninter, hoje ela é professora e conta que na época que estamos vivendo inovar é essencial. “Diversificar é preciso, fazer diferente é fundamental, sair do óbvio é significativo principalmente neste período de quarentena onde as inúmeras incertezas permeiam o pensamento dos alunos e professores”.

Michele é uma das profissionais da área da educação que viu as coisas mudarem repentinamente. Em meio a tantas incertezas e um longo caminho a ser percorrido, ela foi aprendendo e se acostumando com essa nova maneira de interação com seus alunos.

“A quarentena nos mostrou a capacidade que o ser humano tem de adaptação e renovação principalmente para nós da área da educação que tivemos que nos reinventar com as ferramentas que nos foram propostas e com o que tínhamos. Então, neste momento percebemos as dificuldades que enfrentaríamos e aos poucos fomos nos adaptando a novas tecnologias, ao ensino remoto, e as várias ferramentas que nos facilitam o trabalho a distância.  Ainda há muito a aprender, mas estamos sempre buscando o aperfeiçoamento”, ela relata.

Pensando assim, Michele, junto com demais professores da escola onde trabalha, realizou um projeto sobre releituras de obras de arte. A proposta foi desenvolver um trabalho interdisciplinar com as áreas da linguagem, elaborando um plano de aula para ser trabalhado arte, português, literatura, educação física e língua estrangeira. Os professores receberam em torno de 65 releituras de artistas como Edvard Munch, Gustav Klimt, Michelangelo, René Magritte, Frida Kahlo, entre outros.

E a ideia não surgiu do nada. Michele sempre gostou e teve envolvimento com arte. Desde a escola, se sentia envolvida pelas aulas de educação artística, inventando e criando pinturas, artesanatos e trabalhos manuais. “Na faculdade veio o conhecimento aprofundado da didática e da história da arte em si. Essa profissão mesmo diante de tantas dificuldades, me realiza. Sou apaixonada pelas artes visuais”, revela.

A atividade foi a primeira produzida nesse formato por Michele, e segundo ela, o que mais chamou sua atenção foi a criatividade dos seus alunos e improviso dos cenários. As releituras foram produzidas por alunos do ensino médio e também do 5° ano.

“A atividade foi realizada pela grande maioria, claro, alguns não conseguiram realizar por alguns fatores, sem acesso à internet, timidez, e também como nas aulas presenciais acontece de não finalizar. O processo de criação foi simples, pois os alunos ficaram bem à vontade quanto a escolha da obra que eles quisessem reler. E a partir da escolha foi só organizar o cenário, se caracterizar e fotografar”, relata Michele.

São práticas como essa que mantém a ligação entre professor e aluno sempre ativa, mesmo em tempos de pandemia e com o distanciamento social que impediu o contato e a rotina dentro da sala de aula. Perceber que a criatividade dos estudantes se aflora mesmo em épocas difíceis valoriza a importância da educação.

“Só tenho a agradecer pelo empenho e dedicação de cada aluno que se dispôs a realização deste trabalho, sem eles nossa função como professor não tem significado nenhum”, diz.

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Autor: Barbara Carvalho - Jornalista
Edição: Mauri König


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