Como as smart cities podem contribuir para melhores experiências no uso do espaço público

Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo

O espaço público se desenvolve conforme a sociedade avança e surgem novas necessidades. Ainda que as ruas, prédios, praça e parques passem despercebidos pela população que anda de um lado para o outro no seu dia a dia, nada do que compõe esse espaço é por acaso. Existe um trabalho multidisciplinar entre cientistas de várias áreas, como as ciências sociais, política, biologia, história, pedagogia, arquitetura e engenharia, que planejam toda a forma concreta do que a gente vê e usa coletivamente no dia a dia. Tudo isso porque o espaço é pensado e ocupado por seres humanos com suas próprias individualidades e complexidades.

“As cidades são formadas por pessoas, quando nós debatemos e planejamos as cidades, nós precisamos pensar nas pessoas. O planejamento, o transporte público, a questão do arruamento, a questão do próprio uso dos espaços públicos que não só nos centros urbanos. Os bairros, as áreas mais afastadas, mais periféricas, também precisam pensar o espaço público a partir da população. E aí entra esse olhar de todos os envolvidos”, explica a professora Renata Garbossa, coordenadora da área de Geociências da Uninter.

Com a chegada da pandemia, as pessoas perderam parte da liberdade de ir e vir. Essa mudança trouxe alguns benefícios, como a redução de poluição do meio ambiente. Logo houve a necessidade de as pessoas participarem e fazerem uso do espaço público novamente. A professora Giselle Dziura, coordenadora de pós-graduação EAD em Arquitetura da Uninter, conta que muitos que eram a favor do uso de automóveis hoje querem estar mais próximos desse espaço, caminhando e usufruindo do ar livre, por exemplo.

Giselle explica que todas as experiências que encontramos nas ruas, com todos os elementos que as compõem, são capazes de gerar sensações no cérebro. A combinação de formas, texturas, olfato, paladar e visão pode causar alegria, prazer, dor, tristeza. É nesse ponto que entra o neurourbanismo. Segundo a profissional, esse termo se refere à relação entre saúde e gestão de espaços feita pelas neurociências, que envolve todas as ciências com relação ao cérebro.

“Às vezes a pessoa chega em casa com dor de cabeça ou está na rua e sente algum tipo de desconforto e ela nem sabe o porquê. Esses espaços podem ser geradores positivos ou negativos e vão gerando uma cascata de sensações no cérebro. Isso se refere a todos os elementos urbanos que influenciam, inclusive na lógica desse convívio entre as pessoas. E aí tem algumas estratégias que promovem esse impacto positivo, que são as hortas urbanas comunitárias, as fachadas ativas, os térreos dinâmicos”, afirma.

As smart cities, ou cidades inteligentes, são uma forma de contribuir com esse movimento de tornar o espaço público mais agradável. A União Europeia diz que “smart cities são sistemas de pessoas interagindo e usando energia, materiais, serviços e financiamento para catalisar o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida”. Giselle cita dez critérios que são base para uma cidade poder ser considerada inteligente: capital humano, coesão social, economia, gestão pública, governança, meio ambiente, mobilidade e transporte, planejamento urbano, divulgação internacional e tecnologia.

Para cada uma dessas categorias, existe uma cidade ganhadora. Ela ressalta que nesse ranking entram cidades de pequeno, médio e grande porte. “Quando a gente fala em tecnologia tem vários níveis de cidades inteligentes e a gente pode começar com níveis básicos. Podem ter projetos menores dentro de um determinado bairro, por exemplo, que não precisam envolver toda uma tecnologia de realidade aumentada ou qualquer coisa nesse sentido. Mas para que as smart cities comecem no nível um, a gente precisa ter conectividade e precisa ter dados. A partir desses dados é possível analisar e tomar decisões”, finaliza.

A profissional afirma que essas ações que tornam uma cidade inteligente podem contribuir para diversos aspectos, como na redução de ruído, promovendo iluminação que não gere insegurança, além de questões como umidade e temperatura do ambiente. Tudo isso para que a população possa usufruir do espaço público de maneira mais saudável e humana. Giselle Dziura foi a convidada do Programa Geociências: Conjuntura e Debate, que no dia 06.05.2020 tratou sobre O uso dos espaços públicos, as smart cities e o neurourbanismo, apresentado pela professora Renata Garbossa. A transmissão ao vivo foi realizada através da página de Geociências e o bate-papo completo segue disponível para acesso.

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Autor: Nayara Rosolen - Estagiária de Jornalismo
Edição: Mauri König
Revisão Textual: Jeferson Ferro


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