Árvore símbolo do Paraná luta para sobreviver

Autor: Waliston Alves - estagiário de jornalismo

Imponente e majestosa, a Araucaria angustifolia, árvore símbolo do estado do Paraná, destaca-se ao longe nas paisagens. Popularmente conhecida como Pinheiro do Paraná ou Pinheiro-Brasileiro, a espécie pode chegar a 50 metros de altura e uma espessura que varia entre 90cm e 1,80m.

Além da sua relevância ambiental, a araucária tem espaço marcante na cultura, especialmente do estado do Paraná. A ligação da árvore com a identidade regional foi fortalecida especialmente pelo chamado Movimento Paranista, encabeçado por intelectuais e artistas nas décadas de 1920 e 1930, quando se buscava a valorização e afirmação de uma identidade regional.

No entanto, sua imponência e relevância não foram suficientes para torná-la imune diante das ameaças do desmatamento e das mudanças climáticas. A espécie pode ser totalmente extinta até 2070, conforme previsão de pesquisa baseada em dados climáticos e mapas de vegetação, publicada pela revista Global Change Biology.

Com o objetivo de alertar e conscientizar a população sobre a importância da preservação e exploração consciente da espécie, foi criado, em 2005, um decreto presidencial, instituindo o dia 24 de junho como o Dia Nacional da Araucária.

A mata de araucária já foi muito maior. Ocupou 19 milhões de hectares (o equivalente a “cinco Suíças”), mas hoje resta apenas 5% da cobertura da floresta original. O ápice do desmatamento ocorreu entre as décadas de 1950 e 1970. Considerada madeira de excelente qualidade, a araucária foi produto de exportação e utilizada na construção civil, desencadeando uma intensa exploração comercial.

Hoje, a espécie é protegida por lei. Seu corte é controlado pelo Instituto Água e Terra (IAT), órgão responsável pela proteção e controle do patrimônio ambiental paranaense. “O corte da espécie é proibido por legislação específica. Em alguns casos, é autorizado quando a árvore oferece risco à população ou a edificações, sendo necessário laudo específico emitido pela defesa civil. Ainda, o corte também pode ser autorizado quando de interesse público e social, como em obras, mediante autorizações especiais e análises do órgão ambiental regulador”, explica o doutor em Geografia e professor da área de Geociências da Escola Superior de Educação (ESE) Otacílio Paz.

No entanto, o desmatamento ilegal e as mudanças climáticas ainda se constituem graves ameaças para essa árvore que é conhecida entre especialistas como um fóssil vivo. Isso porque a espécie remonta ao período jurássico, há mais de 100 milhões de anos. Ou seja, ela exige tempo. “Quando perdemos uma araucária, vai demorar muito tempo para que nasça outra. Por isso, sua preservação é tão importante, estando listada como uma das espécies ameaçadas de extinção. Assim, são necessárias ações para estimular seu plantio e conservação, bem como pesquisas que proponham estratégias de florestamento em áreas degradadas”, explica a professora do curso de Ciências Biológicas da Uninter Milene Martins de Lara.

Na tentativa de perpetuar a espécie e acelerar seu processo de desenvolvimento, existem pesquisas que buscam reduzir o tempo necessário para o reflorestamento. Uma das iniciativas vem do trabalho do professor Flávio Zanette, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Sua pesquisa com a árvore desde 1986 levou à criação de uma técnica que acelera o desenvolvimento da espécie. Com o uso de novas técnicas, a árvore, que levaria 15 anos para produzir seus primeiros frutos, produz em apenas seis.

A preservação da Araucaria angustifolia, símbolo da biodiversidade da mata atlântica, passa também pela conscientização durante o processo de formação de novos profissionais. Nos cursos de Ciências Biológicas e Geografia da Uninter, os alunos desenvolvem conhecimentos sobre temas que ajudam a pensar a preservação da espécie, tais como: estudo de impacto ambiental, botânica, fisiologia vegetal, biogeografia, entre outras. O estudo sobre essas temáticas mostra aos alunos a importância da recuperação de espécies ameaçadas de extinção e desperta a necessidade de pensar o florestamento em áreas degradadas.

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Autor: Waliston Alves - estagiário de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Wikimedia Commons


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