Cuide da sua saúde com sorvete
Autor: *Karoline Albini Schast
Além de uma simples sobremesa, o sorvete representa tradição, inovação e prazer. No Brasil, a celebração do Dia do Sorvete, em 23 de setembro, é uma oportunidade não apenas de saborear essa delícia, mas também de refletir sobre sua história, sua diversidade, seus impactos na saúde e as formas de aproveitá-lo de maneira equilibrada e consciente.
O sorvete tem origem milenar, com registros de misturas de neve, leite e arroz na China por volta de 200 a.C. e preparos à base de neve, frutas e mel em Roma, no tempo do imperador Nero. Os árabes também influenciaram sua história com os “sherbets”, bebidas geladas de frutas e especiarias. Na Europa Medieval, especialmente na Itália e na Espanha, as técnicas foram aprimoradas até que, no Renascimento, surgiram receitas semelhantes às atuais. França e Inglaterra difundiram o consumo entre a nobreza, e, com a Revolução Industrial e a refrigeração, os Estados Unidos popularizaram o sorvete em larga escala.
No Brasil, o sorvete chegou no século XIX, restrito inicialmente às elites, mas com o passar do tempo foi incorporado ao cotidiano do país, combinando-se perfeitamente ao clima tropical e ao gosto popular. Com a evolução histórica, surgiram diversas variações do sorvete, cada uma com características próprias que atendem a diferentes preferências e necessidades alimentares.
O sorvete tradicional, é produzido à base de leite, creme de leite, açúcar e, muitas vezes, ovos, apresentando uma textura cremosa e sabor intenso graças ao teor de gordura do leite. O gelato italiano, por sua vez, possui menos gordura e menor incorporação de ar, o que resulta em uma consistência mais densa e sabor mais pronunciado, devido ao uso de ingredientes mais concentrados e purificados. Já o sorbet é feito sem leite, apenas com água, açúcar e frutas, sendo uma alternativa leve, refrescante e adequada para quem não consome derivados lácteos.
O frozen yogurt, feito com iogurte e leite, é considerado uma versão mais leve e, dependendo do processo de produção, pode até fornecer probióticos benéficos à saúde intestinal. O picolé, por sua praticidade e frescor, tornou-se especialmente popular no Brasil, enquanto o sorvete vegano, produzido a partir de leites vegetais e frutas, atende ao público com restrições alimentares e ao crescente movimento plant-based. Além desses, o soft serve, caracterizado pela textura aerada obtida diretamente da máquina, é outra forma bastante apreciada, especialmente em redes de fast food.
O consumo de sorvete pode trazer alguns benefícios à saúde, sobretudo quando feito com moderação e a partir de ingredientes de qualidade. Por ser rico em carboidratos simples, ele fornece energia de rápida absorção, o que pode ser útil em situações de prática esportiva ou em momentos de necessidade de reposição energética. Sorvetes à base de leite oferecem ainda proteínas, cálcio, fósforo e vitaminas do complexo B, nutrientes importantes para a saúde óssea e metabólica. O frozen yogurt, quando preserva suas culturas vivas, pode trazer os benefícios dos probióticos, contribuindo para a saúde intestinal e imunológica. Além desses aspectos nutricionais, o sorvete tem um papel importante na dimensão emocional e social da alimentação, já que está diretamente relacionado à sensação de prazer. A liberação de dopamina durante o consumo proporciona bem-estar, e o ato de compartilhar essa sobremesa em família ou com amigos reforça vínculos e memórias afetivas.
No entanto, é preciso considerar também os malefícios e riscos do consumo em excesso. Muitos sorvetes industrializados contêm elevadas quantidades de açúcar, contribuindo para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Além disso, a presença de gorduras saturadas e, em alguns casos, de gorduras vegetais hidrogenadas pode impactar negativamente a saúde cardiovascular. Outro ponto a ser considerado é que sorvetes ultraprocessados costumam ser ricos em calorias vazias, fornecendo energia sem densidade nutricional significativa.
Mesmo diante desses aspectos negativos, é possível celebrar o Dia do Sorvete de maneira saudável. Uma das melhores estratégias é optar por versões artesanais ou caseiras, que permitem o controle dos ingredientes e a redução do açúcar adicionado. Sorvetes feitos a partir de frutas congeladas, como banana, manga ou morango, podem ser preparados facilmente em casa, dispensando adoçantes adicionais e garantindo uma sobremesa nutritiva e refrescante.
Outra alternativa interessante são os picolés à base de sucos ou polpas de frutas naturais, ricos em vitaminas e com baixo valor calórico. Para quem busca opções mais leves, versões produzidas com leites vegetais ou iogurtes desnatados podem atender ao paladar sem comprometer a saúde. O mais importante é manter a moderação nas porções, lembrando que o sorvete pode, sim, fazer parte de uma dieta equilibrada quando consumido de forma consciente.
*Karoline Albini Schast é nutricionista, especialistas em comportamento e fitoterapia. Professora do Bacharelado de Nutrição do Centro Universitário Internacional Uninter.
Autor: *Karoline Albini SchastCréditos do Fotógrafo: Rodrigo Leal e Pexels/Mike González


