Até 2027, 85% das empresas devem adotar trabalho híbrido no Brasil

Autor: Tatiane Brazilio*

O futuro do trabalho no Brasil já começou. Mais de 70% das empresas adotaram o modelo híbrido, que promete reduzir custos, aumentar a produtividade e reter talentos. Mas a transição ainda divide gestores e pode definir a competitividade das organizações até 2027. O Brasil vive um momento decisivo na definição de como serão as relações de trabalho na próxima década. Nos bastidores das grandes empresas, uma disputa silenciosa, mas determinante, tem ocupado espaço estratégico: a escolha do modelo de trabalho que irá prevalecer.

De acordo com pesquisa realizada pela McKinsey em parceria com a FGV (2025), que analisou 2.847 empresas brasileiras, 73% delas já implementaram o trabalho híbrido, mas apenas 31% consideram essa transição “totalmente bem-sucedida”. Entre as organizações que estruturaram bem seus processos, a economia média foi de R$ 847 mil por cada 100 funcionários, principalmente em custos com infraestrutura física. O mesmo estudo aponta que, nas empresas que investiram em tecnologias de colaboração e gestão remota, a produtividade cresceu 34%.

A tendência é clara e crescente: projeções indicam que até 2027, 85% das organizações brasileiras adotarão algum modelo flexível de trabalho, consolidando a expansão do híbrido mesmo em setores mais tradicionais. Ainda conforme a pesquisa da McKinsey, empresas que não resolverem essa transição até o final de 2025 podem enfrentar a saída de até 28% de seus talentos mais qualificados, que migrarão para concorrentes mais flexíveis.

Exemplos nacionais ilustram o impacto positivo do modelo híbrido. A Petrobras, ao reduzir seu espaço imobiliário em 47%, obteve uma economia anual de R$ 89 milhões, ao mesmo tempo em que aumentou em 41% a produtividade de suas equipes de engenharia. O Banco do Brasil, tradicionalmente resistente a mudanças, conseguiu elevar a satisfação dos colaboradores em 29% e reduzir custos em R$ 156 milhões ao adotar sua própria plataforma de gestão híbrida. Já a Localiza integrou a mobilidade urbana às suas políticas internas, oferecendo veículos compartilhados aos funcionários. Essa iniciativa gerou uma economia de R$ 34 milhões em benefícios e reduziu em 22% a emissão de carbono, mostrando que inovação e sustentabilidade podem caminhar juntas.

No entanto, ainda existe resistência. Segundo a McKinsey (2025), 27% das empresas brasileiras rejeitam os modelos híbridos, enfrentando custos operacionais 23% maiores e produtividade estagnada. A principal barreira é cultural: 67% dos gestores ainda associam presença física à produtividade, enquanto 54% deixam de investir em tecnologias capazes de dar suporte à nova forma de trabalhar. Essa postura gera impactos diretos, como aumento de 45% na rotatividade de talentos e perda de competitividade frente a concorrentes mais ágeis.

A discussão ultrapassa os aspectos financeiros. Um estudo do IPEA (2025) mostra que 72% dos trabalhadores em regime híbrido relatam melhora na saúde mental, com queda de 34% em licenças médicas relacionadas a estresse e burnout. Além disso, 31% afirmam ter conquistado maior equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Apesar disso, desafios persistem, como o isolamento relatado por 23% dos trabalhadores, o que reforça a importância de programas corporativos de integração e suporte psicológico, capazes de reduzir esses impactos em até 43%.

Diante desse cenário, é evidente que o futuro do trabalho no Brasil passa pelo fortalecimento do modelo híbrido. A questão já não é “se” esse formato se consolidará, mas “como” cada organização fará a sua transição. Empresas que resistirem terão custos mais altos, maior dificuldade de reter talentos e perda de competitividade em escala global.

O trabalho híbrido representa mais do que uma alternativa logística: é um divisor de águas nas relações de trabalho, na gestão de pessoas e na forma como o Brasil poderá competir no mercado internacional. Adotar esse modelo de forma estruturada significa não apenas acompanhar uma tendência, mas liderar um processo de transformação que pode gerar inovação, inclusão e bem-estar.

*Tatiane Brazilio é especialista em MBA em Desenvolvimento Humano para Estratégia e Inovação e professora nos cursos de pós-graduação em Recursos Humanos do Centro Universitário Internacional Uninter.

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Autor: Tatiane Brazilio*
Créditos do Fotógrafo: Pexels/Ron Lach


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