Uninter marca presença em evento nacional sobre inclusão e direitos das pessoas com deficiência

Autor: Madson Lopes - estagiário de jornalismo

A criadora e gestora do Serviço de Inclusão e Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (SIANEE) da Uninter, Leomar Marchesini Zuravski, foi uma das palestrantes do II Encontro Nacional do Comitê dos Direitos de Pessoas com Deficiência no Âmbito Judicial. Realizado em Brasília, nos dias 25 e 26 de agosto, o evento reuniu autoridades, especialistas e defensores dessa população de todo o país. 

Organizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o encontro contou com a participação efetiva de pessoas com deficiência e teve como foco a divulgação da Política Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência e do Protocolo para Julgamento sob a Perspectiva da Pessoa com Deficiência. 

A professora Leomar participou da construção deste protocolo ao lado de 66 especialistas e foi convidada a palestrar sobre o direito à educação. Vinte anos nessa área lhe garantiram propriedade para analisar o ingresso desse público nas universidades. Sua fala celebrou os avanços, que, segundo ela, se convertem em ganho absoluto para toda a sociedade: “Porque cada vez que avançamos na inclusão, a sociedade avança também, porque somos parte importante da sociedade”. 

Em dez anos, o número de pessoas com deficiência no ensino superior triplicou. Para recebê-las, a professora detalhou adaptações que precisam se tornar práticas automáticas, como a necessidade de tempo estendido para provas e entrega de trabalhos, a oferta de métodos alternativos para apresentações, como gravação de vídeos e questionários, além das mudanças no ambiente físico, como rampas, banheiros e bebedouros adaptados, entre outras. 

A palestra enfatizou ainda a necessidade de as universidades quebrarem todas as barreiras para alcançar a acessibilidade em ampla dimensão, sobretudo no que diz respeito a atitudes e comportamentos que garantam a diversidade e a igualdade de oportunidades para todos, promovendo essa cultura de inclusão. “Qual é a nossa missão na educação inclusiva no nível superior? É promover as condições compatíveis para que esse aluno possa realizar o seu curso com pleno domínio dos conhecimentos”, disse. 

Pioneira na inclusão

Leomar também destacou o pioneirismo da Uninter nas ações de inclusão,  uma vez que a instituição implementou o SIANEE em 2006, o núcleo atua na promoção de condições materiais, humanas e metodológicas que garantem plena acessibilidade. Na época, não havia precedentes a serem seguidos, já que a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU — um marco nessa luta e que seria lançado no mesmo ano — ainda não havia ocorrido, e a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) seria promulgada quase dez anos mais tarde, em 2015. 

A eficácia do SIANEE, de acordo com Leomar, só foi possível porque as pessoas para quem o núcleo foi criado foram ouvidas durante todo o processo de construção. “Temos que trabalhar promovendo a acessibilidade, mas, antes de tudo, sabermos do aluno o que ele necessita”, disse. 

Um exemplo foi quando duas pessoas cegas se matricularam na Uninter naquele mesmo ano. Para recebê-las, a equipe reorganizou os espaços e, de imediato, trabalhou na aquisição de equipamentos especiais, como uma impressora Braille. Ferramenta indispensável, pensaram, já que possibilita a produção de documentos, gráficos e partituras em Braille por meio da impressão de pontos em relevo no papel. 

“No primeiro dia que eles foram à aula, eu sentei do lado deles e disse para um deles, o Ricardo José de Lima, um campeão, professor de informática: ‘Ricardo, eu quero que você me diga o que vocês precisam’. E ele me respondeu muito sério: ‘Professora, só não me venha com Braille’”, recordou sorridente. O relato demonstra a importância de que a inclusão seja feita a partir do reconhecimento das necessidades e objetivos dos estudantes. 

Mesmo sendo uma ferramenta essencial para a educação de pessoas cegas, na ocasião aqueles alunos queriam ingressar na faculdade de modo que não se tornassem o centro das atenções. Para Leomar, acolher esses desejos faz parte da construção de uma cultura inclusiva. “Porque não há dois surdos iguais, dois cegos iguais, eles têm necessidades diferentes. Então, nós temos que saber da pessoa o que ela precisa. É assim que nós fazemos esse trabalho no SIANEE da Uninter”, finalizou. 

Incorporar HTML não disponível.
Autor: Madson Lopes - estagiário de jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Acervo pessoal e reprodução Youtube


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *