Pesquisadores alertam que tecnologia na educação exige formação crítica, não apenas acesso

Autor: Yasmin Guedes da Silva - estagiária de Jornalismo

Em uma mesa redonda transmitida na manhã desta quarta-feira (27), pesquisadores discutiram os caminhos para integrar a tecnologia à educação de forma ética e humanizadora. O debate “Relações entre Educação, Tecnologia, Humanismo e Ética” foi mediado pelo professor e doutor Luís Fernando Lopes e contou com as palestras da professora e doutora Rayane Regina Scheidt Gasparelo e da aluna de Filosofia da Uninter, Aline Ferreira Pfeil. A transmissão ao vivo foi realizada pelo canal Pesquisas e Publicações Acadêmicas da Uninter no YouTube.

“A tecnologia é um existencial humano, nós produzimos a nossa existência também a partir daquilo que nós criamos”, definiu o mediador Luís Fernando Lopes. Como referência de pesquisa, o professor cita o filósofo Álvaro Vieira Pinto para fundamentar a concepção de educação como um processo de humanização. A contribuição de Vieira Pinto explica que esse processo não é uniforme e está ligado à dimensão tecnológica e, por consequência, à econômica. Para ele, a efetivação de um projeto educacional depende criticamente dos recursos e da infraestrutura que a base econômica de uma sociedade pode fornecer.

A professora Rayane Gasparelo argumentou ser necessário romper com a visão que reduz as tecnologias a meros artefatos técnicos e esvazia seu potencial transformador. Ela propôs uma reflexão baseada em pesquisas sobre políticas públicas, formação docente e a compreensão das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) nas escolas, ressaltando a desconexão entre a disponibilidade de equipamentos e seu uso efetivo e significativo em práticas educacionais. “As tecnologias digitais não podem, não devem se limitar à adoção de novos equipamentos e sim representar uma mudança paradigmática na organização do ensino”, concluiu. Rayane enfatizou a importância de princípios que orientem um uso assertivo e formativo das tecnologias, evitando assim sua utilização de forma alienante no ambiente escolar.

Em consequência, a professora apontou que programas como o Plano Nacional de Educação, o Programa de Inovação Educação Conectada, a Base Nacional Comum Curricular e a recente Política Nacional de Educação Digital, embora importantes para a infraestrutura, pecam ao não promoverem um uso pedagógico consistente e crítico. “Ainda há uma carência de defesa e posicionamento consistente sobre as tecnologias enquanto elemento fundamental no contexto educativo”, criticou a pesquisadora. Ela também defendeu o papel do professor como um mediador essencial: “Como que eu faço o filtro dessas informações percebendo se elas têm o caráter científico ou não? Então, aí é nesse viés que nós vamos atuar enquanto mediadores”.

A perspectiva discente e filosófica foi apresentada pela aluna Aline, que atua há três anos no programa de iniciação científica. Ela comentou sobre sua pesquisa orientada pela teoria de Theodor Adorno, que aborda os “desafios éticos da questão da emancipação relacionada à tecnologia”, focando em problemas contemporâneos como a lógica tecnicista e a desinformação. E ainda destacou a importância da iniciação científica para unir a teoria à prática: “É importante essa iniciativa da Uninter também para a gente ter uma visão um pouco maior sobre como esse processo é feito, como a gente lida com a pesquisa.”

A ética, terceiro pilar da discussão, foi abordada a partir do “imperativo da responsabilidade” do filósofo Hans Jonas, citado pelo professor Luís Fernando: “Aja de tal maneira que não coloque em risco a existência de uma vida autenticamente humana no planeta, no futuro”. Esta visão exige que as ações tecnológicas presentes considerem seu impacto nas gerações futuras, alinhando-se ao tema do ENFOC 2025: “Ciência, Tecnologia e Inclusão: Desafios e oportunidades para um futuro sustentável”.

A mesa redonda serviu ainda para divulgar as produções do grupo de pesquisa, incluindo uma nova obra em organização que aborda contribuições para a formação de professores. O evento reforçou a necessidade de um debate contínuo e aprofundado que una a inovação tecnológica a uma base ética e humanista sólida, essencial para os desafios educacionais do século XXI.

O ENFOC 2025 segue com transmissões ao vivo até sexta-feira (29), em diversos horários, no canal do YouTube do Setor de Pesquisa e Publicações Acadêmicas da Uninter.

Confira esse importante debate completo, na íntegra, disponível no YouTube.

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Autor: Yasmin Guedes da Silva - estagiária de Jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Reprodução/YouTube


1 thought on “Pesquisadores alertam que tecnologia na educação exige formação crítica, não apenas acesso

  1. O uso da tecnologia como ferramenta didática, deve ser contemplada nos componentes curriculares, de forma humanizada e ética, na formação de pessoas conscientes e responsáveis para a prática digital educativa.

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