Aluno da Uninter tem obra premiada no 70º Salão de Belas Artes de Piracicaba

O aluno de bacharelado em Artes Visuais no polo da Uninter em Rondonópolis (MT), Maike Moreira foi premiado no 70º Salão de Belas Artes de Piracicaba, uma das mais longevas e tradicionais mostras de artes visuais do país. A premiação aconteceu na última sexta-feira (01/08). 

Com “A Benzedeira”, Maike conquistou o prêmio ‘Aquisitivo’. Agora sua obra selecionada fará parte do acervo da Pinacoteca Municipal Miguel Dutra, que abriga quadros de artistas importantes nacionais e internacionais. Só no último ano, o local recebeu mais de 56 mil visitantes e 12 exposições. Compor as vitrines da Pinacoteca para o mato-grossense que há 11 anos trabalha para despontar no cenário artístico brasileiro é motivo de celebração. 

“Essa conquista é muito significativa por ela ser minha primeira premiação em salão de arte. Lembro de toda minha trajetória, dos problemas enfrentados pelos caminhos, da falta de perspectiva que bate à porta enquanto sonho em ser um artista visual reconhecido e então vejo que tudo não foi em vão”, comemora Maike. 

Segundo a Prefeitura de Piracicaba, a mostra recebeu 639 inscrições nesta edição. Destas, 69 artistas foram selecionados e 110 obras escolhidas pela comissão julgadora que, como critério de seleção final, avaliaram técnica e força conceitual. 

Maike inscreveu cinco obras. Quatro delas foram selecionadas virtualmente para avaliação presencial dos jurados. E após a peneira avaliativa, duas de suas obras foram escolhidas para compor a exposição: “A Conquista do Poder”, produzida com tinta óleo sobre tela de tamanho 100×80 cm, e a “A Benzedeira”, tinta óleo sobre tela de tamanho 50×40 cm. 

O Salão de Belas Artes de Piracicaba é uma mostra anual promovida pela Secretaria Municipal da Cultura de Piracicaba e Pinacoteca Municipal Miguel Archanjo Benício D’Assumpção Dutra. As obras selecionadas nesta edição ficarão em cartaz até cinco de outubro de 2025. A entrada é gratuita. 

Imortal cultura afro 

“A Benzedeira”, que agora irá compor o acervo da Pinacoteca, apresenta a imagem de duas mulheres e uma criança. Uma das mulheres retratadas na pintura está com um ramo de folhas em sua mão, em pé, e a outra sentada com uma criança de colo. É possível perceber que a mulher em pé é preta, a que está sentada é parda, e a criança é branca. Isso não se deve ao acaso artístico, como nada que Maike se dispõe a fazer. Ele aponta que o quadro foi inspirado na famosa obra do artista espanhol Modestos Broco chamada A Redenção de Cam — que trata sobre as teorias raciais do século XIX, em especial o conceito de branqueamento da população através da miscigenação. 

Segundo o artista, a cultura afrodescendente perpetua após e apesar das misturas dos povos, tanto as voluntárias quanto a miscigenação resultada dos processos forçados de branqueamento pelos quais afrodescendentes foram submetidos ao longo da história. “Minha obra fala sobre a continuação da cultura afrodescendente por meio de suas tradições como é o caso do benzimento, ou seja, mesmo que houvesse um ‘embranquecimento’ a cultura afro jamais deixaria de existir, pois, suas tradições permaneceriam por muito tempo em nosso meio”, explica. “Portanto, podem matar o corpo, mas o espírito é imortal”. 

Na reta final de sua graduação, o artista avalia que seu conhecimento teórico adquirido no decorrer do curso tem contribuído para as conquistas no campo da arte; em 2021, suas obras também foram destaques no 26º Salão Jovem Arte . “[O curso] tem agregado muito nessa trajetória, pois tenho um amparo teórico excelente nas disciplinas estudadas, além disso, tenho professores capacitados que auxiliam muito nos processos de produção de arte”, diz. 

Animado com a recente conquista, o artista de 42 anos agora busca criar uma exposição individual em sua cidade Rondonópolis, onde seu trabalho é amplamente conhecido. “Essa premiação me motiva a continuar nesse caminho que estou trilhando, de estudos, pesquisas, aprendizados, produções e vivências no campo da arte”. 

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Autor: Madson Lopes - Estagiário de Jornalismo
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do Fotógrafo: Acervo pessoal do artista