Tecnologia é essencial para um novo formato de museu?

Autor: Danielly Dias Sandy*

Há alguns anos já se falava em repensar o papel e a estrutura funcional dos museus, inclusive com propostas para uma nova definição, segundo o Conselho Internacional de Museus (ICOM). Podemos considerar que isso sempre ocorre, sobretudo porque a museologia é também reconhecida como uma ciência em construção e não apenas como disciplina aplicada. Vale destacar que os desdobramentos da museologia acompanham as mudanças e singularidades de cada período da história e também dos diferentes grupos sociais.

Desde a proposição de uma nova museologia, que veio à baila no grande evento da Mesa Redonda de Santiago do Chile, em 1972, esse campo ainda não voltou a questionar o seu papel de uma forma tão contundente como no momento atual. No entanto, o fechamento dos museus devido a necessidade de isolamento social ocasionada pela pandemia mundial, escancarou a necessidade de os museus repensarem com maior impulso o seu papel junto à sociedade. E com isso, os museus precisam se instrumentalizar de maneira adequada frente as necessidades atuais.

Com as portas fechadas, infelizmente muitos museus do mundo todo tiveram que despedir parte de seus funcionários sendo que outros nem mesmo voltarão a abrir as suas portas ao público. De qualquer forma, pode ser observado um grande movimento na web apontando que, mesmo com o edifício fechado, várias instituições permaneceram trabalhando e, o que é mais importante, interagindo com os diferentes grupos de uma forma acessível, cultural e afetiva.

Sem dúvida isso trouxe maior visibilidade aos museus que procuraram interagir de alguma forma, propondo atividades lúdicas, apresentando lives de mediações, organizando webnários, entre outros eventos. As redes sociais se tornaram palco para essas ações permitindo que o público visse os museus de uma outra forma, reconhecendo que o seu valor extrapola até mesmo a materialidade de seus bens culturais. Isso contribui para que a população tenha conhecimento acerca da imprescindibilidade de se preservar a memória, conhecer sua própria cultura e história, fortalecer a identidade e mais, sendo que isso pode ser alcançado a partir da realização de visitas a museus – de forma física ou virtual.

Alguns museus já vinham buscando fazer uso da tecnologia em suas plataformas ou sítios de internet, oferecendo visitas virtuais em 360º de exposições diversas e de seus espaços museológicos. Todavia, pode ser observado que essa solução já não atende mais às necessidades do público que naturalmente busca conhecer ainda mais sobre essas instituições e sua história. Os museus precisam de fato se aprofundar nas inúmeras possibilidades de interação proporcionadas pelas redes sociais e principalmente dos avanços tecnológicos para além da preservação de seus acervos.

Hoje os tours virtuais permitem acesso aos museus do mundo todo, possibilitando também a visualização de coleções e acervos inteiros até com auxílio de áudio guia. Logo, repensar os museus nesse momento pode ser, além do mais, reconhecer a necessidade de que esses precisam se preparar tecnologicamente para o presente e o futuro reconhecendo o seu papel também como instituição de lazer e entretenimento. E com isso estreitar as relações com o público a partir de ações ativas e extramuros.

* Danielly Dias Sandy é museóloga, mestra em Museologia, professora da área de linguagens cultural e corporal nos cursos de licenciatura e bacharelado em Artes Visuais da Uninter.

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Autor: Danielly Dias Sandy*
Créditos do Fotógrafo: Louvre Virtual/Reprodução


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