Objetos exóticos do Universo

Autor: Hugo Henrique Amorim Batista (*)

Quando nos referimos a Astronomia e Astrofísica, diversos objetos diferentes surgem como improváveis, porém todos eles têm algo distinto em relação ao que conhecemos. Todos eles podem ir além da nossa imaginação e, em diversos casos, além do que a ciência previa.

Um desses objetos são as estrelas de Nêutrons. Após o colapso de uma estrela, por intermédio de uma supernova, o núcleo dessa estrela degenerada se contrai e as forças nucleares se sobressaem em relação à força de repulsão elétrica dos prótons no núcleo atômico, tocando efetivamente núcleo com núcleo, convertendo prótons em nêutrons, causando o que chamamos de neutralização.  A matéria se compacta tanto que, segundo estimativa, uma colher de sopa de uma estrela de Nêutrons pesaria a massa da Lua (7.1022 kg). Seus campos magnético e gravitacional na superfície resultam na perda de pouca energia (radiação eletromagnética) que escapa da sua superfície na forma de feixes com a direção do eixo magnético norte-sul, que a torna detectável como pulsar. Esta também pode girar muito rápido, com um período de rotação que pode alcançar milésimos de segundo, devido ao colapso do núcleo e preservando a conservação do momento angular.

A estrela de Nêutrons de rotação mais rápida conhecida é a PSRJ1748-2446ad, que gira a uma taxa de 716 vezes por segundo. Também temos um tipo especial de estrela de Nêutrons, a Magnetar, que possui um forte campo magnético estimado em um bilhão de teslas (esse campo magnético intenso destruiria um cartão bancário em uma distância superior a quatro vezes a distância da Terra-Lua), além de possuir como característica principal a alta emissão de raios X e raios gama.

Ainda falando de estrelas de Nêutrons, um sistema binário com duas estrelas orbitando um núcleo em comum era estimado como impossível. Porém, em 25 de abril de 2019, o pessoal do LIGO (sigla em inglês para Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser) captou o que parecia ser ondulações gravitacionais de uma colisão de duas estrelas de Nêutrons. Essa colisão não gerou qualquer luz, mas sim um objeto com uma massa extraordinariamente alta (cerca de 3,4 vezes a massa do Sol compactada em uma cidade do tamanho de Curitiba).

Mesmo sabendo que os “buracos negros” representam a morte definitiva de uma estrela massiva, a Academia Real de Ciências da Suécia classifica os buracos negros como “um dos fenômenos mais exóticos do Universo”. Não se sabe ao certo como ocorre a sua formação, mas supõe-se que seja a partir do colapso gravitacional de uma estrela de Nêutrons densa. Sua formação e pesquisas renderam o Prêmio Nobel de 2020 de Física a Roger Penrose, Reinhard Genzel e Andrea Ghez. O comitê avaliou o trabalho de Roger por fazer uso de métodos matemáticos engenhosos em sua prova de que os buracos negros são uma consequência direta da teoria geral da relatividade de Einstein. Outra descoberta, na verdade, é a observação do movimento das estrelas ao redor de algo extremamente massivo no centro da nossa galáxia.

Quando você se deparar em uma noite clara, realizando observações do resplendor das estrelas, pense que, mesmo após milênios de observação, o Universo ainda tem mistérios que se preservam ocultos e que, aos poucos, com avanço da ciência, vamos desvendando cada vez mais esses incríveis mistérios.

*Hugo Henrique Amorim Batista é licenciado em Física e Matemática, especialista em Educação. Docente da área de Exatas do Centro Universitário Internacional Uninter.

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Autor: Hugo Henrique Amorim Batista (*)


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