O rio mata quem mata o rio

Os professores dos cursos de licenciatura da  Uninter estão tirando os alunos da sala de aula. No mês passado, uma equipe multidisciplinar percorreu o Rio Belém, em Curitiba, da nascente à foz. O propósito era identificar “O que mata um rio urbano”. Dessa vez, o grupo de alunos e professores ouviu o urbenauta Eduardo Fenianos sobre as suas expedições pelos rios curitibanos.

Fenianos denomina-se um urbenauta. “Urbe” de urbano e “nauta” de navegante. “Resolvi fazer uma coisa mais pobre. Astronauta rico vai para a Lua, o ubernauta vai pra rua”, diz. A ideia surgiu da constatação de que muitas vezes não conhecemos nem sequer as ruas próximas de onde moramos.

Fenianos dividiu suas expedições em duas partes, “a selva” e “a selva de pedra”. Na primeira parte, o objetivo era navegar os cinco maiores rios de Curitiba:  Atuba, Iguaçu, Passaúna, Belém e Barigui. Esses rios chegam a uma extensão de 216 km e formam a bacia de Curitiba. E a segunda parte era conhecer as ruas da cidade.

As expedições de Fenianos revelam o desafio de sobreviver na selva de pedra. “Saber viver com aqueles que dividem o espaço e ver como estamos tratando a natureza”, assim ressume o ubernauta. “Navegando pelo Rio Atuba, você pode até construir uma casa com os objetos jogados ali”, observa Fenianos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população mundial vivem em locais com índices nocivos de poluição. Ao todo, são sete milhões de mortes por ano causadas sobretudo pela alta concentração de partículas que causam várias doenças. Como parte dessas condições ambientais, o rio devolve o que recebe. Assim, não é difícil compreender que o rio mata que o mata.

Também presente no encontro da Uninter, Narali Marques, da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba, explicou que existem projetos de educação ambiental desenvolvidos dentro das escolas do município com as crianças, voltado para a comunidade. Os alunos da educação infantil visitam os rios da capital paranaense. “Nós, moradores, é que estamos jogando o lixo, e quando a criança vê, faz ela ter uma reflexão”, comenta Jaqueline Albanese, aluna de Pedagogia na Uninter.

Para a coordenadora do curso de Geografia da Uninter, Renata Garbossa, o projeto pensa na integração entre as disciplinas de estudo. Aliar a teoria e a prática, já que esses alunos de graduação são formadores de opinião. “O Eduardo tem um trabalho muito forte nas bacias hidrográficas, no qual os professores já vêm trabalhando com vocês”, afirmou a coordenadora. Além de dar continuidade ao projeto, o seminário questionava: será que existem alternativas? É a resposta a esse questionamento que os estudantes devem estar em busca.

Evandro Tosin - Estagiário de Jornalismo

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